Autora: Anne Santos
Às vezes é preciso apenas saber tocar na Clave de Sol do coração de uma pessoa para poder compreendê-la por completo.
Como dizem os grandes pensadores: “O amor é a melhor música na partitura da vida, sem ele você será um eterno desafinado nesse imenso coral do coração”.
Como dizem os grandes pensadores: “O amor é a melhor música na partitura da vida, sem ele você será um eterno desafinado nesse imenso coral do coração”.
Sinopse
A trama conta a história de Lucy, uma garota que se muda para Los Angeles na tentativa de superar os traumas do passado e seguir em frente. Com a ajuda do marido da sua tia, ela consegue um emprego em um restaurante e acaba conhecendo em uma ocasião inesperada o filho do dono, Michael Jackson, e não sabe ela que esse encontro é apenas o início de uma nova história.
Capítulo 1 - Piloto
Lucy
Desembarquei no
aeroporto internacional de Los Angeles às 16h37min. Decidi residi na cidade
depois de um grave acidente que aconteceu há um ano e meio atrás. Eu e o meu
namorado tínhamos conseguido o primeiro lugar de uma competição musical muito
importante em Atlanta e estávamos felizes, muito felizes, só que a felicidade
durou pouco quando, na volta o carro capotou, e apenas eu consegui escapar
desse terrível acidente.
Nem com o passar do tempo eu conseguia esquecer como tudo
aconteceu, e passou a ser um trauma pra mim. Até àquela noite, o Brad e a música
eram as únicas coisas que me faziam bem, mas isso acabou e eu prometi a mim
mesma que nunca mais pegaria em um microfone e soltaria a minha voz e muito
menos tocaria algum instrumento. Nunca mais. E para dá um rumo diferente a
minha vida, eu me mudei para Los Angeles. Quem sabe arrumar um emprego me ajudaria a
esquecer tudo isso.
Estava perdida no meio daquelas
pessoas andando pra lá e pra cá no aeroporto, foi aí que ouvi uma voz me
chamar.
— Rose. — Bem, eu não a chamava
de tia a pedido dela, pois ela disse que se sentia velha demais. Então ta!
Apesar do peso que minhas malas
possuíam, eu corri até ela e a abracei forte.
— Lucy, como você mudou menina.
— Rose disse quando desfizemos o abraço. Ela estava me analisando dos pés à
cabeça. — Está linda.
— Que isso Rose, não mudei em
nada. — Eu disse um pouco envergonhada. Elogios bons me deixavam assim, sem
jeito, até mesmo vindo de familiares.
— Mas você está bem? — Ela
perguntou.
—Estou levando. Ficarei melhor.
— Eu disse.
— Tenho certeza que sim. Agora vamos, você deve está muito cansada.
— Ela disse e pegou uma das minhas malas. — Está pesada hein, o que tem aqui? — Indagou quando já estávamos andando em direção ao seu carro.
— Ah, coisas tipo... Roupas, acessórios,
essas coisas. — Eu respondi.
— Ah sim, por um momento pensei
que você estaria carregando um piano aqui dentro. — Ela brincou e eu senti isso
como uma lembrança ruim dos meus tempos de música.
— Rose, você sabe que eu não
toco mais. — Eu sibilei, com a voz abatida ao me lembrar do juramento que fiz a
mim mesma de nunca mais tocar e cantar.
Ela lançou um olhar pra mim de pena
e deu aquele sorriso fino, sem mostrar os dentes.
— Tudo bem, Lucy. Eu não
esqueci. — Ela disse e entramos no carro em silêncio. — Mas você sabe o que eu
acho sobre isso! — Exprimiu sem olhar pra mim e deu partida, rumo a sua casa
onde passou ser a minha também a parti daquele momento.
(...)
Quando chegamos na minha nova
casa, Rose logo me levou até o quarto e disse para me sentir à vontade. Na
verdade aquilo era muito novo pra mim e não teria como eu me sentir à vontade
assim de cara. Iria demorar bastaste para isso acontecer.
Entrei e joguei as malas em um
canto qualquer do cômodo, deitei na cama confortável que havia no canto da
parede do quarto, e lá mesmo fiquei pensando nas coisas que poderiam ter
acontecido se ele estivesse vivo. O Brad. Ele era tudo pra mim, eu o amava
tanto e acho que era por isso a dor persistia dentro de mim.
Levantei-me, fui até uma de
minhas malas, peguei uma foto dele que havia levado comigo dentro do bolso
menor da mala e passei a acariciar a foto. Logo uma lágrima de saudade e
solidão escorreu sobre a minha face e pingou na mesma. Deus, como isso doía
tanto. Voltei a deitar novamente, abracei a foto e fiquei por horas naquela
posição deixando que os devaneios invadissem a minha mente.
“— Promete que é pra sempre, que nunca vamos
nos separar. — Eu disse para o Brad depois de mais uma noite de amor.
Ele olhou pra mim serenamente e tomou
meus lábios com um beijo terno e apaixonado.
— Eu prometo amor. — Disse quando
largou os meus lábios e segurou meu rosto com as duas mãos. — Eu te amo e nunca
te deixarei sozinha. — Concluiu e depositou mais um beijo nos meus lábios.
(...)”
Como eu iria esquecê-lo?
Fizemos juras de amor e agora estava tudo acabado. E a parte de que nunca
iríamos nos separar? Que nunca iria me deixar sozinha? Cadê?! O destino foi
muito cruel comigo quando me tirou a última pessoa que mais se importava
comigo.
— Lucy, vamos jantar? — Rose
perguntou quando colocou a cabeça na porta do meu quarto tirando-me dos meus
devaneios.
Droga! Ela
não poderia ver a foto do Brad. Então eu logo escondi antes que isso
acontecesse.
— Tá bem, já vou descer. —
Respondi e ela saiu.
Eu não desci com ela porque se
ela me pegasse com uma foto do Brad nas mãos iria começar a dar um discurso
assim como fazia pelo o telefone do tipo: “Você
tem que esquecê-lo querida; você tem que viver a sua vida agora; tem que seguir
adiante...” e bla bla bla. Está bem, seu sei que isso tudo faz sentido, mas
eu ainda não estava preparada para esquecê-lo, ele foi meu primeiro amor e
sempre estava ao meu lado. Como eu iria esquecê-lo depois de tudo o que
vivemos?
Eu era muito passível, mas não
era daquelas pessoas que corria com medo das coisas, no momento eu só não
conseguia esquecê-lo, talvez fosse por isso que ainda sofria quando me lembrava
dos nossos momentos. Continuava de pé na esperança de que um dia a vida me
surpreendesse; me desse uma nova chance, em fim... Eu só queria superar tudo
isso.
Guardei a foto do Brad debaixo
do travesseiro, vesti um short, uma camiseta, um chinelo e desci para a cozinha
onde estava a Rose e o Mario, seu marido.
— Olá Lucy. —Mario me cumprimentou assim que eu entrei na cozinha.
— Oi Mario. — Forcei um
sorriso.
— Sente-se querida. — Rose me indicou a cadeira ao seu lado, e eu sentei. — Coma. Está uma delícia
esse arroz.
— Claro, fui eu quem fez. —
Mario disse divertido e finalmente achei graça de alguma coisa nesses últimos
dias. Eu ri baixinho.
Peguei um prato e comecei a me
servi do arroz com tudo dentro, e realmente parecia está uma maravilha pelo o
cheiro. Em seguida peguei um copo e derramei o suco de laranja dentro. Meu
preferido.
Ficamos conversando sobre
várias coisas. Sobre a viagem, como foi, sobre meus estudos, em fim, falamos de
tudo, exceto do Brad.
— Mas e ai Lucy? Pretende fazer
o que agora? — Mario perguntou quando começou a tirar a mesa.
— Eu pretendo arrumar um
emprego, só não sei como e por onde começar. —Respondi.
— E o que você sabe fazer além
de cantar? — Rose lhe lançou um olhar mortífero, sabendo que
aquele tipo de conversa mexia comigo. — Ah, desculpe.
— Não, tudo bem! — Eu sorri de
lado. — Mas em fim, eu sei... É... Arrumar, limpar. — Eu disse um tanto
brincalhona.
— Arrumar? Limpar? — Rose
arqueou as sobrancelhas em conjunto.
Bem, na verdade trabalhar como
faxineira não era muito bem a minha praia, — e isso era bem evidente —, mas
como cantar estava fora de cogitação, eu aceitaria tudo, até mesmo limpar.
— Sim, são trabalhos honestos
como os outros. — Respondi. Virei-me para o Mario e perguntei: — Mario, você
sabe onde estão precisando de funcionários?
— Olha querida, eu posso te
levar no restaurando onde trabalho. Pelo o que me parece, estão pretendendo
contrata mais uma garçonete.
— Ótimo! E quando me levará?
— Amanhã mesmo. Quanto antes
melhor. Levarei você diretamente até o Sr. Jackson e com certeza ele te dará a
vaga querida.
— Mas de quem você está
falando? Do pai ou do filho? — Rose indagou e um vinco rígido formou-se na
sua testa.
Pai
ou o filho? Como assim? — Meu subconsciente não tinha entendido essa.
— Claro que do pai né mulher. —Mario salientou. — O Michael não aparece desde que a sua namorada o deixou. —
Concluiu.
— O que?! — Rose perguntou
incrédula com o que Mario disse. — A Sara o deixou? Mas por quê? — Estava de
boca aberta esperando Mario responder.
— Porque ela...
— Ei, ei, ei? — Chamei a atenção
dos dois. — Eu ainda estou aqui ok? — Acenei ridiculamente. E eu lá queria
saber de quem deixou quem e muito menos o porquê.
Eles me olharam imediatamente.
—Rose, pra que ficar fofocando
da vida dos Jacksons? — Mario fez um biquinho de
reprovação.
— O que?! — Rose Esbugalhou
seus olhos ao perceber que Mario queria dizer que ela era fofoqueira. — Você
quem começou.
— Nada disso. Você sempre
fica...
Eu olhava para um e depois para
o outro, escondendo o sorriso que queria sair ao vê aqueles dois discutindo
tranquilamente por uma coisa banal. Eles eram divertidos.
(...)
Capítulo 2
Lucy
No dia seguinte, exatamente às 14h00min da tarde, eu estava
pronta para ir até o restaurante com o Mario no intuito de trabalhar por lá
mesmo.
— Lucy querida, o Mario está
lhe esperando? — Gritou Rose no pé da escada impaciente com a minha demora.
—Espera, já estou indo! —
Urrei. Odiava quando alguém me apressava.
2 minutos depois já estava
pronta para ir até o tal restaurante com o Mario.
Desci as escadas e Rose me
olhou dos pés à cabeça e com um vinco rígido na testa.
— O que? — Perguntei sínica.
Sabia por que ele me olhava assim.
— Pra onde você assim? Vão ver
de cara que você não é garçonete. — Ela disse.
— É só o que eu tenho no meu
armário para o dia. — Dei de ombros.
Bom, a maioria das minhas roupas
eram todas assim, jaquetas de couros, calças jeans com detalhes, blusas bem
modeladas, botas de couros, em fim.
Arqueei as sobrancelhas olhando
pra ela e ela balançou a cabeça rindo baixinho.
— Agora vá que Mario está
esperando?
— Cadê ele?
— Está no carro.
Cheguei mais perto dela, dei um
beijo na sua bochecha e saí.
Entrei dentro do carro de Mario e ele ficou me olhando de cenho franzido.
Pronto,
outro! — Minha mente gritou.
— O que foi você também Mario?
Vai dizer que estou arrumada demais? — Perguntei revirando os olhos.
Ele ergueu as mãos se rendendo e
riu.
— Calma garota, eu não disse
nada! — Defendeu-se com uma risada nítida.
— Desculpe! — Me desculpei.
Percebi que estava sendo um pouco grossa com uma pessoa que estava me ajudando.
— Podemos ir?
— Vamos! — Assentiu e deu
partida.
(...)
Em menos de meia hora chegamos no
restaurante que levava o nome de Well’s Diner. Entramos pelas portas dos fundos
e logo dois rapazes vieram falar com o Mario.
— E aí rapazes? — Mario os
cumprimentou.
— E aí Mario. Olha, o Sr. Jackson quer falar com você. — Um deles disse e começou a me fitar.
Cruzei os braços e fechei a
cara.
— Ok, eu preciso falar com ele
também. — Mario disse. — Lucy, você espera aqui que eu já volto. — Eu assenti.
— E vocês, tirem o olho da Lucy. — Ele completou e eu fiquei vermelha com aquilo.
Os rapazes rapidamente voltaram ao trabalho sem olhar pra mim.
Sentei-me em um banco da
cozinha que tinha e fiquei calada durante uns 5 minutos no máximo até o Mario
voltar.
— Lucy, vem aqui, por favor. —
Ele me chamou e eu o segui pelo um corredor que deu até uma sala enorme e
bonita. Entramos na mesma e lá havia um Sr Moreno analisando alguns papeis,
logo parou e nos olhou.
— Sr. Jackson, essa é a minha
sobrinha. — Mario me apresentou e o Sr. Ficou olhando pra mim por alguns
segundos, até que soltou a caneta e se aconchegou mais na cadeira de couro que
estava sentado.
—Pode nos deixar sozinho Mario?
— Ele perguntou, Mario assentiu e saiu. — Sente-se querida, por favor. —
Indicou uma poltrona que havia em frente à mesa. Caminhei e sentei assim como
ele pediu. — Como se chama?
— Lucyana Adms, mas todos me
chamam de Lucy. — Respondi.
— Quantos anos você tem, Lucy?
— Vinte e um.
— Hum... Bastante jovem ainda. —
Ele disse com o dedo indicador sobre os lábios e o polegar sob o queixo. — O
que você sabe fazer Lucy?
Quando ele me fez a tal
pergunta, o que veio em minha mente de imediato foi cantar e tocar, também era
as únicas coisas que eu tinha feito na minha vida. Tá, mas como isso não estava
nos meus planos futuros, eu estaria disposta a tudo.
— Olha senhor, eu já trabalhei
em uma lanchonete por um bom tempo, e acho que me sairia bem como garçonete. —
Eu menti. Era muito difícil alguém empregar pessoas inexperientes e pôr para
trabalhar na sua empresa.
Ele começou a fazer outras
perguntas do tipo: Quanto tempo passou? Por que saiu? Por que quer trabalhar na minha empresa? Em fim, essas coisas de entrevistas, até que finalmente ele tomou
uma decisão.
— Quando pode começar? — Ele
perguntou.
— Se for preciso hoje mesmo. —
Eu disse e ele se agradou.
— Ótimo querida. Já vi que você
é disposta. Espero não me arrepender disso.
— Tenha certeza que não vai. —
Eu disse convicta. Dedicaria-me 100% ao emprego custe o que custasse.
— Então você pegará das 17h00min
até o fechamento. Ok?
— Tudo bem.
(...)
Como já era por volta das 16h30min
da tarde, decidi ficar e esperar dar o meu horário. Contei ao Mario e ele ficou
super feliz que o Sr. me aprovou e me contratou.
Ele fez um prato super
delicioso para eu comer, pois eu ficaria até o fechamento e precisava está bem alimentada
para o trampo.
Quando deu 17h00min horas, eu
já estava totalmente vestida com o uniforme, e os outros garçons me deram
algumas instruções que ajudaram bastante no meu primeiro dia, e confesso, não
foi tão ruim assim.
O restaurante era pequeno,
porém muito luxuoso e sofisticado. O ambiente era escuro, as mesas eram
quadradas no estilo Malta 90x90 castanho rufato. O teto tinha lâmpadas com o
design europeu e o chão era de revestimentos de cerâmicas importadas
porcelanosa. Era muito bonito. Mas havia um pedaço do restaurante que eu não
tinha conhecido. Era um palco, era obvio, estava coberto pela cortina enorme de
cor vermelha. Mas um palco?
— Ei Sharon? — Chamei a outra
única mulher garçonete que trabalhava lá. — O que há por trás daquelas
cortinas? — Estava curiosa pra saber.
— Ah, ali fica o piano do Michael, o filho do Sr.
Jackson e o resto dos instrumentos. — Ela respondeu.
Droga!
Onde foi que eu parei? — Gritei na minha mente.
— Mas porque aqui tem um piano?
— Voltei a questionar.
— Porque faziam apresentações
nos finais de semanas, os clientes gostavam.
— Gostavam? — Franzi o cenho.
— Deixaram de fazer depois que
a namorada dele o deixou e foi embora sem mais e nem
menos.
— Ah... — Uffa. Fiquei aliviada só de saber que não iria trabalhar em um
ambiente com música ao vivo. Seria um miserável atormento, por isso nem ousei
em chegar perto dali.
(...)
Uma semana já havia se passado
e eu estava indo muito bem no restaurante. Fiz amizades com os outros
funcionários, chegava em casa super cansada, tanto que nem pegava com tanta freqüência
mais a foto do Brad pra dormir, como sempre fazia. Finalmente estava me
distraindo um pouco.
— Hei Lucy, você vem? —
Perguntou Sharon. Vire-me e vi que ela já estava pronta pra ir embora.
— Ah não. Pode ir na frente,
tenho que limpar isso aqui. — Ela assentiu e foi embora.
Bem, o Mario largava cedo
porque ele pegava mais cedo, e como eu pegava mais tarde, ficava até fechar. Às
vezes eu ficava até tarde que só ficava eu dentro do restaurante e os
seguranças lá fora.
Estava terminando de limpar as
duas primeiras mesas que ficava perto do palco quando uma curiosidade bateu em
mim de saber como era por trás daquelas cortinas. Eu tentei evitar, mas meu
instinto de curiosidade falou mais alto e me levou até o primeiro degrau na
lateral da pequena escada que havia, puxei a corda lentamente e as cortinas se
abriram.
Nossa! Eu me impressionei,
fiquei maravilhada com o que estava vendo. Havia um belo piano de cor preta e
calda no centro do pequeno palco, e por trás havia um pequeno banco. Era lindo,
um dos melhores. No restante do espaço havia dois violões, detalhe: um deles
era de sete cordas. Também havia um contra baixo e um saxofone tenor. Cara, só
conseguia imaginar eu ali em cima fazendo o que eu mais amava no mundo.
Eu tinha prometido em nunca
mais tocar, e estava disposta a seguir com a minha promessa, mas quem iria ver?
Não tinha ninguém, exceto os seguranças. E mais, eu estava só curiosa.
Naquele momento eu não consegui
resisti, já fazia muito tempo que não tocava e nem cantava nada, minhas mãos
estavam fervendo para tocar naquelas teclas e pelo menos soltar uma melodia.
Ah, não tinha ninguém mesmo no
restaurante que pudesse ver, e os seguranças não iriam se importar de ouvir um
barulhinho de piano. Não consegui controlar meu instinto e me direcionei até o
banco enquanto passava a mão suavemente por cima do piano, que por sinal estava
um pouco empoeirado. Sentei-me com calma e comecei a tocar, apenas para refrescar
a minha memória. Acho que já estava enferrujada.
Meus dedos começaram a apertar
com mais intensidade às teclas do piano e o som começou a ficar mais alto. Mas
estava faltando uma coisa, estava faltando à voz. Sim, e sem dúvida alguma eu
comecei a cantar à canção acompanhada pela melodia direta da partitura formada que veio na minha cabeça.
Minha voz suavemente começou a
ecoar pelo salão de jantar do restaurante, e aquilo era tão gratificante pra
mim, eu amava cantar, amava tocar, e em apenas 4 minutos no máximo, quando
fechei os olhos, senti como se o publico estivesse me observando.
Quando a música acabou eu
continuei de olhos fechados, ainda com os dedos sobre o teclado ouvindo em
minha mente o público me aplaudindo. Era
tão real. Foi então que uns aplausos de verdade ecoaram pelo salão,
fazendo-me esbugalhar os olhos, bater nas teclas brutalmente — sem
querer — e sobressaltar do banco.
Capítulo 3
Lucy
—Quem está aí? — Indaguei assustada, mas a pessoa ainda
continuava aplaudindo, e o som vinha do cantinho escuto do restaurante. —
Vamos! Quem está aí? Como entrou aqui?
Estreitei meus olhos, fixando-os
no canto escuro do restaurante, e vi que tinha um homem sentado na última
cadeira olhando pra mim, ainda aplaudindo.
— Você foi ótima! — Ele disse
em voz alta quando parou de aplaudi. Sua voz era bonita e suave, mas mesmo
assim não tirou o meu medo.
— Quem é você?! — Perguntei
mais uma vez assustada. Algum ladrão poderia ter entrado lá sem os seguranças ver
e... Essas coisas.
Ele levantou e caminhou até que
aos poucos pude enxergá-lo mais.
Era um homem de pele bronzeada
— eu acho, não sei, a penumbra do lugar não me deixava ver os detalhes dele —
até que finalmente ele chegou até a 2 mesa perto do palco.
— Aonde aprendeu a tocar tão
bem? — Ele perguntou amistoso. Parecia admirado com minha pequena performance.,
Muito jovem, acho que uns 27 ou
28 anos. Era alto, vestia um belo terno preto, camisa branca e gravata preta. Também
usava um chapéu fedora, preto também. E sim, era bonito, muito bonito.
Ele ficou me olhando, esperando
que eu respondesse a pergunta que ele fizera a mim.
Confesso que ainda estava
assustada com a presença daquele homem que nem sequer tinha se identificado.
Ainda sem parar de me fitar,
ele tirou o chapéu e colocou-o sobre a mesa que tinha ao seu lado. Seus cabelos
eram grandes e estavam presos, porém alguns cachos desgrenhados caiam sobre o
seu rosto. Seus olhos grandes e negros eram consideravelmente e destacavam-se
bem no seu rosto esculpido.
— Quem é você? — Murmurei.
Ele riu e abaixou a cabeça.
— Me desculpe ter te assustado.
— voltou a me olhar. — É que eu estava analisando alguns papéis para o meu pai
bem quietinho ali atrás – ele apontou para o fundo do restaurante. – quando
ouvi você tocar e depois cantar. – Concluiu.
Eu abri a minha boca incrédula
pensando no que eu acabara de fazer.
— Vo... Você é... O filho do
Sr. Jackson? — Balbuciei, e ele riu.
— Sim. — respondeu e cruzou os
braços. — E você é a nova contratada pelo o meu velho que decidiu dá um show
sem ao menos ter uma platéia. — Ele disse com uma ponta nítida de sarcasmo, mas
sem ignorância. Com certeza estava se divertindo com minha feição.
Puta
merda!
Confesso que fiquei aliviada por saber que ele não era um
bandido ou algo do tipo, mas me senti envergonhada. Afinal eu estava no palco e
tinha acabado de tocar no piano que lhe pertencia. Eu sei muito bem que
instrumentos são pertences bem íntimos, e que por sua vez, pode causar ciúmes
em seus donos. Será que ele está com
ciúmes? Porra! Maldito instinto musical que corre nas minhas veias. Eu tinha passado tanto tempo sem ter contato
com nenhum instrumento, e de repente caí na tentação, logo no restaurante, onde
trabalhava. Burra! — Xinguei a mim
mesma em pensamento.
— Me desculpe Sr. É que eu... —
dizia enquanto descia ligeiramente do palco, e assim puxando a corda para
fechar as cortinas. — Me desculpe! — Eu não sei exatamente o porquê que eu
estava me desculpando, ele não parecia ser um cara chato, pelo menos não tinha
a cara.
— Por que está se desculpando,
se acabou de dá um show usando o meu piano, que provavelmente está precisando
ser afinado. — Ele disse, mas dessa vez encantador. Senti meu rosto enrubescido
com o que proferiu. — Agora me diga, onde foi que aprendeu a tocar tanto?
Virei-me para pegar o
borrifador e a flanela que estava usando para limpar as mesas, e que tinha jogado
em uma delas antes de subi no palco.
— Eu não sei tocar tanto assim.
— Murmurei quando voltei a olhá-lo.
Ele arqueou as sobrancelhas,
cruzou os braços e começou a ri suavemente. Uma risada doce.
— Está me dizendo que não sabe
tocar? Também vai me dizer que não sabe cantar? Olha que eu ouvi bem o timbre
da sua voz.
Me senti intimidada com a
pergunta dele. Queria saber demais e não sei o porquê.
— Toquei apenas umas coisas que
tenho gravada na minha mente e... Cantar é... Um dom familiar. — Menti na
tentativa dele parar de ficar me fazendo perguntas que eu não tinha gosto de
responder.
— Um dom? Então que seja, mas
você mandou muito bem. — Deu de ombros.
— Obrigada, Sr. Jackson. —
Agradeci timidamente.
— Oh, não... Sr. Jackson não. —
Ele fez careta. — Michael, por favor. — Disse sorrindo ternamente, e
sinceramente eu não estava entendendo o porquê dele está sorrindo daquele jeito
pra mim, se nem ao menos nos conhecíamos.
— Desculpe Sr. Jack... Michael
foi um prazer conhecê-lo, mas agora eu tenho que ir. —Eu disse já andando em
direção a sala dos funcionários.
— Hey? – Ele gritou e eu parei.
— Qual é o seu nome?
Virei-me e encarei-o ainda com
aquela vergonha de ter sido pega no flagra.
— Lucyana, mas pode me chamar
de Lucy. — Respondi. — Tchau! — Acenei e saí de sua vista.
Peguei as minhas coisas e dei o
fora do restaurante ainda sentindo vergonha pelo o que fiz. O filho do chefe
havia me pegado no flagra tocando piano. Cara, se arrependimento matasse, eu
estaria morta. Maldita curiosidade essa minha que tive de querer ver o que
tinha atrás daquelas cortinas. Mil vezes
Droga!
(...)
Quando cheguei em casa, corri
para o meu quarto sem fazer barulho nenhum enquanto a imagem do Jackson
continuava na minha mente. Não que fiquei com medo dele, tá, no início sim, mas
só porque não sabia quem ele era. Só pensava na possibilidade de mais alguém
saber daquilo, não queria que ninguém soubesse, isso ainda mexia comigo.
Será
que ele irá comentar com alguém? — Chacoalhei minha cabeça
expulsando tal possibilidade.
Tomei um banho e deitei na cama
exausta, tanto que mais uma noite esqueci de pegar a foto do Brad pra conversar
com ela, assim como eu fazia às vezes. E torcendo para que não visse mais o
Jackson e que ninguém mais soubesse.
Capítulo 4
Michael
Naquela noite, meu pai havia ligado pra mim, pediu que eu
viesse para tentar resolver alguns problemas financeiros do restaurante. Como
eu havia passado muito tempo fora, decidi dá uma pequena analisada nos papéis,
só para ter uma noção.
Cheguei até a entrada do salão do
restaurante e vi uma mulher limpando uma mesa, estava de costas, presumi que
era a nova funcionária que meu pai falara. Não queria incomodá-la e nem ser
incomodado, então sem que ela me percebesse, eu sentei em um canto escuro do
restaurante e comecei a analisar os papéis.
Estava concentrado na
contabilidade, que estranhamente parecia não ter nada fora do normal, até que
tirando minha atenção, ouvi o som do piano ecoar pelo salão tirando minha
concentração. Irritei-me na hora, mas quando levei minha vista para o palco, lá
estava ela, a mulher que estava limpando a mesa minutos antes. E caramba, ela só não tocava como também
cantava.
Soltei os papéis sobre a mesa,
segurei meu queixo e fiquei observando-a até o final daquela apresentação sem platéia.
Foi sensacional, esplêndido. O
que uma mulher que tocava e cantava tão bem estava fazendo trabalhando em um
restaurante?
Aplaudi e ela parecia que tinha
visto um fantasma quando aproximei-me dela. Ela negou ser talentosa por algum
motivo, mas eu sabia que ela era boa.
Ela era linda. Alta, pele
morena clara, cabelos castanhos, olhos escuros, expressivos e um pouco puxados,
corpo magro, porém bem definido. Ela era linda, muito linda.
Só não entendi o porquê dela
insisti em se menosprezar em relação ao que eu acabara de assistir, ou melhor,
ouvir.
Sinceramente, não entendi!
(...)
— Pai, porque você não me disse
que a nova funcionária que contratou era tão talentosa? — Indaguei quando cheguei na casa dos meus pais.
— O que? Não sei do que você
está falando, Michael?
— Agora pouco quando estava lá
no restaurante, eu a vi dá um pequeno show, tocando e cantando. Ela parece
manjar. — Eu disse por alto.
— Ah, Michael, qualquer pessoas
hoje em dia sabe tocar e cantar. — Ele disse sem importância e me deu um copo
de Whisky.
— Pode até ser, mas percebi que ela é
diferente. — Disse e tomei um gole da bebida, lembrando-me da forma que ela
tocava e da sua voz entrando nos meus ouvidos. — Ela tocava com amor.
—É, realmente ela é muito bonita, e acho
que esse é o verdadeiro motivo de você está encantado com ela. — Ele disse e eu
fiquei lembrando de seus traços, da sua voz, do seu olhar e do seu nome. Lucy,
ela se chamava Lucy. Sim, eu confesso que fiquei encantado com ela.
— É, mas agora vamos falar
sobre você. — Ele disse tirando-me do transe. — Como você está?
Levantei-me um pouco irritado
com a pergunta. Sabia que ele iria tocar no assunto mais uma vez, eu detestava
quando as pessoas me olhavam com uma pontada de pena, coisa que eu abominava.
Me direcionei até o bar que havia da sala e coloquei meu copo sobre a mesa.
— Eu estou bem, pai. Não tenho muito
que falar não. — Disse eu, com a voz baixa e vaga.
— Por que você não volta de
vez? Sua mãe e eu estamos preocupados com você filho.
— Não há necessidade de se
preocupar. Eu estou bem e já sou bem grandinho para me virar, você não acha? —
Meu tom agora estava um pouco ríspido. Já estava cansando de ficar ouvindo as
pessoas falarem a respeito do meu passado. Já era uma bobagem. — Vai querer
falar de negócios ou não? — Agora perguntei já mais brando. — A não ser que
você não me chamou pra isso.
Passei a pensar que meu pai me
enganou e tinha falando que era problemas com o restaurante, só na tentativa de
eu ficar. Mas é claro que era mentira, lembrei-me da papelada e estavam tudo
ok.
— Estamos preocupados com você.
— O senti tocar no meu braço.
— Você me enganou. — Ri sem
graça e balançando a cabeça em negação. Virei-me para encará-lo. — Onde está a
minha mãe?
— Está dormindo. Vou acordá-la.
— Disse se virando, mas eu segurei em seu braço para impedi-lo.
— Não. Deixe ela dormir. Amanhã
entes de ir passo aqui para falar com ela, e com você também. — Eu disse.
Estava disposto a voltar para Indiana.
Ele suspirou alto e soltou o
meu braço.
— Tudo bem, Michael. Essa foi
mais uma tentativa de te trazer para perto. — Meu pai disse e seu tom de voz era
triste.
— É, então é melhor desistir
pai. — Disse com receio indo em direção a porta. — Amanhã eu volto pra falar
com a minha mãe. Passarei a noite no meu apartamento, qualquer coisa é só
ligar. — Disse e saí deixando o meu pai triste, mais uma vez.
Eu sabia o quanto meus pais estavam
sofrendo comigo longe, mas passar esse tempo fora foi a melhor coisa que eu
pude fazer. Superei com tranqüilidade a ida da Sara. Pra falar a verdade eu nem
a amava, eu gostava dela e isso era o suficiente para ficar magoado com o seu
abandono repentino, me largando para tentar uma carreira musical, que pelo o
visto estava mal sucedida. Bem feito!
Quando cheguei no meu
apartamento, a única coisa que fiz foi tirar os sapatos, o chapéu e deitar na
minha cama. Me surpreendi quando de repente a imagem de Lucy veio em minha
mente como um furação, e permaneceu nos meus pensamentos quase a madrugada
inteira, tanto que nem percebi quando o sono me atingiu, só sei que quando
acordei e olhei para o relógio, já era mais de 8 horas da manhã.
Droga!
Dormir demais.
Levantei-me, tirei a roupa,
peguei uma toalha e minha escova de dentes que eu trocava freqüentemente para
não ter que ficar levando nada quando viesse à cidade, e corri para o banheiro
para tomar um banho. Logo terminei de me banhar, fiz minha higiene e coloquei
um dos meus ternos que também já tinha por lá.
Saí do
apartamento e rumei para uma cafeteria com a minha relíquia GTO, pois estava
louco para tomar um café antes de ir à casa dos meus pais e depois voltar para
Indiana.
Saí do
carro e caminhei até a entrada da cafeteria, mas parei quando os vidros das
portas da mesma refletiram uma imagem que eu pude reconhecer após prestar bem
atenção. Era ela, a Lucy, a mulher que havia tomado conta dos meus pensamentos
na madrugada.
Virei-me
para encará-la e ela tinha acabado de se abaixar para amarrar o cadarço que
havia soltado. Pelas suas vestes, ela estava correndo. Usava uma calça de
malha, calçava tênis, seus cabelos presos em um rabo de cavalo e estava suada.
—
Caham... — Pigarreei para chamar a atenção dela que logo ergueu a cabeça e me
fitou. Na mesma hora vi seu rosto sendo tomado pelo rubor. Aproximei-me dela e
sorri gentilmente. — Olá, Lucy.
Ela
tornou a ficar de pé, e quando me encarou, vi seus olhos um pouco esbugalhados,
olhando no fundo dos meus.
Ela era
linda mais ainda sob a luz do sol. Sua pele na verdade era bronzeada, e pude
perceber direito a cor dos seus olhos, eram negros e hipnotizadores.
É Michael, quem sabe agora você tem um motivo
para querer ficar. — Meu subconsciente se manifestou enquanto
eu me perdia na superfície dos olhos daquela morena.
— Dez pratas por cada
pensamento seu? — Michael perguntou me tirando do transe e pondo uma bandeja em
cima da mesa. Neguei com a cabeça e ele se sentau à minha frente, cruzando as
pernas tranquilamente.
— Ah, é a ex-namorada dele.
Capítulo 5
Lucy
Naquela manhã, eu pensei que
dar uma volta iria me fazer bem, e estava, até encontrar o Sr. Jackson todo
elegante diante de mim. Não que ele me fazia mal, era porque eu ainda estava um
pouco sem graça pelo o que ocorreu no restaurante.
— Oi Sr. Jack... Michael. — Ele
riu. — Desculpe é que eu ainda não acostumei. — Disse sentindo meu rosto
enrubescendo.
— Então quer dizer que a
cantora incubada também gosta de correr? — Ele perguntou risonho. Droga, ele ainda lembrava daquilo. Mas
achei divertido do jeito que ele falou.
— Cantora incubada? — Perguntei
de cenho franzido e ainda um pouco ofegante pela corrida. Ele sorriu e mordeu o
lábio inferior.
— Está cansada? — Franzi o cenho
mais uma vez. Claro que eu estou cansada,
estava correndo. — Quer comer alguma coisa? Toma um café? — Ele perguntou
passando a mão na nuca.
— Michael, eu adoraria, mas...
— Ah Lucy, é só um café. —
Arqueou as sobrancelhas demonstrando expectativa.
— Só um café? — Arqueei as
sobrancelhas.
— Bem, se você quiser um suco,
um pãozinho, uma torrada... — Dizia divertido, e eu ri.
— Michael... Vamos, vai. —
Disse eu rindo, indo em direção a entrada da cafeteria, logo ele passou na
minha frente e abriu a porta gentilmente para que eu pudesse entrar.
— Por favor, escolha uma mesa
enquanto eu pego alguma coisa para a gente beber. O que você vai querer? —
Perguntou ele com cortesia.
Um vinco formou-se na minha testa
quando ele fez a tal pergunta. Como assim
o que eu vou querer?Ele me chamou para tomar um café, então claro que seria um
café.
— Um
café. — Respondi.
—Qual é a sua preferência de
café?
— Apenas café.
Ele riu.
— Tudo bem, apenas café. —
Disse ele e caminhou para o balcão.
Encostei-me mais nas costas da
cadeira que sentara, cruzei os braços e comecei a balançar uma perna. Puta merda, eu não sei o que me deu na cabeça
quando aceitei o convite de Michael. Ele parecia ser um cara legal e acima de
tudo educado, mas sei lá, eu não estava em condições de receber convites.
Ele me entregou uma xícara com
um pires e me serviu com café do pequeno bule de porcelana. Sorri discretamente
quando vi na bandeja torradas e um pote de nutella. — Ele disse só um café.
— Então, no que você está
pensando? — Perguntou ele se servindo com o café.
— Em nada de interessante. Só
me lembrando da vergonha que senti quando você me pegou no flagra. — Me ouvir
dizer, e claro que me arrependi. Tomei um gole do café para disfarçar. Ele
franziu o cenho. — Ontem, no restaurante do seu pai.
— Ah... — Ele riu. — Não
precisa ficar com vergonha. Você mandou muito bem. — Ele disse me fitando.
— Não, aquilo não foi nada, eu
já disse. — Tentei disfarçar.
— Só se for aos seus olhos,
porque nos meus foi esplêndido para uma pessoa que diz não tocar nada. — Disse
serio agora. Seu olhar era penetrante.
Não queria tocar naquele
assunto, mexia muito comigo, fazia-me lembrar das coisas boas que trouxeram as
ruins. Merda!
Desviei meus olhos para a
bandeja, me obriguei a pegar uma torrada, passar nutella e mesmo sem fome
morder um pedaço, só para manter minha boca ocupada para não responder a
pergunta.
Acho que ele percebeu que
aquilo me incomodava, tanto que decidiu mudar de assunto.
— Então, o que você faz da vida
fora trabalhar lá no restaurante. — Indagou, também pegando uma torrada e
lambuzando-a do chocolate.
— Bem, como eu cheguei há pouco
tempo na cidade...
— O que? Você não é daqui? —
Perguntou me interrompendo.
— Não.
Eu morava em Atlanta.
— Sozinha?
— Primeiro com a minha mãe, mas
ela morreu 2 dias antes do meu aniversário de 19 anos.
Ele abriu a boca para falar
algo, certamente para lamentar, mas eu não permiti.
— Não precisa dizer que sente
muito, todo mundo sente.
Ele franziu o cenho, meneou a
cabeça e mordeu a torrada.
Claro que sofri muito com a
morte da minha mãe, ela era a única pessoa que eu tinha por perto, aí no meio
de todo esse martírio, conheci o Brad, o cara que me acolheu, me consolou, me
tratou como uma rainha e o que me amou. Finalmente quando consegui superar a
morte da minha mãe, a porra do destino me tirou o Brad. Aquela dor e aquele
sofrimento do passado tinham voltado com uma grande intensidade que minha
vontade era de morrer. Mas agora, graças a Deus estava seguindo a vida
aos poucos.
— Seu pai?
— Morreu quando eu nasci.
—Ah... E o seu namorado? —
Perguntou baixinho tentado ser discreto e tomando mais um gole do café.
Sorri com aquele pergunta. Era
a primeira vez após a morte do Brad que alguém me perguntava isso. Claro, me
fez lembrar da dor que ainda sentia, mas mantive meu sorriso nos lábios.
— Eu... Não tenho namorado. Não
mais. — Respondi e pude perceber um pequeno sorriso despontando nos seus
lábios.
Por
que ele parece feliz e contente com a resposta?Ah, mas não se iluda sua boba,
isso pode ser coisa da sua cabeça. — Balancei a cabeça para
espantar tais pensamentos.
— E você Michael, o que faz da
vida. Pelo o que soube você também toca piano e faz tempo que mudou de cidade.
— Perguntei mudando de assunto.
— Bom, a parte de tocar eu
confirmo, mas na verdade não tenho muito o que falar sobre mim. Apenas sou
formado em administração e saí da cidade por uns motivos peculiares.
— Pretende fica por quanto
tempo?
— Na verdade, eu estou indo
embora hoje. Mas agora estou pensando em mudar de ideia. — Disse me fitando e
insinuando algo.
— E por quê?
— Desde minha última visita à
cidade, não havia nada de interessante. Mas agora tem. — Isso soou como uma
cantada indireta. Fiquei sem jeito mais uma vez.
— Ah, que legal. — Peguei outra
torrada, lambuzei-a e logo levei até a boca.
— E você, tem namorada? —Que porra de pergunta descabida é essa Lucy?
Me amaldiçoei por isso.
Ele nada falou, apenas mordeu o
lábio inferior e negou com a cabeça.
— Às vezes as coisas acontecem
por um motivo. — Disse com seriedade, e isso não me incomodou, apenas mexeu
comigo, nas minhas lembranças agora. Então quer dizer que o destino tirou a minha
mãe e me deu o Brad, mas logo me tirou o Brad também. E se fosse verdade, quem
o destino iria me dar agora? Ele sua
boba, Michael! —Me senti envergonhada com o meu próprio pensamento.
Michael riu de uma forma
agradável ao perceber que estava me deixando sem jeito, e pra foder tudo,
levantou-se, inclinou-se e passou o polegar no canto dos meus lábios com
suavidade, enquanto me olhava profundamente. Não sei o porquê, mas senti um
certo arrepio tomar conta do meu corpo e minhas bochechas ficarem quentes ao
seu toque.
— Hãa?! – Fiquei inerte com
aquele ato, principalmente quando ele levou o dedo até a sua boca lambendo o
chocolate que melava o mesmo.
— Estava melado. — Disse quando
voltou a se sentar. Parecia estar extasiado, e pior, eu também. Realmente, eu
não esperava ficar assim com apenas um simples toque de outro homem. Só sentia
isso quando era com o Brad.
Puta merda, nesse exato
momento, várias coisas com e sem sentido começaram a povoar pela minha mente.
Minha vontade era de sair correndo, mas algo dentro de mim fazia-me desejar
ficar.
— Obrigada por... Limpar. —
Agradeci com um fio de voz. Eu precisava sair dali, havia ficado estranho. Olhei
para o relógio que estava usando e percebi que já havíamos ficado muito tempo
conversando. — Me desculpa, mas agora tenho que ir. — disse levantando-me.
— Claro! — Ele também se levantou e parecia
desanimado.
— Obrigada pelo o café.
— De nada, Lucy. Vejo você à
noite.
O
que? Como assim? Ele não iria embora?
Virei-me e o fitei.
— Acho que encontrarei você lá
no restaurante. Acho que vou ficar mais um pouco. — Disse ele.
— Ah... Sim. — Fora as únicas
palavras que consegui proferi. Agradeci mais uma vez e saí da cafeteria
sentindo-me totalmente estranha.
Capítulo 6
Michael
— Mãe?! — Entrei gritando na casa
dos meus pais feito um louco. Fui até o pé da escada e gritei mais uma vez. —
Mãe?!
Logo ela apareceu com um
sorriso estampado nos lábios. Parecia eufórica.
— Michael... — desceu as escadas
e me abraçou fortemente. — Filho, que saudade de você. — Estava me apertando tanto
que estava me sufocando. — Você está bem? — Perguntou me analisando feito uma
louca.
— Estou ótimo, mãe. — Disse
rindo da sua expressão.
— Pensei que iria embora sem se
despedir de mim. Seu pai disse que voltará para Indiana hoje.
Desvencilhei-me de seus braços
e comecei a caminhar graciosamente até o sofá e me sentando.
— Eu não vim me despedir, mãe.
— Disse escondendo o sorriso nos meus lábios.
— O que? — Perguntou confusa e
chegou até a minha frente. — Não entendi! — Franziu o cenho.
— Simples dona Kathe. — Sorri
do meu jeito sapeca. — Decidi ficar.
Nossa, os olhos da minha mãe
ficaram tão grandes e brilhosos que eu pensei que iriam pular pra fora.
Ela sentou ao meu lado demonstrando
incredulidade.
— Michael, não brinque comigo!
— Estreitou seus olhos.
— Eu não estou brincando. —
Disse tranqüilo e cruzando as minhas penas, colocando-as em cima do centro. —
Ficarei na cidade por um tempo.
— Que maravilha, Michael. Sério
mesmo? Mas...
— Sim.
Ela começou a me abraçar mais
uma vez, quer dizer, me apertar.
— Eu e o seu pai já fizemos
tantas coisas para tentar te trazer de volta e nada. Ai de repente você decide
ficar e... Eu estou tão feliz.
— Eu sei mãe, mas, por favor,
dá pra parar de me apertar um pouco? Se continuar assim, irá me matar. — Eu
disse brincalhão.
— Oh meu Deus, filho. — Disse
ela quando me soltou. — Desculpe, é que eu ainda não estou acreditando. Depois
que a Sara foi embora você ficou...
Essa
história de novo não!
— Ah não mãe, essa história de
novo não, por favor! — Eu disse um pouco chateado.
— Claro filho, me desculpe, não
queria chateá-lo. — Disse ela pegando nos meus cabelos e enrolando mais os meus
cachos. — Olha filho, está mais do que óbvio que estou muito feliz, mas algo me
deixou curiosa. Por quê? Por que decidiu ficar?
Olhei bem pra ela e fiquei
pensando: Será que conto o motivo? Não. É
melhor deixar quieto.
— Por que quero voltar a ajudar
o meu pai nos negócios, por enquanto. — Menti, e isso estava evidente na minha
cara e no meu sorriso mentiroso. Minha mãe sorriu e soltou os meus cachos.
— Acha que sou boba, Michael?
Eu te conheço, isso já aconteceu antes. Há algo que te interessou por aqui, só
não sei o que é, ainda. — Enfatizou o “ainda”.
— Nada haver, mãe. Eu só estou
com saudade de vocês, só isso.
— Hurum, vou fazer de conta que
acredito. — Disse e voltou a mexer nos meus cabelos.
(...)
Lucy
Quando cheguei em casa, não
queria saber de nada. O café que tomei com Michael, me deixou muito perturbada
e pensativa.
O que foi aquilo? O homem
inclinou-se para limpar o canto dos meus lábios, e mais, depois lambeu. Ah, e
me lembro de ter ficado um pouco extasiada com o seu toque. Por quê?
Comecei a subir as escadas
ainda pensando no ocorrido, só queria tomar um banho, descansar pra depois trabalhar,
mas ouvi a Rose me chamar da cozinha.
— Lucy? É você? — Ela gritou.
— Sim, Rose. — Respondi e
terminei de subi as escadas, assim chegando no meu quarto.
Assim que entrei, tratei de
esquecer tudo o que aconteceu, tirei minhas roupas, tomei um banho, vesti outra
roupa confortável e cair no sono. Pois iria trabalhar no finalzinho da tarde.
(...)
“— Eu sabia que a gente iria ganhar
amor. — Brad disse enquanto dirigia.
— Estou tão orgulhosa da gente. Conseguimos!
— Disse maravilhada pela nossa vitória.
— É... Você viu a reação da platéia com
a nossa vitória? Agora talvez teremos a chance de gravar um disco nosso, sem
mesmo ter que ficar mandando fitas demos pra aqueles produtores idiotas que
nunca reconheceram o nosso talento.
— Foi muito gratificante vê as pessoas
gritando o nosso nome.
— Hurum... Muito mesmo. — afagou meus
cabelos e me puxou para um beijo carinhoso. – Eu te amo, Lucyana Adms. —Sorri,
parecia está se despedindo. Abri os olhos e vi um grande farol em direção ao
nosso carro.
— Brad! Cuidado! — Gritei
desesperadamente. Fechei os meus olhos por puro instinto, e tudo parecia ter
ficado em câmera lenta quando o caminhão chocou-se com violência contra o carro,
transformando o momento em plena escuridão.”
— Lucy, calma! — Ouvi a voz da
Rose bem distante na minha cabeça.
— Brad, não! — Acordei em um
ato brusco, sentei-me na cama com a respiração fora do normal e com o corpo trêmulo.
– Brad...
— Calma Lucy, foi só um
pesadelo. — Rose me abraçou tentando me acalma.
— Será que isso nunca vai
deixar de me atormentar? — Perguntei me soltando dos seus braços.
— Calma querida, é só questão
de tempo. — Rose disse alisando os meus cabelos. Ai eu fiquei me perguntando:
Até quando? — Você não vai trabalhar?
— Vou sim, que horas são? —
Perguntei ainda ofegante.
— São 4 horas e 23 minutos.
Acho que você está atrasada.
— Oh meu Deus, Rose... — Disse
pulando da cama e ficando de pé. — Eu não estou atrasada, e estou ferrada. — Comecei
a vestir a primeira blusa e a calça jeans que encontrei.
— Calma Lucy. Você chegará a
tempo.
— Claro, só se for a tempo de
voltar. — Disse sarcástica. Rose começou a ri.
Calcei meu tênis, penteei meus cabelos
nas carreiras, peguei minha bolsa e fui para o restaurante.
(...)
Entrei pelos fundos com medo de
alguém me ver. Provavelmente eu estava uns 30 minutos atrasada. Ainda bem que
o Mario largava cedo, só assim não iria me dá sermões. Corri para o banheiro,
tirei o meu uniforme da bolsa e entrei em uma das cabines para me vestir, 5
minutos no máximo, saí e dei de cara com a Sharon se olhando no espelho.
— Lucy? — Franziu o cenho assim
quando se virou e me fitou.
— É... Eu sei... Eu estou
atrasada. — Revirei os olhos.
— É, você está. — Riu.
— Droga, eu dormi demais. —Andei
até o espelho e comecei a amarar os meus cabelos em um coque.
— Pela sua cara deu pra ver. —
rimos. — Tem novidade. O filho do Sr. Jackson está aí. Chegou bem cedinho e
está há um tempão na sala do pai.
Fitei-a através do espelho de
cenho franzido. Ela só poderia estar falando do Michael. Caramba. Pisquei meus
olhos sem saber o que falar.
—Ele é muito gato. Passou um
tempo fora por causa da Sara, mas pelo o que parece, está de volta. — Disse
enquanto passava o batom.
— Quem é Sara? — Comecei a questionar já
me interessando no assunto.
— E o que aconteceu? —
Perguntei baixinho tentando disfarçar.
— É uma história muito longa,
querida. Agora vamos, há rumores de que ele disse que faria uma surpresa pra
todos hoje. — Disse guardando o batom na bolsa.
— Tá bem. — Na verdade eu
queria era arrancar assunto da Sharon sobre aquilo, mas talvez podia parecer
uma coisa inconveniente da minha parte ficar perguntando coisas dobre o
Jackson.
— Eu...
‘Se algo de bom
acontecer, beba pra comemorar. Se algo ruim ocorrer, beba pra esquecer. Se nada
acontecer, é só beber que acontece alguma coisa!’ — Um dos personagens do programa falou. Michael
gargalhou exageradamente.
Michael meneou a cabeça e tocou no meu rosto com
delicadeza. Fechei meus olhos, apreciando o seu carinho.
Capítulo 7
Lucy
Eu e a Sharon entramos no salão
que por sinal já estava ficando lotado. Começamos a atender pedidos e servir
mesas junto com os outros garçons.
O que a Sharon havia me dito
não saia da minha cabeça. O Michael estava no restaurante, — disso eu sabia — mas há qualquer momento ele poderia aparecer no salão e o clima poderia ficar
fora do normal pra mim, já que eu me sentia de uma forma estranha perto dele.
Não sei se isso era bom ou ruim!
Já havia se passando mais de
uma hora, eu tinha acabado de anotar um pedido de um casal quando ouvi um ruído
familiar para os meus ouvidos, virei-me e as cortinas do palco se abriram. Arregalei
meus olhos. Michael estava sentado e aquecendo os dedos, preparando-se para
tocar piano. Eu fiquei parada, cenho franzido e com o pedido do casal nas mãos.
O que ele vai fazer? Tocar? — Meu
consciente temia.
Os clientes voltaram toda a
atenção para Michael quando ele começou a tocar e cantar suavemente. Eu não
consegui ficar por muito tempo parada, olhando-o, aquilo me lembrava muitas
coisas. Por um instante juro que enxerguei no Michael o Brad. Chacoalhei minha
cabeça para voltar à realidade e andei o mais depressa possível para a cozinha
para atender ao pedido do casal que havia anotado.
— Lucy, você está bem? —
Perguntou um dos cozinheiros quando viu minha feição aturdida.
— Ah... Estou sim. — respondi.
— Mais um pedido. — Destaquei a folha, coloquei no quadro de pedidos e voltei para
o salão.
Por mais que eu não quisesse
voltar e ficar naquele ambiente com música, eu tinha que fazer isso. Estava
ciente de que não podia misturar minha vida pessoal com a profissional, era só
eu ficar na minha e ponto, mas parece que isso não estava a meu favor.
Quando entrei no salão, logo o
meu coração quase pulou pra fora quando ouvi o meu nome ser clamado por Michael.
—... E lá está ela, a Lucy. —
Apontou pra mim, e todos me olharam. Fiquei inerte. — Vocês sabiam que ela tem
as mãos leves como uma pluma enquanto está tocando piano? – Meu Deus, o que ele estava fazendo?
Esbugalhei os meus olhos diante daquilo tudo.
— Sabe, ontem vi essa garota
tocando e cantando, bem aqui, onde estou, e digo, ela é muito boa e queria que
vocês apreciassem exatamente do jeito que eu apreciei vê essa garota tocando e
cantando. — Disse e sorriu olhando pra mim, esperando que eu desse um passo em
direção ao palco. Os olhares das pessoas pousaram-se em mim, curiosos, e aquilo
estava me deixando inibida. Continuei parada olhando pra ele, descrente da
situação em que estava vivendo. Não, aquilo não poderia está acontecendo, não
comigo. Estava fugindo exatamente desse tipo de situação, e agora ela me pega
abruptamente.
— Michael... Não... — Murmurei,
mesmo sabendo que não dava pra ele escutar.
— Lucy querida, mostre do que
você é capaz, mostre para gente o quanto você é talentosa. — Apontou o piano
para mim ainda com aquele sorriso esperançoso e inocente nos lábios. Digo
inocente porque sei que se ele soubesse do que eu vivi, não teria feito isso. —
Lucy? — Me chamou mais uma vez.
Olhei ao meu redor e as pessoas
ainda estavam me olhando, — até os outros funcionários estavam —, esperando que
eu subisse e tocasse assim como Michael acabara de falar. Comecei a andar pra
trás de vagar e voltei a olhar para o Michael. O sorriso que estava brotado em
seus lábios começou a desvanecer a cada passo que eu dava para trás, que nos
deixava mais distantes. Eu só queria sair dali e me esconder para que as más
lembranças não me alcançassem. Foi isso o que eu fiz, dei mais um passo para
trás, dei às costas para todos e saí correndo do salão.
Corri para o banheiro, desfiz o
coque e me livrei do meu uniforme, enfiei-o dentro da bolsa e saí em passos
rápidos. Não queria nem saber mais se iria receber uma reclamação depois ou se
até mesmo iria perder o meu emprego por ter saído daquela forma, só queria sair
daquele lugar.
Saí pela porta dos fundos e
descobri uma escada que dava até a laje do restaurante. Sem pensar duas vezes,
eu subi a mesma, larguei minha bolsa sobre o concreto, caminhei até a beirada —
de onde dava pra ver a avenida luminosa por conta dos faróis dos carros —, e
fiquei olhando para o céu, pensando no que acabara de acontecer.
Por quê? Por que o maldito
passado obstinava em me desnortear, em me seguir? Às vezes fico me perguntando
o que porra eu fiz de tão ruim para que esse sentimento de consternação
regressasse a hora que quisesse dentro de mim. Por quê?
Poxa, consegui ficar tão bem em
tão pouco tempo que cheguei à cidade e comecei a trabalhar, estava me
permitindo a esquecer do passado, seguir em frente, mas como iria continuar se
às lembranças me perturbavam?
Perdida nos meus pensamentos
ouvi uns passos se aproximando de mim e comecei a inalar um perfume de
especiarias suavemente doce; abaunilhado
com flores de laranjeira adentrar minhas narinas.
Não ouvi
mais os passos, mas o cheiro ainda pairava no ar. Virei minha cabeça com
lentidão e lá estava ele, o Michael, me olhando com uma feição completamente
confusa. Como se tivesse uma interrogação bem no meio da sua testa.
Desviei
meu olhar, voltando-o para frente, mas agora fitando a avenida. Percebi ele
aproximar-se de mim e se postar ao meu lado.
—Eu fiz
alguma coisa de errado? — Murmurou alguns segundos depois, quebrando o silêncio
insuportável que se fazia presente.
Balancei
a cabeça e respirei fundo.
— Não. —
Disse em um tom de voz quase inaudível ainda olhando para a avenida abaixo da
gente.
—Eu não
entendo! — Seu tom soou desentendido. Percebi que ele agora estava olhando para
mim.
— Eu
entendo que você não entende. — murmurei, e virei-me para olhá-lo. — O problema
não é com você.
— Então
me conta, porque eu acho que você deve ter um bom motivo para querer esconder o
talento que habita dentro de si — Disse com a voz afável e me olhando
serenamente.
Dei um
pequeno sorriso de lado e voltei a olhar pra frente.
—Eu
minto muito mal. — Ri sem ânimo.
— Como
assim?
— Fazia
mais de um ano que não chegava perto da música. No dia que você me flagrou
tocando piano, foi à primeira vez depois do... Ocorrido. — Disse e voltei a
olhá-lo. Ele franziu o cenho.
— E o
que aconteceu pra você se privar tanto da música? — Sorri com um pesado
suspiro.
—É uma
longa história.
Vi
Michael contrair os lábios. Sei que ele estava se contendo para não me
perguntar mais nada, com certeza percebeu o quanto aquilo era um incomodo pra
mim, — não ele — e sim o assunto.
— Lucy,
me desculpe... Eu não sabia o quanto isso mexia você dessa forma, se eu
soubesse, eu... — Tentou se justificar, mas eu não dei a oportunidade e intervir
em sua frase.
— Não...
Eu já disse que isso não é com você... Na verdade não é com ninguém, e sim
comigo. Tenho certeza que se você soubesse a razão de eu não querer me expor de
tal forma, não teria feito o que fez. Por isso não o culpo. — Sorri de leve e
olhei pra ele que agora estava com seus olhos estreitos nos meus.
— Quem é
você hein, garota? — Murmurou sem parar de me olhar. Sorri timidamente sentindo
meu rosto sendo coberto pelo o rubor.
— Sou
apenas uma garota tentando encontrar a felicidade mais uma vez.
Michael
abaixou a cabeça com um pequeno sorriso que despontou-se aos poucos no canto
dos lábios e levantou apenas seu olhar pra mim. Seus cachos soltos e desgrenhados
voavam enquanto o vento soprava, era como se meus ouvidos tivessem sido tampados
e liberados apenas para ouvir o vendo assobiando.
— Um dia
desses, eu ainda aprendo a te decifrar. — Murmurou. Seus olhos passaram a me
olhar com veemência, com intensidade. Um olhar magnético.
— E por
quê? — Perguntei em um fio de voz.
— Pra
ver se você quer o que eu também quero. — Disse, e mais uma vez me senti
enrubescida e sem jeito. Ambos ficaram calados por breves segundos, até que ele
segurou a minha mão delicadamente e fitou-me mais profundo.
— Deixa
eu te mostrar uma coisa.
— O que?
—
Anda... Vem, você vai gostar.
Soltou a
minha mão, pegou a minha bolsa do chão e gesticulou com a cabeça para eu segui-lo.
E assim eu fiz. Descemos da laje, fomos caminhando pelo o meio-fio da pista
rodeando até a frente do restaurante onde havia vários carros estacionados.
Eu
continuei seguindo-o, e me surpreendi quando Michael postou-se ao lado de um
carro antigo. Bem, o carro estava em boas condições, mas era antigo. Sei lá, o
Michael não parecia que gostava de carros assim.
Pigarreei
para chamar sua atenção e arquei minhas sobrancelhas.
— O que
foi?
— Esse é
o seu carro? — Me segurei o máximo para não rir.
— Isso é um
Pontiac GTO com um motor 5.7 litros de oito cilindros em V e 350
cavalos de potência. É uma relíquia sabia?
— É... Eu Estou vendo. — Respondi
irônica e brincalhona. Ele riu balançando a cabeça e abriu a porta.
— Por favor. — Gesticulou
indicando-me.
— Nós vamos sair? — Franzi o
cenho, confusa. Eu pensei que ele queria me mostrar algo por perto.
— Hurum. — Frisou.
— Pensando bem, eu tenho que
voltar, se seu pai descobrir que saí irá me pôr pra fora. — Evidenciei.
— Ele não vai fazer nada, Lucy.
Apenas entre no carro, por favor.
— Michael...
— Confie em mim. — Disse
brandamente, porém com um olhar sério.
Eu sorri com o tom que ele
falara; decidido das coisas. Deixou perceptível sua convicção de que aquilo
iria me fazer bem, não sei como, mas faria, e isso de certa forma chamava minha
atenção.
Eu não tentei mais contestar e
acabei cedendo, entrando no carro.
Naquele momento,
Michael começou a passar pra mim certa tranqüilidade, um sentimento de paz
invadindo o meu corpo. Não sabia aonde tinha parado toda aquela tristeza que eu
estava sentindo há poucos minutos antes, só sei que aquele momento era único,
mesmo que depois que eu chegasse em casa e que quando apoiasse a cabeça do
travesseiro tudo voltaria para minha mente — talvez não —, mas mesmo assim
optei em aproveitar o momento.
Capítulo 8
Lucy
Michael
estacionou o carro em frente a um pequeno prédio abandonado — uns 2 andares, no
máximo — um pouco distante da cidade.
—
Não... É sério, olha só. Pra onde você está me levando. — Perguntei quando
descemos do carro e Michael começou a caminhar enquanto eu o seguia.
—
Espera, eu já vou te mostrar. — Continuou andando.
—
Não... Não... Espera! — parei — É aqui que você vai me matar, Michael? —
Perguntei e levei minha mão até o meu peito fazendo cara de assustada.
Michael
parou em frente a uma escada de ferro e olhou pra mim.
— Há-há... Engraçadinha. — Riu. E começou a subi a escada enquanto eu o
acompanhava. — Suba com cuidado, Lucy.
—
Nossa... — Murmurei quando chegamos à cobertura.
— É
aqui. — Michael disse com um sorriso cativante e abrindo os braços.
Eu
sorri, e comecei a caminha lentamente até chega à beirada. Dava pra vê toda a
cidade de longe, parecia um cobertor de veludo cravejado de diamantes por causa
das luzes distantes.
— É
linda. — Disse maravilhada, sentindo o ímpeto do vento rompendo meus cabelos e
orelhas.
— É
sim. — Afirmou quando chegou perto de mim.
—
Quer saber? Essa vista é bem melhor que a da laje do restaurante do seu pai. —
Michael riu. — Como achou esse lugar?
— Eu
vinha aqui quando era criança. Quando comecei a me interessar pela música, era
aqui que eu estudava partituras.
—
Aqui é bem tranqüilo. — Disse e olhei pra ele. — Por que você saiu da cidade? —
Perguntei, e comecei a me praguejar por isso. Eu nem o conhecia direito e já
estava fazendo perguntas peculiares. Ele franziu o cenho, achando estranha a
minha pergunta. — Oh meu Deus, me... Me desculpe, eu não deveria ter
perguntado. — Balbucie com dificuldades. Ele sorriu mais uma vez, mostrando
seus dentes perfeitos e alvos.
— Não, tudo bem. Eu não tenho
problemas em falar. — Disse e virou seu olhar para o nada. — Eu namorava uma
garota — começou a falar — ela também cantava e trabalhava no Well’s Diner. Quando começamos a namorar resolvemos ficar fazendo algumas apresentações nos
finais de semanas, daí o número de clientes foram aumentando e passamos a levar
isso a sério. Tipo, meu pai a contratou, ela era a estrela do
restaurante nos finais de semanas, eu a acompanhava com o fundo musical. Nossa,
a Sara cantava demais, isso eu admirava muito nela, até que essa admiração que
eu sentia por ela transformou-se em ódio quando ela nos abandonou para tentar
uma carreira musical. Eu acho que não deu muito certo não. – riu e deu de ombros.
Seu tom pareceu não se deixar mais abater por aquilo.
— Por quê?
— Ora, Lucy. — olhou pra mim —
Para ser bem sucedida, não basta apenas ter uma vozinha agradável, tem que ter
simpatia, presença de palco, e o principal, cantar com o coração. — me olhou
com ternura. — Assim como você.
Suspirei pesadamente com o
jeito que ele me olhava e como soava suas palavras.
— Olha Lucy — me interrompeu —
Sei que faz pouco tempo que nos conhecemos, quer dizer... Nem 24 horas, direito
— sorriu um pouco tímido — mas eu quero te ajudar.
— Me ajudar?
— Sim. Olha... Eu não sei qual
é o motivo de você se privar tanto de fazer uma coisa que você ama, isso ficou
perceptível quando ouvi você cantar e tocar, mas se você encarar esse sentimento
que habita em você e decidir se livrar dele, tudo ficará mais fácil. Fugir não
adianta em nada.
Me irritei com o que disse. Ele
não poderia falar de mim se ele mesmo fugiu para não
enfrentar a ida dessa tal de Sara.
— Mas você também não
enfrentou. — Retruquei.
— Eu sei, e me arrependo
amargamente disso. Sei que se tivesse ficado e encarado de boa, não sentiria
todo esse desdém que sinto pela Sara. Por isso estou te dizendo para não
cometer a mesma tolice que eu cometi. Entende?
— Não, eu não entendo. —
Respondi vaga. Ele pegou minhas duas mãos.
— Então me deixe te ajudar. —
Meneei a cabeça.
— Esse é o problema, Michael.
Ninguém pode ajudar. — Puxei minhas mãos e virei para olhar a cidade distante.
— Pelo menos você já permitiu
alguém te ajudar?
Essa pergunta me pegou de
surpresa. Na verdade nunca, ninguém se chegou tão perto assim, oferecendo-me
ajuda, exceto a Rose, mas não chegou tão perto assim do meu martírio como o
Michael estava chegando. Ele me entendia mesmo não sabendo de nada, — isso eu
sabia — e o que chamava minha atenção era o fato dele nem me conhecer direito e
mesmo assim queria me ajudar.
— Preste atenção. — Ele segurou
meu queixo, e delicadamente levantou minha cabeça, obrigando-me a olhá-lo. —
Você não precisa me contar o que aconteceu, a não ser que um dia se sinta à
vontade ao ponto de querer me contar, só deixe-me ajudá-la. — Disse
brandamente.
Eu tentei me abster, mas algo
me impedia, e esse algo vinha lá do fundo do meu coração, era um resquício de
esperança à procura da felicidade, obrigando-me a aceitar, a permiti que
Michael me ajudasse. Bem, já estava na hora de superar tudo isso de vez não é
mesmo? Quem sabe o maldito destino, o mesmo que fudeu com a minha vida decidiu
ser bonzinho e me deixar em paz. Quer saber? Quem sabe era disso que eu
precisava, de um amigo, uma pessoa para me ajudar, para me mostrar
definitivamente que nem tudo estava perdido — não que minha concepção fosse
essa —, mas eu estava demorando demais para recuperar as forças do meu coração
que estava quebrantado.
— Por onde pretende começar? —
Perguntei o fitando, mostrando meu consentimento através do meu olhar
esperançoso lampejando.
— Por
onde você tem mais medo.
— Mas
eu tenho muitos medos.
— Me
refiro ao medo que te prende, o mesmo que não te permite fazer aquilo que mais
gosta.
Franzi
o cenho e contrai os lábios enquanto olhava-o. Medo que me prende? Não demorou muito para que eu descobrisse do
que ele estava falando.
—
Música. — Murmurei, e ele abriu um enorme sorriso.
—
Isso mesmo. Comece tocando comigo.
— Espera!
— arquei uma sobrancelha — Você está me pedindo para eu tocar com você?
—
Sim. — Ri sem humor. Ele só poderia está
de brincadeira não é mesmo?
— Eu
não posso fazer isso.
— E
por que não?
— Por
que...
— “Porque”
não é bem uma resposta, Lucy. — Frisou.
—
Não, não, Michael... Definitivamente, eu não posso fazer isso. — Fiquei
balançando a cabeça em negação.
—
Olha só pra você, — segurou no meu rosto, virando-o para eu olhá-lo — é por
isso que quero ajudá-la.
— Eu
já disse que não posso. É uma promessa que eu fiz a mim mesma.
—
Você disse que deixaria que eu te ajudasse? — Murmurou.
— É,
mas foi antes de você pedir para eu tocar com você. — Retruquei.
Ele
suspirou e abaixou a cabeça, mantendo-a na posição por alguns
instantes.
Está
bem, eu queria sim a ajuda dele, mas ele me pegou de surpresa com essa. Eu não poderia
simplesmente tocar com ele, provavelmente estava um pouco enferrujada, não
sei... Ainda tinha esses pesadelos — que eu tinha às vezes —, sem falar nos
flash backs que me pegavam de surpresa em certos momentos.
—
Está bem. — Michael murmurou quando ergueu a cabeça e passou a me fitar. — E se eu
te convidasse para ir à um lugar comigo, você iria? Vou fazer você recuperar o
seu alto astral. Eu não desisto tão fácil assim, Lucy.
— O
que você pretende se eu disser sim? Não irá me expor daquela forma como fez
agora lá no restaurante, não é mesmo? — Ele negou com a cabeça e com um sorriso
travesso nos lábios.
—
Apenas confie em mim. — Seu tom me fez pensar que ele estava tramando alguma
coisa, pior que eu nem imaginava o que poderia ser.
—
Incrível esse seu poder de persuasão. — sorri — Está bem. — Respondi quase a
contra gosto. Eu vi no brilho dos seus olhos uma trama contra mim, era como se
eu o conhecesse há décadas. Torcia para não me arrepender por ter aceitado.
—
Ótimo! Então amanhã quando você largar te levarei ao tal lugar, certo?
—
Claro! Espero não me arrepender por isso. — Respirei fundo.
— Na
verdade você irá me agradecer. — Disse com uma convicção que quase me convenceu.
Quase.
Sorri com o seu tom convencido.
— Ok
senhor convicto. O papo está ótimo, mas agora tenho que ir.
—
Ah... — Fez biquinho fingindo lamentação, e eu ri mais uma vez — Se bem que já
está um pouco tarde mesmo. — Disse quando olhou para o relógio prateado de
pulso.
Descemos
para o térreo, entramos no carro e Michael deu partida rumo a onde eu morava.
Durou cerca de uns 25 minutos para que chegássemos, e entre tantos assuntos
banais que conversávamos, eu nem tinha me dado conta que Michael sabia
exatamente o endereço. — Mas como pode
isso?
—
Prontinho, está entregue. — Disse quando parou e desligou o carro.
—
Michael? —franzi o cenho — Como sabe que moro aqui?
Ele
riu balançando a cabeça.
—
Ué... Você é sobrinha do Mario, e eu já vim aqui antes.
—
Ah... Entendi. Bem... Na verdade eu sou sobrinha mulher do Mario, sabe?
—
Sério?
—
Sim, mas eu o considero como um tio também. Mas em fim... Tenho que entrar. — Disse
e o silêncio permaneceu por alguns instantes dentro do caro enquanto olhávamos
intensamente um para o outro.
Desvencilhei
os meus olhos dos de Michael e abri a porta do carro, mas antes que eu pudesse
sair, senti a mão dele segurar no meu braço delicadamente.
—
Lucy? — Virei-me para olhá-lo. — Você está esquecendo algo. — Disse com a voz delicada
e sensual. Meu Deus. Fiquei gelada, não... Fiquei verde ou todas as corres
possíveis. Senti meu coração acelerar com o toque da sua mão. Mas que droga era aquela? Por que eu estava
assim?
Ele
se esticou para capturar minha bolsa que estava no banco de trás que eu havia
deixado quando descemos do carro para subir no prédio, e logo depois me
entregou.
— Sua
bolsa. — Disse, e eu senti certa tranqüilidade quando se tratava da bolsa.
—
Obrigada... — Agradeci murmurando.
Vi
ele se inclinar — agora para perto de mim — e senti um beijo castro queimando a
minha bochecha.
— De nada, Lucy. Vejo você amanhã. — Assenti e saí do carro. Acenei para ele
quando já estava na porta da casa, ele sorriu com aquele sorriso galanteador e
foi embora.
Nossa...
Aquela noite tinha sido a noite das surpresas, intensa e cumprida para mim.
Tirei meu uniforme e vesti uma
roupa que levei na bolsa. Uma camiseta preta com poucos detalhes, uma calça
jeans justa com um detalhe rasgado no joelho e minha bota cano médio. Fui até o
espelho, passei um gloss de cor nude e soltei meus cabelos. Quando saí do
banheiro, dei de cara com a Sharon e com outro garçom que me olharam da cabeça
aos pés.
— Vai se legal. Você vai ver. —
Ele disse enquanto caminhávamos em direção as pessoas que continuavam cantando.
— Claro. — Nick pegou o violão
do chão e deu para Michael. — Toma conta do meu bebê. — Brincou, Michael
assentiu e Nick saiu do nosso campo de visão.
Capítulo 9
Michael
Quando cheguei
ao meu apartamento, tratei logo de tomar um banho e me deitar na minha enorme
cama confortável. Ajeitei o meu travesseiro, apoiei minha cabeça e me virei
ficando de decúbito dorsal enquanto olhava para o teto
pensando na Lucy. Sim, ela estava tomando a metade dos meus pensamentos, e cada
vez que fazia isso um sorriso despontava-se nos meus lábios.
Só de lembrar-me daquele sorriso lindo e ainda sim com um
resquício de tristeza na ponta, alegrava minha cabeça, assim como alegrara
esses dois dias que nos conhecemos. Mas
como uma garota tão linda com ela sofria tanto? E por quê? Mas eu estava
disposto a ajudá-la, e como ela não quis falar sobre o tal assunto, eu teria
que ser bastante solícito para descobrir o que a traumatizava.
(...)
— Acorda Michael! — Ouvi a voz da minha mãe enchendo os meus
ouvidos. — Anda Michael!
Abri meus olhos lentamente e a vi parada, de braços cruzados
olhando para mim, esperando eu me levantar. Droga, pior que se eu não fizesse
isso, ela iria ficar me sacudindo até eu estar de pé.
— O que faz aqui tão cedo? — Murmurei — Ou melhor, como entrou
aqui?
— Michael, eu sou a sua mãe. — Ressaltou — Inclusive a
recepcionista que me meu a chave do seu apartamento sabe disso. — Disse
irônica.
— A senhora não respondeu a minha pergunta? O que faz aqui
tão cedo? — Perguntei em meio ao bocejo.
— Seu pai disse que você fez uma
pequena apresentação ontem? Michael,
você está bem?
— Melhor impossível. Por quê? — Perguntei
tranquilamente, levantando-me da cama e ainda um pouco sonolento. Calcei meus
chinelos e me conduzi até o banheiro para escovar os dentes. Ela veio atrás de
mim.
— Não sei. Talvez porque fazia
tempo que você não se apresentava... Por você ter ido atrás da nova garçonete e
não ter voltado mais. — Agora ela insinuou. Como
as notícias correm rápidas!
Olhei para ela que estava
encostada na porta do banheiro e franzi o cenho. Logo deduzir que minha mãe
tinha ido ao meu apartamento para falar da Lucy. Terminei de escovar os dentes,
saí do banheiro e fui para a cozinha com ela me seguindo.
— O que quer saber dona Kathe? — Perguntei enquanto vasculhava a geladeira à procura
de alguma coisa.
— O
que está acontecendo. Por que você decidiu tocar ontem? — Eu continuava
vasculhando a geladeira. — Michael?! — Chamou a minha atenção. — Está me
ouvindo?!
— Estou.
— Virei-me com as mãos vazias. Meu suco de laranja havia acabado. — Queria
ajudar uma pessoa. — Eu disse enquanto colocava uma chaleira com água no fogo
para preparar um café, já que não tinha suco.
—
Ajudar uma pessoa?
—
Sim. Lucy, a nova garçonete do restaurante. — Murmurei e sentei-me na mesa, e
logo ela fez o mesmo.
— E por quê?
— Por que sinto que ela merece. Ela
precisa — Eu disse olhando para o mármore da mesa enquanto me lembrava dela. — Ela não é
comum. Tem alguma coisa dentro de si que eu não sei como chamar.
— E o que tocar tem a ver com
isso?
— É
uma longa história mãe.
Ouvi a
minha mãe suspirar hesitante antes de voltar a falar.
—
Michael, você está... Ficando com essa moça? — Perguntou.
— O
que? Não, é claro que não.
— E
por que esse interesse?
—
Mãe, quando presenciei ela tocar pela primeira vez eu me aproximei e a elogiei,
mas ela negou que sabia tocar bem. E eu não entendi o porquê daquilo.
—
E...? — Arqueou as sobrancelhas esperando que eu desse continuidade.
— E que
ela toca, só não toca como também canta, e muito bem. — Enfatizei. — E isso de
alguma forma a deixa triste. — Concluí.
—
Triste? Como? — Minha mãe ainda parecia não entender.
— Não
sei direito, mas quando se trata de música ela parece voltar ao passado, um
passado que trás lembranças dolorosas.
—
Você deve está exagerando, Michael!
—
Não, não estou. Tanto que ontem à noite eu a chamei para subir no palco, e sabe
o que ela fez? Ficou estática e depois saiu correndo. Ela simplesmente fugiu da
situação.
— Aí
você foi atrás dela?
—
Sim, por isso eu saí atrás dela. Quando a encontrei ela estava quase chorando.
Puxei assunto e ela disse que aquilo lhe deixava triste. Eu me senti culpado
por tê-la colocado naquela situação.
— Mas
acredito que você não teve culpa.
— É, talvez
não, mas eu deveria ter percebido quando a vi pela primeira vez e quando toquei
no assunto enquanto tomávamos um café.
—
Você já tomou café com ela? — Franziu o cenho. Estava surpresa.
— Eu
a encontrei por acaso e a convidei para tomar um café. Mas isso não vem ao caso
agora.
—
Ainda acho que você deve estar exagerando!
— Mãe,
quando
a fitei nos olhos e, num lampejo de compreensão, entendi como deve ser a sua
vida apesar de não saber o que aconteceu com ela. Acredite, ela sofre com isso.
Minha mãe revirou os olhos e
respirou fundo.
— Sabe o que eu acho? — Apoiou os
cotovelos na mesa. — Que você está apaixonado. Michael, você está apaixonado
por essa moça?
Me senti um pouco desconfortável
com essa pergunta.
— Eu só quero ajudá-la, só isso.
— Me levantei para tentar disfarçar e me direcionei ao fogão para preparar o
café.
— Michael, eu te conheço. —
Sorriu. — Eu sabia que algo estava te prendendo aqui. Claro... É essa tal de
Lucy! É esse o nome dela, não é?
Sorri e fiquei calado até
terminar de coar o café, enquanto minha mãe ficava deduzindo em alto suas
possibilidades.
— Michael? Está me ouvindo? —
Chamou minha atenção.
— Até por demais, dona Kathe. — Voltei para a mesa colocando duas xícaras com café
sobre a mesma e me sentei.
— Mas
me diga meu filho. Ela é bonita? — Seus olhos brilhavam com a curiosidade
enquanto tomava um gole.
—
Sim, muito bonita. — Respondi levando a xícara até os meus lábios, e também
tomando um gole.
— E
como ela é?
— Ah,
ela é esguia, pele bronzeada e delicada, é... Seus cabelos são cumpridos... —
Dizia lembrando-me de cada detalhe de Lucy. Tenho certeza que meu semblante
estava abobalhado nesse momento. — Seus olhos... São negros e...
— Eu
disse! — Me interrompeu. — Você está caidinho por essa moça.
Não
nego que a Lucy chamou muita a minha atenção, mas não, não era paixão, ainda. Só nos conhecíamos há dois dias e
eu não queria me precipitar em relação aos meus sentimentos. Mas de qualquer
forma eu tinha que me aproximar mais dela, e era isso que eu estava disposto a
fazer.
— Tá,
dona Kathe. Ela é bonita e encantadora. Apesar do seu jeito um pouco fechado. —
Confessei para a minha mãe. — Ela chamou a minha atenção. — Ela abriu a boca
hesitante em falar.
—
Michael... Cuidado filho, você viu no que deu com a Sara e...
— Mas
ela está longe de ser como a Sara. — Interrompi-a. — Ela é diferente.
—
Hum... Sei não viu! — Me olhou feio. — Por via das dúvidas, eu quero
conhecê-la. — Esbugalhei meus olhos.
— O
que?
—
Sim. Preciso saber quem é a mulher que está roubando o coração do meu filho.
— Ah
mãe. Lá vem você com essa! — Revirei os olhos.
— Se
você não levá-la lá em casa, eu irei até o restaurante. — Me ameaçou.
— Está
bem. — Me rendi. — Mas não hoje.
— E
por que não?
—
Porque a levarei para um lugar especial depois que largar.
—
Está vendo. Você está apaixonado! — Exclama mais uma vez.
—
Desisto mãe. — Digo revirando os olhos. — Vamos mudar de assunto. E o meu Pai?
Já foi para o restaurante. — Perguntei.
—
Quando acordei, ele já não estava mais na cama. Então acredito que sim.
—
Ah... — Tomo mais um gole do café. — Vou ajudá-lo com os assuntos do
restaurante.
— Claro
que vai. Principalmente agora que tem um motivo para ficar por lá. — Se expressou,
deixando subentendidas suas palavras
— Já
vi que a senhora vai ficar me enchendo muito com essa história. — Retruquei e
ela sorriu, se divertindo com a minha cara.
Passamos
mais um tempinho conversando e depois que ela foi embora, eu tomei um banho, me
arrumei e fui para o restaurante, apesar de saber que a Lucy só iria trabalhar
pela tarde.
Capítulo 10
Lucy
— Rose? — Gritei enquanto
descia às escadas. — Já estou indo trabalhar. Só um aviso: voltarei tarde. — Me
direcionei até a porta, e quando estava prestes a sair, ouvi a Rose me chamar. Virei-me
para fitá-la.
— O que vai fazer depois que
largar? — Indagou. Estava com o cenho franzido e enxugando suas mãos em um pano
de prato.
— Ah, vou dá uma volta.
— Com quem? — Já estava
começando um interrogatório. Mas claro que me limitei a falar com quem iria.
— Com uma amiga lá do
restaurante. Não se preocupe. Ficarei bem.
— Está bem. — Balançou a cabeça
com uma expressão de quem estava achando estranho. Mas não dei bola. Apenas saí
e fui para o restaurante.
(...)
O expediente foi tranquilo.
Nenhum dos funcionários comentou sobre o que tinha acontecido na noite anterior,
e graças a Deus o Sr. Joe também não me chamou a atenção, se não eu estaria
ferrada.
Ouvi uma conversa ente os
funcionários da cozinha que o Michael iria voltar a trabalhar com pai no
restaurante. E sim, consegui avistar o Michael duas vezes de relance, e nessas
duas vezes ele sorriu pra mim com àquele ar de quem vai aprontar. Eu apenas
retribuí o sorriso timidamente e continuei com o meu trabalho.
— Lucy? — Ouvi a Sharon me
chamar. Me virei para olhá-la. — O Sr.
Jackson quer falar com você. O filho. — Concluiu ressaltando “o filho”. Juro,
eu juro que gelei nessa hora. O que danado o Michael queria comigo? Ainda não
estava na hora de sairmos como o combinado. Mas tudo bem. Sem inquirir nada, me
direcionei até o escritório e dei três leves batidas na porta e logo ouvi um “entre”.
E assim eu fiz, entrei e dei de cara com Michael encostado na frente da mesa do
seu pai e de braços cruzados.
— Queria falar comigo? —
Murmurei, olhando para os quarto cantos da sala.
— O Sr. Joe já foi embora. Se
for quem está procurando. — Ele disse quando percebeu que eu estava temendo de
que seu pai aparecesse do nada.
— Sharon disse que queria falar
comigo.
— Sim. Está pronta? — Perguntou com tranqüilidade.
— Não, Michael. Meu turno ainda
não acabou. — Lembrei-o.
— Acabou sim.
— E quem disse isso? —
Indaguei. Ele levantou mais a cabeça e franziu o cenho.
— Eu. — Respondeu e sorriu lindamente.
Ah, eu saquei. Como ele era filho do Sr. Joe também citava algumas ordens por
ali.
Limitei-me para não contestar, talvez fosse bom, só assim iríamos logo a esse lugar
que ele queria me levar e depois voltaríamos para casa.
— Lucy? Você vai assim? Com
esse uniforme? — Brincou com um sorriso contido nos lábios. Rolei os olhos
querendo rir junto com ele.
— Vou tirá-lo ok Sr. Jackson? —
Ele assentiu e eu saí da sala, me conduzindo para o banheiro sem comentar nada
com nenhum dos outros funcionários.
— Uau... Já vai? — Sharon perguntou.
— É... — Pigarreei e quando
olhei para o lado, o Michael vinha em minha direção.
— Vamos Lucy? — Parou ao meu
lado e cumprimentou cordialmente Sharon e o outro garçom. Com certeza isso iria
causar fofocas entre os funcionários depois que saíssemos. Mas que se dane, eu
não devia nada a ninguém mesmo.
— Vamos! Tchau pra vocês. —
Acenei um pouco acanhada e eu e Michel sairmos porta a fora do restaurante.
(...)
— Michael, para onde estamos
indo? — Perguntei quando já estávamos dentro do carro a caminho de algum lugar
que o Michael não quis me dizer.
— Você vai ver. — Olhou para
mim por alguns instantes, sorriu e depois voltou a prestar a atenção na
estrada. — Você está muito bonita. — Na mesma hora senti meu rosto esquentar
com o que ele proferiu. Mas o que?
Onde ele queria chegar com isso? Eu estava de jeans, bota e camiseta, e não
dentro de um vestido deslumbrante.
— Obrigada. — Balbuciei.
Ficamos conversando sobre
coisas sem importância e quando me dei conta, Michael estava forçando o seu GTO
subir por uma pequena barreira onde dava pra ver o letreiro de Hollywood bem de
perto, lá no alto do morro. Abaixei o vidro da janela do carro e fiquei contemplando
o letreiro. Deus era muito, mais muito bonito de perto. Saí do meu estado de
êxtase quando o carro começou a cambalear por conta do terreno áspero e
íngreme. Passei meus olhos pelo o ambiente e avistei de longe uma pequena
fogueira jogando pequenas faíscas no ar, e ao redor dela um grupo de pessoas
sentadas no chão cantarolando alguma coisa enquanto outros tocavam violão. Era
uma espécie de Luau. Tá, mas o que
significava àquilo?Por que Michael me levara ali?!
— Michael? — Olhei para ele
esperando uma explicação.
Ele parou o carro um pouco
distante do pessoal — pois não dava para ir mais além por conta do caminho
árduo — e virou-se pra mim, me fitando com seriedade.
— Olha Lucy. Ta vendo aquele
cara que está tocando à esquerda da moça de blusa branca? — Apontou e eu
assenti, demonstrando que estava vendo o homem. — Quando voltei pra cá ele me
ligou me convidando para vir até esse evento organizado por ele duas vezes no
ano. Bem, eu não queria vir sozinho, então eu conheci você. Não vamos fazer
nada além de marcar presença. Está bem?
— Mas não é proibido as
pessoas virem aqui? — Perguntei confusa.
— Sim, é sim, mas o Mark
consegue autorização. Não se preocupe. — Disse para me tranquilizar.
Assenti um pouco receosa e saí
do carro, seguido de Michael.
Quando chegamos perto, o homem
que Michael tinha me falado nos olhou e nos lançou um amplo sorriso, e gesticulou
para que sentássemos. E assim fizemos.
Confesso que quando cheguei me
senti um pouco perturbada. Tá, eu sei que parece exagero, mas eu tinha perdido
alguém muito importante e qualquer coisa que se relacionasse à música me
deixava assim.
Apesar de saber que aquilo possivelmente
iria me causar pesadelos durante a madrugada, eu decidi ficar e enfrentar à
situação. Afinal, eu estava com o Michael e ele disse que iria me ajudar com
isso. E então, fugir para que?
Mais de meia hora se passou e
aquele pessoal ainda não parava de cantar, agora ao som de More Than Words de
Extreme. Até que comecei a ficar à vontade quando vi todos interagindo com os
que estavam tocando violão. Olhei para o Michael que estava sentado ao meu lado, com um sorriso largo no rosto e cantarolando junto com as outras
pessoas. Acho que ele nem percebeu que eu o observava.
Quando a música acabou todos
começaram a aplaudi e os burburinhos ecoaram pelo ambiente.
— Aí pessoal? Intervalo de 5
minutos. — Disse um dos homens que estava tocando violão. As pessoas assentiram
e começaram a se entreter com outra coisa— Aí, Michael? Não vai me dá um abraço
não parceiro? — O homem perguntou brincando enquanto se levantava. Seguido
disso, Michael levantou e abraçou o homem. Sim, claro que eu também me
levantei.
— Cara... Você está ótimo,
Nick. — Michael disse quando os dois desfizeram o abraço.
— Você também, Michael. — Olhou
para mim. — Sua namorada? — Minhas bochechas esquentaram quando o tal do Nick
perguntou fazendo um gesto de cabeça para mim.
— Não, Lucy é só uma amiga. —
Michael respondeu me olhando com veemência.
— Ahm... É, somos só amigos. — Eu
tinha ficado vermelha e tímida.
— Ah, sério? — Nick franziu o
cenho. — Que pena, vocês formam um belo... — Limitou-se a completar o que
dizia. — Esquece! Aí, cara, é bom te ver. — Tocou no ombro de Michael. — Vou
ali tomar uma água. — Michael assentiu e Nick começou a se distanciar de nós.
— Aí Nick — ele virou nos olhou
— Você ainda vai tocar?
— Eu? Não, não. Meus dedos já
estão doendo. — Sorriu — Vou deixar os outros manos tocarem. Por quê? — Michael
olhou para mim muito hesitante do que estava prestes a fazer.
— Me empresta seu violão? —
Arregalei os meus olhos quando Michael fez tal pedido. Mas o que ele estava fazendo?
Michael apenas olhou para mim
novamente com aquele rostinho sapeca, pegou na minha mão e começou a andar,
puxando-me com ele, subindo pelas barreiras com cuidado levando o violão junto
até chegarmos ao letreiro de Hollywood. E o incrível foi que eu permiti que ele me
levasse consigo sem protestar absolutamente nada.
Capítulo 11
Lucy
— Michael, o que você vai fazer?
— Perguntei temerosa da resposta.
— Tocar. — Respondeu
tranquilamente.
— Tocar?
— Lucy, — virou-se para mim. —
confie em mim.
Michael sentou-se no chão
próximo a primeira letra L do letreiro, encostou-se na mesma e gesticulou para
que eu fizesse o mesmo. Nossa, era muito grande aquelas letras. Eu fiquei
olhando-o, esperando que ele começasse a tocar assim como tinha dito, mas para
a minha surpresa ele não fez nada além de posicionar um acorde na primeira casa —
de maneira errada — e ficar me enrolando com um ridículo dedilhado nas cordas
primas. Não, absolutamente o Michael não sabia tocar violão.
— Lucy? — Murmurou por mim.
— O que é Michael?
— Eu acabei de lembrar que eu
não sou muito bom com violão. Poderia tocar alguma coisa pra mim. — Eu deveria ter imaginado. Ele fez isso
de propósito.
— Eu não sei tocar violão,
Michael. — Eu disse. Ele me olhou com
aquela cara de reprovação. Ele sabia que eu estava mentindo.
— Você sabe sim. — Disse com um
sorriso sagaz. Pegou na minha mão e começou a analisar as pontas dos meus
dedos. — Você tem rastros de calos na ponta dos seus dedos. Isso denuncia você.
— Merda! Michael descobria tudo sobre
mim.
— Eu já disse que não posso
tocar. Vem cá. Por acaso você me trouxe aqui já para isso?
— É... Talvez. Eu já disse, eu
só quero ajudar você Lucy. Acho que já está na hora de dar o primeiro passo. —
Disse e estendeu o violão para que eu apoiasse nas minhas pernas. — É só um
violão.
Olhei seriamente para ele e
puta merda! Ele tinha razão. Era só um violão, e eu tinha apenas que formar
alguns acordes e encaixá-los em uma melodia. Pronto.
Cruzei minhas pernas e ainda
muito hesitante posicionei o violão sobre as minhas coxas, formei um acorde
segurando firme no braço do violão e fiquei paralisada por alguns instantes,
segundos, minutos talvez.
— O que você quer que eu toque?
— Perguntei.
— O que você quiser. — Fora a
única coisa que Michael respondeu enquanto continuava olhando para mim, muito
ansioso para que eu começasse a tocar.
Então está bem, ele disse que
eu tocasse o que quisesse. Então, que
assim seja.
Com muito esforço, me obriguei a
fazer os primeiros acordes. O som das cordas ainda saia um pouco tímido devido à
timidez que estava sentindo com Michael me olhando daquele jeito.
— Vamos lá Lucy, eu sei que
você pode fazer mais do que isso. — Quis me incentivar, e conseguiu. Ele estava
coberto de razão, eu sabia mais do que aquilo. Nas minhas veias corria música e
estava na hora de eu deixar meu coração bombeá-la mais uma vez.
Coloquei minha mão sobre todas
as cordas e quando o som já estava todo abafado, posicionei um novo acorde e
voltei a tocar, só que dessa vez outra música, uma que eu gostava bastante.
Michael ficou me olhando com
muita atenção, e parecia maravilhado enquanto eu tocava.
Quando terminei de tocar,
Michael começou a aplaudi, me deixando vermelha como um pimentão. Timidamente,
deitei o vilão nas minhas pernas e comecei a batucar com as unhas nas costas do
mesmo, enquanto evitava o contato visual com Michael.
— Ei — segurou no meu queixo e
levantou minha cabeça para fitar meus olhos — Eu juro, eu juro que eu não fazia
ideia que você era tão boa com um violão quanto é no piano. — Sua voz
demonstrava admiração. — Vo... Você é
maravilhosa. — Abri um sorriso contido.
— Obrigada. — Agradeci.
— Mas me diga uma coisa. Guns
N’ Roses? — Frisou a pergunta. Ergui minha cabeça e o fitei.
— Não. Bob Dylan.
— Sério? — Perguntou de cenho
franzido.
— Sim. Sério que você não
sabia?
— Sempre pensei que essa letra
fosse do Guns.
— Muitas pessoas pensam. Mas é do Bob, e foi regravada por diversos artistas, dentre os quais a banda Guns, Eric Clapton, Babyface e muitos outros.
— Ah... — Esticou o murmúrio, e
ficou me olhando com um magnetismo, enquanto eu sentia meu coração acelerar. Juro
que tentei desvencilhar meus olhos dos seus, mas o imã que estava entre nós
naquele momento não me permitiu.
— O que foi? — Finalmente
consegui pelo menos balbuciar alguma coisa, mas tenha a certeza de que foi com
muito esforço. Não era pra menos, o Michael estava me olhando com toda aquela
veemência que comecei a me senti perdida nos seus olhos.
— Você! — Michel parecia está em
estado de hipnose. Sua voz era um pouco rouca no momento e ao mesmo tempo
suave.
Eu não falei nada, ainda estava
presa naquele olhar.
A noite estava linda, e lá do
alto, parecia que a lua estava mais perto da terra do que o normal, e as
estralas estavam mais nítidas, no mesmo tom da cumplicidade da noite.
O vento estava forte lá no alto
que o seu ímpeto batia nos cabelos de Michael, fazendo os mesmos ficarem
voando, deixando-o muito, mais muito sexy. Meu
Deus, eu estava pensando nisso mesmo?
Com muita lentidão, Michael tirou
o violão de cima das minhas pernas e o encostou do outro lado na letra L do
letreiro. Eu não imaginava no que ele estava prestes a fazer, mas comecei a ter
uma noção quando ele começou a se aproximar de mim e quebrar a nossa conexão,
desviando seus olhos para os meus lábios que estavam entre abertos tentando
proferir algo.
Eu fiquei paralisada, porque
simplesmente eu não sabia como reagir naquele momento, e juro que fiquei gelada
quanto senti os dedos de Michael tocarem no meu rosto e colocarem uma mecha de cabelo
atrás da minha orelha.
— Michael, o que está fazendo?
— Murmurei a pergunta, mas Michael parecia não entender direito.
— Você é tão linda. — Meus
batimentos já estavam tão exagerados nesse momento que pensei que meu coração
iria sair do lugar. — Que droga Lucy. Eu
desejo tanto beijar esses seus lábios. — Disse com seriedade e voltou a me
encarar. Eu fiquei abobalhada com o que ele acabara de dizer, e mais ainda por
sua sinceridade. Fiquei sem reação quando ele espalmou sua mão entre minha
bochecha e minha linha mandibular com mais firmeza, e começou a aproximar seu
rosto do meu. Eu já estava totalmente desprovida de forças, conseguia
apenas senti sua respiração forte e seu hálito quente tocando levemente meu
rosto enrubescido. Droga... Foi nesse
momento que eu também comecei a senti uma vontade desesperadora de beijá-lo. Mas
eu tinha que me conter.
— Acho melhor voltarmos... Lá
pra baixo. — Pigarreei, mas Michael não estava nem aí com o que eu dizia, continuava
devorando meus lábios apenas com os seus olhos.
— Espero que me desculpe, mas
eu não consigo mais aguentar essa ânsia torturante, Lucy. — Disse com a voz
sedutora e antes mesmo que eu pudesse impedir algo, seus lábios quentes já
estavam sobre os meus, beijando-me com uma ternura inimaginável. Logo ele
começou a pedi passagem com a língua, e nesse momento minha boca parecia ter ganhado
vida própria quando se abriu e recebeu a língua de Michael com vontade, com
volúpia. Minhas mãos voaram para seus cabelos e meus dedos penetraram
em seus cachos, apertando mais seus lábios nos meus.
Michael pôs uma de suas mãos na
minha cintura e apertou firme, logo nos levantamos do chão nos beijando. Sim,
eu estava totalmente entregue a esse beijo que tenho que admitir que estava
muito gostoso, principalmente quando ele passou a se tornar em um beijo sôfrego
pelo nosso desespero e cálido pela paixão intensa do momento. Sem querer,
quando percebi Michael arfando, minha garganta soltou um pequeno gemido.
— Michael, — sussurrei quando
consegui me soltar um pouco — o que...
— Não diga nada. — Interferiu-me
e voltou a colar nossos lábios, os mesmo que sentia inchados. Acabei cedendo
mais uma vez. Ele mordeu meu lábio inferior, puxando-o, depois me dando um
tempo para respirar e logo me beijando de novo por muitos minutos ofegantes,
até que senti um sorriso despontar-se entre o beijo, e quando finalmente
consegui desfazer, olhei para Michael e ele estava sorrindo lindamente para
mim.
— Lucy? — Sussurrou.
— Michael? — Sussurrei.
Estávamos muito, muito ofegantes.
Ele
riu de novo, uma risada linda, aquele sorriso incrível ainda no rosto. Céus, o que eu estava fazendo?
Capítulo 12
Lucy
Michael
encostou sua testa na minha e eu fechei os olhos sentindo uma sensação de
renovação. Ele beijava muito gostoso, e a contra gosto, tenho que admitir
que degustei bem do seu beijo. Seus lábios tão macios, sua língua tão hábil. Mas
eu não sabia se estava preparada para àquilo. Eu não sei!
— Eu
tenho que ir. — Saí dos seus braços, mas antes que eu pudesse dar-lhe às
costas, ele puxou-me pela cintura, fazendo-me soltar um gritinho por causa do
impacto dos nossos corpos.
—
Espera! — Nesse momento ele me olhava com uma expressão vamos supor que...
Curiosa ou arrependida, talvez. Também com a cara que eu estava ele deve ter
percebido que eu fiquei sem jeito. E o clima tinha ficado muito estranho entre
nós.
—
Michael... — Tentei falar, mas fui interrompida por ele.
—
Você quer ir assim por causa do beijo? Se for... me desculpe, é que eu simplesmente
não consegui me controlar e... cheguei a pensar que... você queria. — Murmurou.
— Michael,
isso não deveria ter acontecido. — Michael franziu o cenho.
— Por
que Lucy? Ahr... Eu beijo mal? — Perguntou e deu um sorriso sem graça.
—
Não! — Respondi de imediato. — Você beija muito bem! — Ressaltei e logo em
seguida, percebendo o que eu acabara de falar, me arrependi. — Quer dizer...
Nada disso, Michael. A questão não é essa.
— E
qual é a questão? Quero entender!
—
Michael... Um dia você vai saber, mas não hoje. — Eu disse, e ele acariciou meu
rosto com seus dedos.
— Vou
mesmo? — Perguntou agora com um semblante sério. Eu respirei fundo, muito
hesitante no que iria perguntar, mas acabei cedendo à vontade.
—
Você entrou nessa por que, Michael? — Seu semblante sério passou a ficar
tranqüilo.
—
Você sabe o porquê, sempre soube.
—
Michael, eu sou muito complicada.
—
Ótimo, eu também sou. — Ele tinha resposta pra tudo.
— Eu
tenho muitos problemas.
—
Agora tem mais um. — Retrucou. Eu poderia até prosseguir com isso, mas acabei
ficando confusa com o que ele dissera.
— Ãm?
— Tem
um problema. Eu acho que estou... — Ponderou um pouco, me encarando. — Apaixonado.
— Murmurou.
Esbugalhei
meus olhos, atônita diante daquela confissão. Como ele poderia estar apaixonado
por mim há tão pouco tempo?
—
Michael, o que você está dizendo? — Murmurei.
—
Isso mesmo. Eu confesso que estou apaixonado. Admito, não vejo problema nisso.
— A cada palavra sentia meu rosto esquentar.
—
Isso é impossível...
— É
verdade, e eu não paro de pensar em você. Também é verdade que fico olhando
você passar enquanto trabalha, pelas persianas do escritório do meu pai. Me
desculpe, mas eu não consegui evita.
Fiquei
calada, encarando-o, e depois, o que eu falei? Nada! Sabe o que é nada? Pronto,
foi assim que fiquei. Tirei suas mãos da minha cintura e comecei a me afastar
dele, que nem sequer me impediu.
Muitas
coisas começaram a povoar na minha cabeça enquanto eu descia com cuidado pelas
barreiras. Logo percebi Michael vindo atrás de mim, trazendo consigo o violão
do seu amigo.
—
Lucy! — Segurou na minha mão quando conseguiu me alcançar.
—
Eu... Eu tenho que ir embora. — Balbuciei.
— Olha,
eu sei que deve estar muito confusa, mas deixe-me levá-la pra casa. — Consenti
com a cabeça e ele afastou-se de mim para entregar o violão ao seu amigo.
Enquanto
ele voltava caminhando graciosamente, eu revezava meu olhar entre ele e o
letreiro de Hollywood. Com certeza eu nunca iria esquece o que acontecera lá em
cima. Meus lábios queriam se abrir para despontar um sorriso, mas eu
obriguei-os a ficarem quietos, pois Michael estava se aproximando cada vez mais
de mim.
—
Vamos? — Falou comigo.
—
Sim. — Assenti e entrei no carro, seguido de Michael, que logo ligou o veículo
e nos tirou dali catando pneu.
(...)
O
silêncio que reinava dentro do carro durante todo o percurso era monstruoso. Eu
não sabia o que falar e muito menos o que fazer. Nem pro Michael eu olhei
durante o caminho, e quando me dei conta já estávamos em frente a minha casa e
Michael já tinha desligado o veículo.
—
Chegamos. — Ele disse quebrando o silêncio.
—
Muito obrigada, por... Me trazer. — Agradeci e quando me virei para abrir o carro,
Michael me chamou.
—
Lucy? — Eu congelei e depois me virei para olhá-lo. — Independente do que você
esteja pensando, só espero que não tenha afetado nossa amizade, de poucos dias.
— Destacou “de poucos dias”. Eu sorri minimamente.
— É
melhor esquecermos o que aconteceu certo? — Ele assentiu. — Então nesse caso,
está tudo bem.
— É.
— Michael respirou fundo e soltou o ar pesado que estava preso em seus pulmões.
—
Tchau. — Recebi um “tchau” de volta e me direcionei a entrada da minha casa,
sem olhar para trás.
Quando
já estava dentro de casa e prestes a subir à escada para ir pro meu quarto,
levei um breve susto quando a luz da sala foi acesa e a voz eufórica de Rose
ressoou pela sala.
— Não
acredito que você está saindo com Michael Jackson!
—
Rose?!
—
Rose nada. — Colocou as mãos na cintura e ficou me encarando com um sorriso
insinuativo. — Mas que safada você é, garota. — Esbugalhei meus olhos. — Está
saindo com o Michael e nem me falou!
Me
aproximei dela e franzi o cenho.
—
Você estava me espionando, dona Rose? — Indaguei. Ela riu.
—
Não! — Negou.
—
Hum... — Lhe lancei um olhar desconfiado.
— Não
vai me contar, não é mesmo? — Revirei meus olhos e puxei-a para sentar-se
comigo no sofá.
— Eu
e o Michael fomos a um luau essa noite. — Eu disse.
—
Luau? — Perguntou de cenho franzido. Eu assenti com um gesto de cabeça. — Onde
fazem uma rodinha de pessoas? — Assenti mais uma vez. — Cantando e tocando? —
Enfatizou.
—
Sim. — Respondi tranquilamente. Mas eu sabia o porquê da reação dela. Afinal,
ela sabia que eu não queria ter nenhum contato com qualquer coisa que se
relacionasse a música.
—
Está acontecendo alguma coisa, Lucy? — De repente ele passou a me olhar
seriedade.
— Por
que a pergunta, Rose?
— Não
é obvio? Você foi para um luau. — Ressaltou deixando bem claro onde queria
chegar.
— Eu
sei que é estranho, mas isso é bom. Está me ajudando a... Você sabe! — Frisei e
dei de ombros. Ela esbugalhou um pouco os olhos a abriu a boca em um ‘O’.
—
Você e o Michael fizeram... nheco nheco?
— O que é isso? — Perguntei
descrente do que a Rose havia perguntado. Que
absurdo!
— Ah, você sabe... nheco nheco.
— Somos só amigos. — Ressaltei.
— Tem certeza? Ele é muito
bonito.
— Ah, Rose, sério que você está
me perguntando isso? —Indaguei.
— Então... Não? — Ela perguntou
com expectativa.
— Claro que não Rose. Já disse
que somos apenas amigos.
— Hum... Então ta. — Falou
desconfiada. Revirei os olhos e me levantei.
— Olha, estou morrendo de sono.
Vou subir. — Eu disse e ela assentiu.
Catei minha bolsa e subi para o
quarto, trancando a porta do mesmo. Joguei a bolsa em um canto qualquer e me
larguei sobre a cama.
— Ai
meu Deus, o que está acontecendo? — Perguntei olhando para o teto. Levei minha
mão até meus lábios e fiquei tocando-os, lembrando de quando eles estavam sendo
tomados pelos os do Michael. Aquele mesmo sorriso que eu segurei perto dele despontou enquanto eu me lembrava do que ele dissera pra mim. Meu
Deus, ele disse que estava apaixonado por mim! Eu não queria admitir, mas eu
senti uma sensação boa quando ouvi a tal declaração. O que deveria fazer? Eu deveria me preocupar ou até mesmo me afastar,
mas não, algo desconhecido por mim não me permitia fazer isso. E eu também não
queria. Pronto, falei!
Capítulo 13
Lucy
Uma
semana havia se passado, e eu e Michael tínhamos trocados apenas algumas
palavras durante esse tempo. Eu só estava tentando fugir do clima chato que
seria se eu e ele parássemos para conversar.
O dia
amanhecera chuvoso, e durante a noite não foi diferente. A chuva não dava
trégua e estava mais forte do que nunca. O restaurante estava com o movimento
fraco, e isso nos deixava um pouco desocupados.
Eu
tinha o visto duas vezes na noite, e nessas duas vezes eu evitei chegar perto
dele, — de novo — pois ficaria sem ter o que falar por conta daquela beijo. E
quando percebia que ele tentava se aproximar de mim, eu fugia para outro lugar
do restaurante.
—
Então quer dizer que você e o Michael não estão mais saindo? — Ouvi a Sharon me
perguntar.
— Não
estávamos saindo coisa nenhuma, Sharon. — Repreendi-a. — Só fomos há um lugar
na sexta-feira. Somos amigos. Só isso!
—
Sei... — Sibilou irônica. — Mas mesmo assim, se ele te der uma oportunidade,
agarre-a. Além de ser lindo, ele é um bom homem. — Ressaltou e saiu de perto de
mim, deixando-me confusa. O que ela quis
dizer com isso? — Perguntou meu consciente.
(...)
Finalmente
tinha largado, e mesmo com a chuva forte que caia lá fora, eu saí do
restaurante, indo para a parada do ônibus. A rua estava escura e o guarda-chuva
que eu usava para me proteger da água estava quase se quebrando por conta do
vento forte. Continuei andando até que percebi um carro se aproximar de mim,
fiquei assustada e comecei a acelerar os passos. O carro acelerou e quando
chegou mais perto percebi que se tratava de Michael com o seu GTO. Parei e ele
abriu a janela.
—
Entra aí! — Ele gritou para se fazer audível.
— Eu
estou bem! — Gritei em resposta.
—
Anda logo Lucy. A chuva está piorando! — Voltou a gritar.
— Eu
já disse que estou bem. Não se preocupe. — Enalteci minha voz.
A
chuva estava cada vez mais forte, e sempre acompanhada por dois itens bônus,
denominado como relâmpagos e trovões.
Michael
arrastou o carro me acompanhando e abriu a porta.
—
Entra logo Lucy! — Ordenou com delicadeza. Olhei para o céu e um relâmpago clareou
o mesmo. Voltei a olhar para Michael, e sem mais hesitar, entrei no veículo e
fechei a porta do mesmo. — Doeu? — Perguntou sarcástico e sorriu em seguida,
arrancando o carro.
—
Haha, muito engraçado. Eu estava bem, Michael. — Ele me olhou dos pés a cabeça
e sorriu balançando a cabeça. — O que foi?
—
Você está toda ensopada e diz que estava bem. — Sorriu — Não estava não.
— Mas
eu estava. — Eu disse relutante.
— Não
mesmo. — Repreendeu-me.
O
silêncio surgiu por alguns instantes e Michael decidiu quebrá-lo.
— Foi
impressão minha, ou você estava fugindo de mim no restaurante? — Perguntou. Eu
gelei nessa hora.
— O
que?! Não! — Pigarreei. — Por que eu fugiria de você?
— Por
causa do que aconteceu naquele dia. Do que eu te disse e...
—
Não, nada a ver. Eu só...
—
Está com medo. — Concluiu por mim.
— É...
Mas como já conversamos sobre isso, vamos esquecer esse assunto. — Ele assentiu
calado, balançando a cabeça sem tirar os olhos da estrada.
—
É... Lucy? Temos um problema. — Parou o carro e olhou para mim. — A estrada que
leva à sua casa é muito perigosa em tempo de chuva.
— E?
— Arqueei as sobrancelhas.
—
Significa que vamos para o meu apartamento.
— O
que?! — Olhei para ele de imediato com os olhos bem abertos.
— É o
único jeito. A não ser que você queira arriscar.
—
Mas...
—
Calma, Lucy. — Repreendeu-me. — É só por causa da chuva. Não vamos fazer nada
de mais. Já conversamos sobre aquele assunto não foi? Amanhã bem cedinho eu te
levo para casa.
É...
Se bem que a chuva estava muito forte e a estrada poderia está muito perigosa,
assim como o Michael disse.
—
Está bem. — Assenti, e em menos de 10 minutos já estávamos no apartamento de
Michael.
—
Fique à vontade. — Ele disse quando entramos no apartamento.
Era
pequeno, porém bonito, organizado e requintado. Transmitia aquele ar másculo
pela decoração. As paredes eram de cor neutra um pouco escura. Só havia uma
pequena divisão entre a sala e a cozinha por um balcão de mármore. Percebi que
só havia um quarto com uma porta de correr enorme de madeira.
Mas espera aí. Só há um quarto. Onde é que
eu vou dormir? — Indagou meu consciente.
—
Você mora aqui sozinho? — Perguntei.
—
Sim. — Respondeu tranqüilamente. — Por quê?
— Por
nada. — Ele me olhou de cenho franzindo, e seguido disso, virou-se e
direcionou-se para o quarto. Quando voltou, me estendeu uma toalha, uma calça
casual e um blusão retilíneo.
—
Vista essa roupa. Se não pegará um resfriado. — Saiu da minha frente, estendeu
a mão, apontando-a para o quarto. Eu assenti e fiz o que ele pediu. Entrei no
quarto e fechei a porta. E assim como a sala e a cozinha, o quarto também era
muito bonito e organizado.
Me
despi, peguei minhas roupas ensopadas e as estendi em um pendurador de roupas
que havia perto de uma porta, logo deduzir ser o banheiro, e antes de vesti as
roupas que ele me dera, levei-as até meu rosto e inalei o cheiro que estava
impregnado nelas. Sim, as roupas eram de Michael, e por Deus, seu cheiro era
inebriante.
Alguns
minutos depois, saí do quarto vestida com a calça e o blusão que ele me dera.
Michael estava sentado, em frente ao balcão da divisão entre a sala e a cozinha
com uma xícara de café nas mãos.
—
Olha só. Caíram bem em você minhas roupas. — Disse sorrindo ao me vê.
—
Isso quer dizer que você é magrelo assim como eu. — Referi brincalhona. Ele
sorriu.
—
Café ou chocolate quente? — Arqueou as sobrancelhas.
—
Chocolate quente! — Me aproximei dele e sentei-me ao seu lado. Ele pegou uma
xícara e me serviu com o chocolate.
—
Quer comer alguma coisa?
—
Não. Muito obrigada. Só isso está ótimo.
— Tá
bem. — Assentiu e levou a xícara até seus lábios, tomando até o último gole do
café. Colocou a xícara sobre a mesa de mármore e se levantou. — Olha, eu vou
dormir aqui no sofá e você dorme no quarto.
— Não
Michael. Não precisa se preocupar com isso. Eu ficarei bem no sofá.
— Eu
sou um cavalheiro, Lucy. Não deixarei você dormir no sofá enquanto eu durmo em
uma cama enorme e quentinha. Mas não mesmo. Já está decidido. Eu fico na sala e
você no quarto.
—
Mas...
—
Shiiii... — Sibilou. — Não tente me contrariar. — E entrou no quarto. Não deu
nem tempo de eu protestar. Eu não queria incomodá-lo.
Nessa
hora aproveitei para ligar para a Rose e avisar que não iria pra casa, claro
que ela ficou perguntando muitas coisas a mim, mas prometi que contaria o que
aconteceu quando eu chegasse em casa. E ela só sossegou quando disse murmurando
que estava com o Michael. Ela ficou eufórica com isso.
Minutos
depois, quando Michael saiu do quarto, estava vestido com uma calça moletom
cinza, um pouco caída nos seus quadris, uma camiseta de cor branca, descalços e
com os cabelos soltos e molhados caindo sobre seus ombros. Logo contatei que
ele tomara um banho pelo o cheiro do sabonete que o ar trazia até minhas
narinas. Ele também trazia consigo uma almofada e um cobertor.
— O
quarto já está livre pra você. — Disse, e soltou a almofada e o cobertor em
cima do sofá.
— Ah
Michael... Urgh. — Grunhi, revirando os olhos. — Só você mesmo.
—
É... Só eu mesmo. — Sorriu e ligou a TV. Estava passando um programa
humorístico muito legal. Eu adorava.
— Pensei que só eu gostava desse programa. — Falei se aproximando do
sofá.
— O que? Eu adoro esse programa. — Olhou pra mim. —
Anda, senta aí. — Se encolheu no sofá e virou seu olhar para TV.
Eu fiz o que ele pediu. Sentei-me ao seu lado e
fiquei assistindo com ele. Gargalhamos muito com o programa, parecíamos duas
crianças assistindo desenho animado de tanto ri. Um tempo depois fui perdendo a
consciência, só sei que minhas pálpebras ficaram pesadas e acabaram se fechando. E
assim, acabei dormindo no sofá, onde que por sinal, Michael estava do meu lado.
Capítulo 14
Lucy
Estava um silêncio, só se fazia audível o ímpeto do
vento na janela e a chuva caindo lá fora. Sentia-me confortável e quentinha em
uma cama. Abri meus olhos e percebi que estava no quarto de Michael. Não me
lembro de ter ido para o quarto, só de ter pegado no sono ainda no sofá. Então
quer dizer que... Ele me pôs na cama. — Fiquei vermelha ao constatar isso.
Me descobri e me levantei. Abri a porta do quarto
com cuidado e comecei a andar pela sala. E
o que porra eu estava fazendo? Eu poderia ter ficado na cama e continuar
dormindo, mas eu queria vê-lo, vê-lo de olhos fechados, dormindo. Com todo
cuidado, me aproximei do sofá e me ajoelhei em frente de Michael que estava
dormindo feito um anjo. Impressionante como ele era lindo ainda dormindo.
Fiquei contemplando por mais alguns instantes o seu
rosto angelical, seu maxilar quadrado com um pequeno furinho no meio do queixo,
nariz fino, seus cabelos desgrenhados caídos sobre seu rosto e sua boca bem
desenhada com lábios carnudos convidativos. Mordi meu lábio inferior ao me
lembrar do quão gostoso eram. — Por que
eu reajo dessa forma perto dele? Porque
você está se apaixonando por ele sua boba! — Meu subconsciente ressaltou
respondendo a minha própria pergunta. Tomei um susto com o meu próprio
pensamento e me levantei. Em um ato brusco bati sem querer com o pé no centro
da sala, fazendo Michael acordar aos poucos.
— Lucy? — Paralisei quando ouvi sua voz preguiçosa
e sonolenta me chamar.
— Michael... É... — gaguejei — Desculpe te acordar,
eu...
— Está sem sono? — Perguntou, sentando-se no sofá.
— Is... Isso. — Respondi.
— Ah... — Murmurou e franziu o cenho. — Quer fazer
alguma coisa; assistir um pouco, sei lá... Pra ver se consegue dormir?
— Ah não... Não se preocupe, eu... Vou deitar e vou
tentar dormir.
— Tá bem. — Respondeu e voltou a deitar.
Dei às costas, indo em direção à porta do quarto,
mas me lembrei de uma coisa que me fez voltar.
— Michael? — Chamei sua atenção e ouvi um leve
grunhido saí de sua garganta. — Você me colocou na cama? — Perguntei
timidamente. Ele voltou a se sentar no sofá e me olhou.
— Sim. — Ergui minhas sobrancelhas. — Eu disse que
não deixaria você dormir no sofá. — Respondeu com uma expressão serena.
— Ãh... Então, eu acho melhor eu... Ir dormir. —
Disse eu, e girei nos calcanhares, entrando no quarto e fechando a porta. Eu
não sei o que foi que aconteceu, mas uma vontade súbita de ir até a sala e
beijá-lo percorreram dentro de mim, que eu não iria consegui me segurar por
muito tempo. Eu juro, eu juro por tudo que é mais sagrado que eu lutei comigo
mesmo, mas perdi minha própria batalha e abri a enorme porta bruscamente,
fazendo Michael levantar a cabeça assustado; confuso e franzi as sobrancelhas.
Agora era a minha vez de tomar à frente.
Sem tirar meus olhos dos seus, caminhei lentamente
até ele, e quando cheguei perto, ele se levantou e ficou frente a frente comigo,
com o semblante muito confuso.
— Lucy? — Murmurou.
— Se o que me disse foi verdade, tem essa noite
para me provar. — Eu disse sem resquício de arrependimento em minhas palavras.
Era agora ou nunca.
— Não quero que se sinta culpada porque me
apaixonei por você, Lucy. — Disse brandamente.
— Mas não estou. — Senti Michael respirar fundo
quando o retruquei. — O que está esperando Michael? — Murmurei, e como resposta
recebi um leve selinho nos meus lábios.
— Esperei por esse momento desde a primeira vez que
te vi. — Murmurou com sua testa encostada na minha, enlacei seu pescoço com meus
braços e ele encostou de vez nossos lábios, dando início ao nosso segundo toque.
Seu beijo era calmo, molhado e
sexy. Ele me beijava devagar, deixando as marcas de sua
língua por cada cantinho da minha boca. Logo começou a levantar o blusão
que eu estava usando, até que finalmente fiquei só de sutiã. Michael parou no
tempo e ficou admirando meus seios. Depois ele tirou suas mãos de mim por uns
instantes e também se livrou da sua camiseta. Meus olhos moveram-se para o seu
abdômen magro, porém definido, e ele sorriu ao me vê minha expressão de
aprovação. — Confesso que fiquei
fascinada por seu físico. — Michael começou a beijar meu pescoço, trilhando
até um dos meus ombros, enquanto abaixava as alças do meu sutiã. Pus minhas
mãos no fecho do meu sutiã e o desfiz, seguido disso, estiquei meus braços e
ele retirou-o, deixando-me completamente nua, da cintura pra cima. Ele ficou me
olhando, e delicadamente começou a passear seus dedos por minha pele,
começando pelo o meu colo até meus seios, massageando-os deliciosamente.
— Você é
tão... Linda. — Disse com a voz suave, porém sexy.
— Ah...
Michael... — Gemi e fechei meus olhos, apreciando suas carícias. Senti sua
respiração forte, e quando me dei conta, Michael tinha se inclinado para
sussurrar no meu ouvido.
— Se eu começar, não irei parar! — Salientou entre lufadas de ar. Senti seus lábios tocarem no nódulo da minha orelha.
— E não é pra parar mesmo. — Deixei claro, e vi
através da expressão de Michael que ele se agradara com que eu proferi.
Em um ato desesperador, Michael afastou o centro da
sala e jogou sobre o tapete sua almofada. Depois disso, ele mesmo se livrou de
sua calça e de sua Box, ficando completamente nu, sem pudor na minha frente.
Nossa, esbugalhei meus olhos com a vista que tive. Ok, Ok... Eu não era mais
virgem, eu sei, mas Michael seria meu segundo homem, e o primeiro não era
tão... Grande quanto Michael. Além de
seu pênis ser grande, era grosso e estava muito ereto. Céus, como aquela visão
me dava uma ânsia de tê-lo dentro de mim.
Michael ficou de joelhos no tapete e me chamou com
um gesto, com o dedo indicador, enquanto prendia seu lábio inferior entre os dentes.
Eu não queria mais esperar, eu já tinha entrado na
chuva e queria mais era me molhar mesmo. Então logo me livrei da calça e da
minha calcinha e fui de encontro a ele, ficando de joelhos. Selei nossos lábios
mais uma vez. O beijo dessa vez era urgente e cheio de tesão, nossas línguas se enroscando. Michael me deixou
sobre o tapete e se acomodou entre minhas pernas, me fazendo senti sua ereção roçar na minha intimidade.
Ele me pressionou e eu gemi, fechando os olhos. Logo ele abocanhou meus seios,
mordendo e chupando lentamente meus mamilos, me provocando. Eu segurei seus
bíceps enquanto me contorcia com suas carícias. Eu quase que não estava
acreditando que estava prestes a foder, transar, fazer amor ou que porra que
fosse com o Michael Jackson. Só sei que
seria muito bom.
Olhando nos meus olhos, e sem dizer nada, continuou
me beijando, cada vez mais apaixonado, mais intensamente, até que senti Michael
tocar no meu clitóris, estimulando-me, e minha entrada ser alargada um pouco
pela glande lubrificada do seu pênis. Mordi meu lábio inferior e franzi um pouco
o cenho pelo o desconforto inicial que tive. Michael percebeu e levou sua mão
até meus cabelos, afagando-os.
— Vai ficar tudo bem. Eu prometo. — Ele disse me
olhando com fascínio, e me beijou carinhosamente. Eu senti certa confiança em
suas palavras, e instantaneamente, abri mais as minhas pernas e o senti me
penetrar mais, bem devagar. Ele tocou meus seios, enquanto me penetrava até o
fim. Quando já o feito, retirou seu pênis de dentro de mim, e em um movimento
súbito voltou a me penetrar em uma única estocada. Eu gemi gradativamente até
meu corpo se acostumar com aquela sensação de preenchimento.
— Ah sim...
— Você gostou? — Perguntou.
— Hurum... Continua... — Eu disse gemendo.
Michael fechou os olhos, jogou a cabeça para trás e soltou um grunhido enquanto me penetrava mais depressa. Mexi meu quadril para acompanhar o movimento dele e isso pareceu fazê-lo perder o controle.
— Isso... Nossa... Você é incrível. Porra Lucy, como você é apertadinha. — Disse ele aos arquejos enquanto se movia dentro de mim, fazendo-me senti
centímetro por centímetro do seu pênis pulsante na minha intimidade. Eu não conseguia
raciocinar, ele estava me provocando, levando-me a insanidade com frases e
palavras desconexas no meu ouvido.
— Tão
gostosa... — Juntou nossas mãos e levou-as acima da minha cabeça.
— Você me deixa louco sabia? — Rugiu, e antes que eu pudesse
responder qualquer coisa, ele já estava me beijando de novo enquanto continuava
com as investidas delirantes dentro de mim. Céus, Michael era muito gostoso.
Eu queria tocá-lo, mas como ele estava segurando
minhas mãos acima da minha cabeça, o que me restou foi envolver minhas pernas
em volta da sua cintura.
Michael agora beijou meu pescoço e eu joguei minha
cabeça pra trás. Tão desnorteada, tão entregue, tão envolvida. Ele ali, dentro
de mim, me preenchendo tão carinhosamente, me levando ao delírio com seus
movimentos de vai e vem e seus gemidos roucos. Ele pulsava, gemia, me apertava,
me invadia com avidez e precisão, me amava, me possuía e eu era literalmente
sua. Cada centímetro do meu corpo pertencia àquele homem a parti daquele
momento. Sim... Naquele momento eu estava descobrindo que também estava
totalmente apaixonada por Michael Jackson. E ali, fazendo amor com ele, tudo o
que vivi de ruim, tudo o que passei parecia ter sido um pesadelo distante.
Estávamos suados, ofegantes e de olhos fechados.
Nossos gemidos ressoavam pela sala enquanto estávamos entregue um ao outro.
Michael não parava por nada, era insaciável seu desejo, estava nítido em seus
olhos inebriados pela luxúria. Até que eu cravei mais minhas unhas nas costas
dele enquanto ele se contorcia por cima de mim, explodindo de prazer junto
comigo, gozando dentro de mim, gemendo, rugindo em meu ouvido. E assim chegamos
ao clímax juntos.
Foi meu primeiro orgasmo depois de tanto tempo. Me
sentia tão diferente. E era tão maravilhoso ouvi a respiração pesada de Michael enquanto sentia seu corpo sobre o meu. Eu queria mantê-lo aí, ainda dentro de mim.
Depois de alguns instantes Michael saiu de dentro de mim, puxou o lençol de cima do sofá e
deitou-se ao meu lado, cobrindo nossos corpos.
Capítulo 15
Lucy
Suados, ofegantes e ainda em estado de êxtase: esse
era o meu estado e o de Michael após fazemos amor durante a madrugada
chuvosa.
Eu estava deitada ao lado dele, respirando
ofegante, acariciando o seu peitoral magro. Ele estava de olhos fechados, e com
uma mão afagando os meus cabelos. Levantei a cabeça e apoiei meu queixo em seu
peito, ele abriu os olhos e ficou me olhando com a mesma luxuria de antes.
Senti minha intimidade pulsar, era como se ele estivesse me chamando para mais uma. Mas antes de pronunciar alguma palavra,
Michael franziu um pouco o cenho e me olhou com preocupação.
— Não acredito! — Exclamou, olhando-me de olhos
esbugalhados.
— O que?
— A gente... Eu... Gozei... Dentro de você. — Sua
frase transmitia muita preocupação. Eu fiquei olhando-o muito séria, mas depois
comecei a sorri, vendo-o ficar confuso mais ainda.
—Não há com o que se preocupar, Michael. Eu tomo
anticoncepcional. — Ele voltou a arregalar os olhos, deduzindo que... — Por
recomendações médicas. — Concluí, e o vi soltar um respiro de alivio. Rimos
juntos.
— Eu estou louco por você. — Murmurou com aquela
voz serena.
— É de verdade? Tudo isso tá acontecendo mesmo?
— Sim, meu amor. — Amor? Mordi meu lábio inferior e alcancei os seus, para um beijo
sôfrego, carregado de desejo mais uma vez. Todo o tesão, toda libido, todo o
prazer voltara... E nos amamos de novo e de novo, até caímos nos sono sobre o
tapete da sala.
(...)
Abri meus olhos lentamente, virei minha cabeça, e
lá estava Michael, dormindo feito um anjo ao meu lado. Estiquei-me até alcançar
seus lábios, e timidamente depositei um selinho sobre eles. Do fundo de sua
garganta saiu um leve grunhido preguiçoso. Olhei para a janela, e através das
persianas, vi como o dia estava nublado, e por conta do sol que se recusava a
dá uma brecha sequer, o tempo estava escuro.
Sentei-me sobre o tapete devagar, com cuidado para
não acordar Michael, e capturei as primeiras roupas que avistei. Minha
calcinha que estava sobre sofá, quase caindo e a camiseta branca de Michael,
que parecia mais um vestido. Me vesti, e pisando levemente no chão, me
direcionei até a cozinha de Michael.
Me intrometi e abri a geladeira. Estava com aquela
famosa fome canina pós-foda.
Peguei da geladeira uma garrafa de leite, enchi um
copo e logo levei até a minha boca, tomando tudo, sem interrupções. Quando
coloquei a garrafa de volta na geladeira e me virei, quase tive uma parada
cardíaca ao vê uma senhora parada na porta da cozinha, olhando-me com o cenho
franzido.
— Como entrou aqui? — Indaguei assustada. Ela
sorriu docemente.
— Simples. Eu sou a mãe do Michael. — Ressaltou. O
copo que eu estava segurando quase foi ao chão.
— Mãe do Michael? — Me ouvi perguntar, surpresa.
— Sim, aquele que está dormindo pelado sobre o
tapete da sala. — Juro que senti meu rosto corar.
— O meu Deus... — Ela começou a sorri, com certeza
por causa da minha cara coberta pela cor púrpura.
— Eu sou Katherine Jackson. — Aproximou-se de mim,
se impôs apertando minhas mãos trêmulas, e me puxou para dar um beijo em cada
lado da minha bochecha, como se estivesse tudo bem para ela. Mas eu estava
envergonhada. O que ela iria pensar de mim? Merda,
se eu soubesse que haveria a hipótese da mãe do Michael aparecer assim sem
aviso prévio, teria evitado esse tipo de encontro. Que
constrangedor.
— Eu sou a...
—
Lucy. — Me interferiu. — Eu sei querida. Você trabalha na Well’s
Diner e o Michael fala muito de você. — Disse insinuativa. Meu Deus, Michael falou sobre mim a ela.
— Fala?
— E muito querida. Meu Deus, e
ele não estava mentindo e tampouco exagerando. — Voltei a franzi o cenho,
confusa. — Você é mesmo linda, assim como ele disse. — Ficou me olhando com
deslumbre.
— Tá vendo, dona Kathe, que eu
não estava exagerando. — Se fez audível a voz do Michael pela cozinha. Eu e a
sua mãe olhamos ao mesmo tempo para ele que acabara de atravessar pela porta,
aproximando-se da gente. Pelo menos ele estava vestido com uma calça moletom, a
mesma de ontem à noite. — Ela é linda. — Ressaltou mais uma vez, e inclinou-se
para depositar um beijo casto na bochecha da sua mãe.
— E encantadora. — Completou, e
retribuiu o beijo ao seu filho. — Bom, acho que estou atrapalhando os
pombinhos. Falo com você depois,
Michael. — Michael assentiu tranquilamente.
— Não está atrapalhando, Srª
Jackson. Eu que...
— Oh não, Michael... Ela me
chamou de Srª. — Fez careta. Michael riu. — Só Kathe querida, por favor.
— Está bem. — Assenti.
— Bom, agora vou indo mesmo.
Foi um prazer conhecê-la, querida.
— O prazer foi todo meu, Srª...
Quer dizer... Kathe. — Ela virou-se para Michael e lhe deu mais um beijo.
— Me acompanha até a porta,
filho?
— Claro! — E os dois saíram da
minha vista, deixando-me sozinha na cozinha ainda um pouco sem jeito com a
situação.
Olhei para minhas vestes e vi
que eu realmente estava indecente para receber a mãe do Michael. Droga! Que vacilo esse meu. Custava-me
ter procurado a calça casual e ter vestido antes? Não, se eu tivesse feito
isso, não estaria tão envergonhada como fiquei na hora.
Encostei-me na pia, e segundos
depois, Michael entrou despreocupadamente na cozinha, direcionando-se até a
geladeira, abriu a mesma e retirou de dentro a garrafa d’água, levando-a até
seus lábios, bebendo o líquido na boca da garrafa. Estranhei sua tranqüilidade.
— Por que você não me avisou
que sua mãe iria vir hoje? — Perguntei, e ele me olhou, com aquele
sorriso destruidor. Colocou de volta a garrafa dentro da geladeira, fechou e
caminhou graciosamente ate mim. Inclinou-se e depositou um selinho demorado nos
meus lábios.
— Por que eu não sabia que ele
viria. Ela é imprevisível quando se trata de fazer visitas. Não se preocupe,
ela gosta de você, até mesmo antes de te conhecer pessoalmente.
— Conhece é?
— Conhece... Você se tornou o
assunto principal em algumas ocasiões entre eu e dona Kathe. — Envolveu minha
cintura com seus braços, apertando-me contra o seu peito.
— Meu Deus... Você não sabe o
quanto eu fiquei sem jeito quando a vi. Olha só pra mim. — Apontei para meu
próprio corpo. Ele me examinou, agora com um sorriso lascivo.
— A propósito, você está linda
dentro da minha camiseta preferida de dormir. — Disse e mordeu o lábio
inferior.
— Ah Michael... Para... Assim
eu fico mais envergonhada do que já estou. — Murmurei, olhando para baixo.
— Vergonha de que? Você é a
mulher mais linda desse mundo. — Disse espalhando beijos pelo o meu pescoço,
fazendo-me arrepiar. Desvencilhei-me de seus braços e me conduzi para o quarto,
para me vesti com as minhas roupas que provavelmente já estavam secas. Michael
me seguiu, e assim que me alcançou, foi logo me agarrando por trás e beijando
meu pescoço, me fazendo suspirar.
— Eu tenho que ir, Michael. —
Tentei sair de seus braços, mas ele me apertou mais e nos jogou sobre a cama,
eu gritei pelo o impacto.
— Mas antes, vamos ter que
conversar sobre ontem. — Continuou beijando meu pescoço. Revirei meus olhos.
— Então?
— Olha Lucy, você
entrou na minha vida quando precisei de alguém. E me apaixonei! — Fiquei quieta
quando ele começou a proferi tais palavras. — Eu quero ficar com você, te
conhecer melhor, mas eu preciso saber o que afligi você. — Nesse momento, um
suspiro pesado saiu da minha boca, forcei seus braços e ele me soltou. Ficou com um cotovelo na cama apoiando a sua cabeça, me olhando com
serenidade.
Não,
eu não queria tocar naquele assunto, definitivamente não queria. Talvez me abrisse
com ele mais pra frente, mas não agora. Não me sentia confortável tocando no tal
assunto que me atordoava. Depois de tanto tempo consegui um pouco de
felicidade, e não iria estragar esse momento mexendo com as páginas do meu livro
de memórias. Não mesmo.
(...)
— Mas...
Capítulo 16
Lucy
Michael
ainda me olhava na expectativa de que eu falasse sobre o meu passado, mas volto
a falar que definitivamente eu não iria tocar no assunto.
— Por
favor, Michael. — Supliquei, olhando bem nos olhos para que ele não insistisse
no assunto. — Não vamos estragar esse momento, hum? — Inclinei-me para lhe dá
um selinho. Michael respirou fundo e segurou meu queixo delicadamente,
obrigando-me a fitá-lo.
— Está bem. — Se obrigou a
dizer. — Mas quero que saiba de uma coisa. Eu nunca estive no mesmo barco que
você, mas eu já estive no mesmo oceano. Quando estiver pronta, estarei
inteiramente ao seu dispor para ouvi-la. — Sibilou, com carinho no tom da sua
voz.
— Obrigada. — Agradeci,
e fiquei encarando-o. Percebi que seu eu pudesse, ficaria ali, olhando-o o dia
inteiro, sem desviar sequer um minuto.
— Fica sério comigo. —
Demandou, com um olhar expressivo.
— Como? — Perguntei
perplexa.
— Quero dizer... —
Michael pigarreou, limpando a garganta. — Estou apaixonado por você. E depois
dessa noite, pensei que... — Ele abaixou a cabeça, prendendo o lábio inferior
entre os dentes.
“... se ele te der uma oportunidade,
agarre-a. Além de ser lindo, ele é um bom homem.”
— A frase de Sharon veio na minha cabeça nessa hora.
— Só se você prometer ir
devagar, e for paciente comigo. — Eu disse. Michael ergueu a cabeça de
imediato. Seus olhos lustrosos demonstravam contentamento, acompanhado por um
sorriso lindo.
— Iremos com calma, e
terei toda paciência do mundo, por você. — Disse, e colocou sua mão na minha
nuca, puxando-me para um beijo gostoso e apaixonado.
Está bem, eu sei que
fazia pouco tempo que nos conhecíamos e tal, mas dentro desse mesmo pouco
tempo, nos apaixonamos, e sim, eu estava realmente apaixonada por ele. Eu teria
que tomar um rumo na vida mais cedo ou mais tarde, sem mais medo, não é mesmo? Era
à hora, é claro, e se eu não tivesse aceitado, com certeza me arrependeria
futuramente.
— Mas
o que? — Rose gritou eufórica depois de eu ter contado a ela que eu e Michael
estávamos ficando. Bem... Apesar de
temos feito “àquilo”, eu e ele ainda
teríamos várias descobertas um sobre o outro. E ele não fazia a mínima de como
tinha sido a minha vida.
—
Isso mesmo que te contei Rose. — Revirei olhos.
— Meu
Deus, Lucy, — levou as mãos até a sua boca — você está apaixonada! Isso é muito
bom. — Exaltou.
—
Isso significa que eu estou fodida, de novo. — Murmurei. Não, eu não estava
arrependida de ter me entregado a Michael. Eu só estava com medo de que o
destino estivesse aprontando comigo mais uma vez.
— Que
nada, você está é revivendo minha querida. Agora me diz, como é que ele é? —
Seus olhos trasbordavam curiosidades.
—
Ah... Ele é normal Rose...
—
Normal? — Rose indagou pondo uma mão entre o peito e o colo. — Não acredito que
você se apaixonou por um cara normal, Lucy!
Eu
sorri pela sua expressão.
— Não
foi isso que eu quis dizer. — Revirei os olhos mais uma vez. — Ele é normal,
mas um normal ainda sim diferente. Ele é carinhoso, atencioso romântico e muito
paciente.
— Ah
que fofo. Era o mínimo que ele poderia ser quando soube do que aconteceu com
você.
Enganou-se
Rose em pensar que eu falei alguma coisa para Michael.
— Ah
Rose... Ele não sabe. — Rose abriu a boca em formato de um ‘O’.
—
Ué... Michael não sabe do... Brad? — Perguntou hesitante. Soltei um longo
suspiro e neguei com a cabeça.
— Ele
não precisa saber. Não agora.
—
Pensei que ele soubesse. — Disse decepcionada.
— Ele
já chegou a me perguntar o que aconteceu, mas eu sempre mudo de assunto. Não
quero que ele sinta pena de mim.
— Mas
ele não vai. Ele está apaixonado por você, Lucy.
—
Será que eu deveria contar?
— Você
é quem sabe. Se quiser tocar nesse assunto vá em frente, mas se não quiser
deixe quieto.
Rose
tinha razão. Mas o fato é que eu não gostava de falar sobre isso, era doloroso,
trazia todos os momentos bons que eu vivi e isso fazia meu coração se apertar
no peito. Mas tudo bem, um dia eu iria me abrir com o Michael e ele entenderia o porque que eu tentava fugir do contato com a música, digo tentava porque
desde o dia que o conheci ele vinha persistindo que eu tocasse com ele,
cantasse, em fim... E às vezes acabava cedendo aos instintos, e eu mentalmente
agradecia a ele por isso. Ele estava me ajudando a superar esse trauma.
Ficamos
conversando por mais alguns instantes e depois eu subi para o quarto,
trancando-me no mesmo pensando no que a Rose havia me falado.
Michael
estava mudando a minha vida, estava tomando conta dos meus pensamentos e
confesso que eu tinha medo disso. A vida
já havia me tirado pessoas que eu amava muito, e o que me garantia agora que
ela não iria fazer o mesmo?
Nossa...
Queria nem ter pensado nisso.
Após
tomar um banho bem demorado, vesti uma roupa bem confortável e deitei na cama
relembrando de tudo o que estava acontecendo na minha vida. Enfiei minha mão
debaixo do travesseiro e peguei a foto Brad que estava sob ele, eu nunca havia
tirado dali e percebi que agora fazia mais de uma semana que eu não pegava para vê-lo
ou até mesmo conversar, assim como eu fazia às vezes quando estava triste ou quando
simplesmente queria apenas vê-lo.
— Sei
que você gostaria de me ver feliz. — Falei com a foto ao encará-la.
Eu
sabia que o Brad seja lá onde ele estivesse ficaria feliz por mim, estaria
feliz em me ver reconstruindo a minha vida.
Beijei
a foto com carinho e jurei a mim mesma que mesmo estando com outra pessoa,
nunca me livraria dela por nada no mundo.
Por nada mesmo.
Michael
Depois
que beijei a Lucy eu jurei a mim mesmo que nunca mais a beijaria sem seu
consentimento claramente. Mas quem disse que eu iria desistir de conquistá-la.
Não, não mesmo. Eu sabia que ela havia gostado daquele beijo que lhe dei
enquanto estávamos no letreiro de Hollywood, o mesmo que ela havia
correspondido antes de interromper. Depois disso, ela passou alguns dias
fugindo de mim toda vez que tentava chegar perto dela. Mas isso mudou quando a
levei para o meu apartamento em uma noite de chuva e a abriguei no por lá.
Juro
que quando a levei para o meu apartamento eu não fazia ideia de que iríamos
fazer amor, e àquilo foi tão maravilhoso, era mais do que eu esperava, bastava
apenas um beijo e eu ganharia a minha noite, mas ao invés disso o que eu ganhei
foi o seu corpo nu todo para mim.
Aquela
garota estava entregue nos meus braços, gemendo o meu nome enquanto eu me
saciava do seu corpo maravilhoso, o mesmo que me fez ficar cada vez mais louco
por ela. Ah, e enquanto aquela história
do passado dela e tudo mais, eu também estava obstinado em saber o que tinha
ocorrido com ela, e o que rondava mais a minha cabeça era que alguém tinha a
ferido, sendo mais claro, um homem tinha acabado com o seu coração, trocado-a,
iludido-a, em fim...
Assim
que deixei Lucy em casa, fui para a casa dos meus pais, eu já sabia quais seriam
os questionamentos de dona Kathe em relação a Lucy. E pelo o que pareceu, ela
gostou muito dela, achou encantadora e até pediu para eu trazê-la qualquer dia
para um jantar. Bem, eu não pude recusar o convite da minha mãe, e disse-lhe
que traria a Lucy na noite seguinte, porque nessa noite eu iria convencê-la de
fazer uma apresentação junto comigo lá no Well Diner.
Capítulo 17
Lucy
O restaurante não estava
muito cheio, o tempo ainda espantava vários clientes como na noite anterior,
talvez eles desse as caras mais tarde, levando em conta de que ainda era um pouco
cedo.
Depois que cheguei não
vi o Michael, mas sabia que ele estava no escritório do pai como sempre, e de
instante e instante que eu passava para a cozinha para entregar os pedidos dos
clientes eu olhava para o corredor que dava acesso ao escritório.
— Procurando alguma
coisa, Lucy? — Sobressaltei quando ouvi a voz de Sharon indagar.
— O que? — Gaguejei —
Claro que não. — Tentei disfarçar.
— Você está diferente. —
franziu o cenho. — Parece mais...
— Bonita? — Tive outro
susto quando ouvi a voz do Michael bem atrás de mim. — É, ela está mais bonita
hoje. — Ele se aproximou de mim e sem fazer cerimônia segurou meu rosto com as
duas mãos e pousou seus lábios sobre os meus me dando um selinho demorado.
Senti meu rosto corar no mesmo instante com o ato dele na frente da Sharon e dos
cozinheiros que também estavam na cozinha.
— Michael... — murmurei
com um sorriso sem graça no canto dos lábios, olhei no fundo dos olhos e depois
olhei para a Sharon de soslaio. Sharon estava com as sobrancelhas arqueadas e com
um sorriso preso. Tinha a certeza de que quando estivéssemos a sós ela iria
comentar sobre o beijo que Michael me dera.
— Vem comigo. — Ele
segurou na minha mão e fez menção de me puxar junto com ele para o salão do
restaurante.
— Para onde? — Apertei com
firmeza sua mão, eu estava confusa.
— Você vai ver. — Olhei
para Sharon de cenho franzido e ela encolheu os ombros balançando a cabeça com
um bico nos lábios.
Michael me puxava
consigo pelo o salão do restaurante onde alguns clientes passaram a nos olhar,
e quando percebi que ele nos direcionava para o pequeno palco um frio começou a
congelar minha barriga.
— Michael, o que você
vai fazer? — Perguntei assim que freei meus passos no primeiro degrau da
escada. Ele olhou para mim e franziu as sobrancelhas.
— Você confia em mim? —
Eu balancei a cabeça em positivo.
— Sim, confio, mas o
que...
— Então sobe aqui
comigo. — Me interrompeu. Olhei para ele ponderando muito, eu não sabia o que
ele iria fazer, mas se eu disse que confiava nele iria demonstrar isso agora. Muito
hesitante eu subi no segundo degrau e ele sorriu pra mim. Ele puxou uma parte
da cortina e gesticulou para que eu entrasse e assim o fiz, ele também fez o
mesmo em seguida.
A cortina estava fechada
e eu estava parada olhando para ela.
Senti as mãos de Michael
envolver minha cintura e um beijo ser depositado no meu pescoço. Eu arfei com
isso.
— Toca comigo essa
noite. — Murmurou no meu ouvido. Esse pedido fez meu coração parar por um
instante.
— Michael, eu... — Pigarreei.
Ele girou meu corpo de
frente pra ele.
— Você disse que
confiava em mim. — Estreitou seus olhos me fitando.
— Eu confio, — Reforcei
o que tinha dito a ele. — mas eu não posso. — Abaixei a cabeça.
— Hei, — Michael pegou
no meu queixo e ergueu minha cabeça, obrigando-me a olhá-lo — você pode. Eu
estou aqui com você.
— Eu não sei... Eu não
sei. — Fiquei balançando a cabeça. — Eu... Eu não vou conseguir fazer isso na
frente dessas pessoas. Eu sou apenas a garçonete desse restaurante.
— O que você está
falando? Você não é apenas uma garçonete, você é uma talentosa.
— Mas mesmo assim eu...
— E também é a minha
garota. Confie em mim. — Vidrei meus olhos nos seus quando ouvi isso. Ele disse
que eu era a garota dele e isso só me fez ficar mais apaixonada e mais confiante
nele. Seus olhos me olhavam com tanta ternura que dizer um não era impossível. — Você tem uma voz maravilhosa, é carismática e
além do mais você é linda. Muito linda. — Disse e me deu um beijo rápido. —
Você não pode ficar nessa para sempre. Eu sei que algo aconteceu com você e que
prometi que não forçaria para que me dissesse, mas eu não estou pedindo que me
conte, só estou pedindo que cante, por favor. — Olhei com um certo pensar e
cheguei a conclusão de que ele tinha razão. Já estava ficando ridículo esse
medo e essa era a hora de enfrentá-lo.
Desvencilhei-me de seus
braços e ainda com muita hesitação peguei o microfone que estava em um canto no
chão e fiquei à sua frente. Michael abriu um sorriso satisfeito e segurou a
corda da cortina.
— Está pronta? —
Balancei a cabeça em positivo e ele puxou a corda fazendo as cortinas se abrirem.
As pessoas viraram seus
olhos para o palco e eu senti aquele formigamento invadi o meu corpo, como se
fosse a primeira vez que eu estivesse em um palco.
Eu abaixei a minha
cabeça e minhas penas ficaram bambas por causa do nervosismo e do medo que eu
estava. Segurava com tanta força o
microfone que eu pensei que iria amassá-lo.
Ouvi o Michael pigarrear
e eu o olhei.
— Without You? — Essa
foi a música que ele iria tocar, e estava me perguntando se eu sabia a letra.
Eu assenti com um gesto de cabeça e ele sorriu.
O salão ficou em silêncio
e as primeiras notas da introdução da canção começaram a entoar pelo o espaço.
Tinha certeza que todos os olharem estavam em cima de mim. O que me deixava mais
nervosa.
Quando estava chegando
perto da primeira estrofe da música eu me preparei para soltar a minha voz, mas
quando ergui minha cabeça e olhei para frente, as luzes do salão me fizeram
divagar, levando-me de volta ao dia e ao instante em que eu e o Brad estávamos
dentro do carro e de repente um caminhão chocou-se com violência contra o
veículo transformando o momento em plena escuridão.
— Lucy? Lucy? — Michael
me chamou tirando-me do meu devaneio.
Olhei rápido para ele e o mesmo esbugalhou os olhos em um aviso interno.
A última vez que eu
estive em um palco foi no dia do acidente e isso me fez lembrar muitas coisas.
Das melhores até as piores.
Estreitei meus olhos no
salão e as pessoas estavam me olhando esperando que eu cantasse, afinal, se eu
estava lá em cima era para isso não é mesmo?
Confesso que minha
vontade foi de sair correndo como fiz no dia que o Michael me chamou para estar
aqui em cima, mas respirei fundo e coloquei pela milésima vez na minha cabeça que
esse medo já estava ficando bobo demais para mim.
No i can’t forget this
evening… ♫♪♫♪ — Cantei em um tom bem tímido a primeira parte da introdução
da canção e logo Michael começou a acompanhar com o piano.
Fechei meus olhos e continuei cantando, senti uma certa
dúvida de se eu estava indo bem ou não, mas não abri os olhos. Apenas sentia
música e ouvia a minha voz. Quando
decidi abri os olhos os clientes ainda estavam me olhando, mas dessa vez seus
olhares mostravam admiração, e isso era bom, eu estava agradando-os. Será que
era a minha voz? Tá... Tanto fazia naquele momento, de qualquer forma o importante
era que eu estava conseguindo fazer o que eu mais gostava no mundo e ao mesmo
tempo agradando as pessoas.
Olhei para Michael e ele sorriu e piscou um olho para mim.
Depois ele fez um gesto de cabeça apontando para um violão que havia no canto do palco.
Ele estava pedindo para eu tocar. Hesitei um pouco, mas quando voltei a olhar
para os clientes me animei mais ainda.
Assenti com a cabeça e peguei um pedestal que estava ao lado
do violão, encaixei o microfone, em seguida peguei o violão, apoiei-o e comecei a tocar
enquanto ainda estava cantando.
Quando terminamos de tocar e cantar os clientes começaram a
nos aplaudi, eu fiz reverencia e Michael puxou a corda da cortina para fechar.
Desliguei o microfone e coloquei o violão no mesmo lugar. Eu
estava feliz, muito feliz mesmo. Nossa... Aquela sensação de medo, de
insegurança tinha se dissipado e isso graças ao Michael que insistiu em me
ajudar.
As cortinas estavam fechadas. Eu encostei-me ao piano e
Michael veio até mim, colocando-se na minha frente e segurando minha cintura
com delicadeza.
— Você foi maravilhosa. — Elogiou e me deu um beijo meigo.
— Verdade? — Sorri.
— Hurum — Ele pegou duas mechas dos meus cabelos e
colocou-as atrás das minhas orelhas. — Você é muito talentosa, eu já disso
isso. — Reforçou.
— Nossa Michael eu... Eu nem sei o que dizer — pigarreei não
conseguindo controlar a minha emoção e meus olhos se encheram de lágrimas de
felicidade.
— Diga-me. Como se sentiu? — Ele indagou e eu fitei a
cortina.
— Eu... Eu... Me senti muito realizada Michael... No início eu ainda estava um pouco acanhada,
mas depois quando vi os olhares das pessoas mudarem para admiração comecei a
ficar mais confiante... E... — olhei nos olhos dele — Obrigada.
— Por quê? — Ele franziu o cenho.
— Por tudo. Por não ter desistido de mim...
— Ah Lucy... Não tem que agradecer a mim, isso é resultado
do seu desempenho e da sua força de vontade.
— Mas se você não tivesse insistido nisso eu não estaria
aqui hoje.
— Mas nada Michael — interrompi-o colocando a mão sobre seus
lábios — isso tudo é graças a você e eu serei sempre grata por isso. Obrigada.
Ele virou os olhos para cima, soltou um grande suspiro e
começou a dizer algo que não dava para entender porque eu ainda estava com a
mão na sua boca. Sorri e tirei a minha mão.
— Tá bem. Já que você insiste. — Deu de ombros, segurou com mais firmeza na
minha cintura e me colocou em cima do piano.
— O que está fazendo? — Murmurei quando ele começou a
passear uma de suas mãos pelas minhas pernas e dá chupões pelo o meu pescoço. —
Michael?
— O que? — Ele sussurrou ainda com a cabeça enterrada no meu
pescoço.
— O que está fazendo? — Eu já estava com os olhos revirando
por causa da excitação que ele estava me causando.
— Te chupando, não é obvio? — Sua voz agora estava rouca.
Enterrei meus dedos nos seus cachos, segurei-os com firmeza quase me deixando
levar pela sensação de prazer.
Sua boca agora estava colada na minha e compartilhamos um
beijo. Nossas línguas bailavam em sintonia com uma avidez absurda que sentia
chamas se espalhando vagamente pelo o me corpo.
Inventei de mover uma das minhas pernas e acabei colocando-a
sobre o teclado do piano fazendo o mesmo soltar um barulho. Eu e Michael nos
assustamos e paramos de nos tocar.
— Cara... Que susto. — Eu disse ofegante. Michael sorriu e
se afastou de mim.
— Acho melhor sairmos daqui, ou então não conseguirei me controlar. — Seu
tom lascivo me fez entender bem o que ele queria dizer. Mordi o lábio inferior
e balancei a cabeça.
— É... Também acho. — Desci do piano e ajeitei minhas
roupas.
Antes de sair, Michael me puxou e me deu mais um beijo.
— Amanhã você está de folga. — Disse.
— O que? Não... Minha folga é só nas terças. — Corrigi-o sem
entender nada.
— Não, amanhã você está de folga. Dona Kathe quer que eu te
leve para jantar lá em casa.
Arregalei meus olhos e abri a minha boca tentando proferia
algo, mas não consegui. Como assim ela queria que eu fosse jantar na casa dela?
O que isso significava?
— Michael eu não posso faltar. — Por fim consegui falar.
— Claro que pode. — Ah sim, claro, ele também era o dono. Entendi.
— Eu não estou preparada.
— Para que?
— Para jantar com a sua mãe. — Michael me lançou aquele
olhar acusatório. Como se estivesse me chamando de mentirosa.
— Está sim. Ora Lucy, vocês já se viram e tudo mais. E olha
que foi em uma situação em que eu me lembro de você ficar toda vermelha. — Insinuou com um sorriso pervertido.
— Michael?!
— O que? É verdade.
— Deixa pra lá. Tá bem... Você venceu. — Me rendi e ele
afagou minha cabeça antes de beijá-la.
Eu saí do palco e continuei com o meu trabalho pelo o resto
da noite. Como eu dissera antes, a Sharon começou a questionar sobre eu e o
Michael. Eu sabia que não era por enxerimento, ela era minha colega de trabalho
e nós conversávamos muito. Decidi lhe contar algumas, coisas e só assim ele me
deixou em paz. E assim como ela, os clientes pareciam abobalhados pelo o fato
de uma garçonete ter um talento como o meu. Fiquei até feliz por isso. Minha
vida estava voltando ao normal. Voltei a tocar violão, a cantar e até estava
dando chance para um novo amor fazer morada no meu coração. A questão era: Por
quanto isso iria durar?
— Mais ou menos. —
Murmurei com um sorriso preso.
Capítulo 18
Lucy
Estávamos todos em volta
da mesa. Exceto o pai do Michael que estava no restaurante enfurnado como
sempre. Eu mal o via desde quando começara a trabalhar por lá. O jantar estava
indo muito bem, tirando a parte que Michael não tirava seus olhos lascivos de
mim, me deixando ruborizada.
— Então você é de
Atlanta? — Perguntou a mãe do Michael. Já tínhamos acabado de jantar, só
estávamos conversando agora.
— É, sou sim. —
Respondi.
— E o que te trouxe
aqui?
Michael apenas observava
a conversa.
— Ah... Muitas coisas. —
Ela continuou me olhando, esperando que eu desse mais informações. —
Ãm... Minha mãe morreu e eu tive que vir para cá. — Murmurei e olhei para
Michael que logo soltou um suspiro pesado.
— Oh querida, sinto muito.
— Oh, não... Tudo bem. —
Sorri de leve para ela e olhei para Michael, acho que ele percebeu que eu
estava um pouco acanhada. Eu não estava acostumada com jantares assim, no caso,
com jantar com a mãe do Brad. Ele não tinha mãe mesmo, era só ele e o pai.
Depois ela começou a
perguntar do que eu gostava, me elogiou, falou do meu cabelo... Sabe? Coisa de
mulher. Eu e ela sorriamos quando Michael revirava os olhos em tédio dessa
conversa. Agora era ele quem estava se sentindo deslocado entre nós duas.
— Agora eu tenho mais a
certeza de que eu sei qual foi o motivo do meu filho ter ficado na cidade. — A
mãe do Michael insinuou divertida olhando para ele.
— Kathe?! — Michael
murmurou olhando-a com repreensão. Eu iria sorri, mas tive que me conter. Ele
não iria falar na frente da sua mãe.
— O que? — Perguntou se
fazendo de desentendida.
— Não se atreva, mãe. —
Ela ignorou-o e voltou a olhar pra mim.
— Você sabia que o
Michael só estava aqui de passagem? — Michael bufou, mas era engraçado o jeito
que ele estava.
— Então... Ele...
— Não vou avisar de
novo, mãe. — Michael arregalou os olhos para a sua mãe em um aviso. Mas ele não
se importou.
— Então ele ficou por
causa de você. — Olhei para ele e sorri, ele também me retribuiu e olhou para o
lado balançando a cabeça. Sem sombra de dúvidas, àquele Michael todo
determinado e obstinado que eu conheci também tinha um lado tímido que por
acaso o deixava mais fofo e mais lindo.
Michael se levantou, fez
a volta na mesa e estendeu a mão para mim. Franzi o cenho, olhei para a mãe
dele e depois voltei para ele.
— Vamos à varanda? —
Perguntou.
— Mas... E sua mãe?
— Oh não querida. Vá com
ele, eu já terminei. A empregada irá tirar a mesa. Só não vá embora sem se
despedir de mim, certo?
— Certo. — Assenti e me
levantei. Michael colocou a mão na minha cintura e me levou até a varanda. Caminhamos
até a mesma em silêncio.
A vista de lá era linda.
Flores ladeavam a varanda, o cheiro delas invadiu minhas narinas, um cheiro
muito bom. Será que a mãe ele era louca por flores? Por que tantas flores?
— São lindas, não é? —
Michael perguntou tirando-me do meu transe, me agarrando por trás e envolvendo
minha cintura com suas mãos enormes e macias. Eu suspirei.
— São sim. — Fora a
única coisa que eu falei. Silêncio.
— Ela gosta muito de
flores. Ela fez jardinagem. — Ele explicou o fato de ter tantas flores em um
único jardim, antes que eu pudesse perguntar.
— Então está explicado.
Michael encostou seu
nariz na minha cabeça e aspirou o cheiro do meu cabelo com ímpeto.
Me virei para ficar de
frente pra ele. Ele manteve suas mãos na minha cintura e eu entrelacei meus
braços em volta do seu pescoço. Michael era tão lindo. Perfeito. Aqueles lábios
desenhados e bem convidativos me deixavam louca. Eu não sei o que ele fez
comigo, só sei que era bom, muito bom essa paixão que eu estava sentindo.
— Por que me trouxe aqui?
— Por que eu gosto de você.
—Por quê? — Ele franziu as
sobrancelhas achando estranho meu questionamento sem fundamento.
— Porque eu gosto. — Respondeu
e deu de ombros.
— Porque não é bem uma resposta, Michael. — Sorri lembrando-me de
quando ele tinha falado isso para mim. Ele me acompanhou. Silêncio.
— É verdade? — Quebrei.
— O que?
— O que a sua mãe disse. — Ele
deu uma risadinha gostosa antes de responder.
Fiquei pensando um pouco uma
forma de perguntar, ele poderia voltar a ficar vermelho.
— Qual foi o verdadeiro motivo
de você querer permanecer na cidade? — Perguntei. Ele abaixou a cabeça e depois
voltou a erguê-la.
— Quer saber mesmo?
— Hurum. — Assenti.
— Pois bem. Meu pai ligou para
mim e me pediu ajuda com algumas coisas do restaurante. Nesse mesmo dia que
voltei para ajudá-lo, eu encontrei uma linda mulher no salão do restaurante. —
Ele entortou os lábios e eu fiquei com vergonha em saber que ele estava falando
sobre mim. Sobre o dia que ele me pegou no flagra tocando piano. — No princípio
eu pensei que fosse apenas mais uma garçonete que trabalhava para ele, mas depois
quando a vi no meu palco, tocando meu piano e cantando... — Ele deu uma pausa e
eu corei. — Foi na certa.
— Foi na certa? — Arqueei as
sobrancelhas. — Você acredita em amor a primeira vista?
— Bem... — franziu o cenho —
Não exatamente. Mas acredito em destino. Acho que foi proposital Lucy. O
destino nos cruzou de propósito sabe? — Balancei a cabeça demonstrando que
estava entendendo.
— Você ainda estava ferido, não
foi? — Perguntei com cautela. Ele negou com a cabeça.
— Não. Eu não estava ferido.
Estava com raiva. — Ele olhou sobre minha cabeça e vi seu olhar se perder pelo
o jardim. — Eu nunca deveria ter ido embora por causa dela. Eu fiquei puto quando ela se foi. E sabe Lucy, você me entende. O pior sentimento do mundo é
quando você percebe que perdeu a si mesmo.
Nossa, o jeito que Michael
falava me dava um aperto no coração. Saber que ele sofreu por causa de uma
mulher que o abandonou era de dar pena. Mas eu não iria demonstrar que estava
sentindo isso, é lógico. Pena é uma coisa que ninguém quer que outra pessoa
sinta por ela. Bom... O Brad não tinha me abandonado, eu que o perdi em um
acidente. Já essa tal de Sara havia o abandonado sem dó e nem piedade pelo o
que me pareceu. Isso pode soar até inconveniente, mas às vezes uma pessoa abandonada
sofre mais do que quando perde alguém.
De qualquer forma, os dois
doem, doem pra caralho. E neste caso aqui eu quem perdi e Michael que fora
abandonado.
Tirei meus braços do seu
pescoço, migrei minhas mãos para suas costas e o abracei, apoiando minha cabeça
no seu peito. O silêncio voltou a se instalar por mais alguns instantes, e
ainda estávamos na mesma posição.
— Que coisa engraçada. —
Enunciei.
— O que? — Michael perguntou.
— Isso. — Desencostei do peito
dele para fitá-lo — Às vezes algumas notas de uma música, um simples tom, um
gosto ou um cheiro podem mudar tudo em sua vida.
— O mundo é feito de música,
Lucy. É só acompanhar o tom e o ritmo. — Ele reforçou e sorriu graciosamente sem
mostrar os dentes.
— Às vezes eu sinto como se o
mundo estivesse sobre minha cabeça, derrubando-me com uma monotonia sem fim. —
Michael suspirou.
— Sabe que não precisa se
sentir mais assim, não é? — Olhou-me com ternura. — Você tem a mim.
— Onw Michael...
— Quando estamos próximos, eu
sinto sua respiração, e quando você vai embora, até o vento me lembra você. — Declarou
acariciando meu rosto com o dorso da sua mão. Me derreti como um picolé diante
dessas palavras. Michael sabia exatamente do que eu precisava. De uma pessoa
que gostasse de mim assim como ele estava se mostrando a cada dia, de amor,
carinho, paciência... E tudo isso ele estava me dando. Era como se eu tivesse mudando de clave.
Seus lábios encostaram-se nos meus
com carinho. Nossas línguas se acariciavam de modo lento, apaixonado, tornando
o beijo ainda mais gostoso. Levei minhas mãos aos seus cachos sedosos,
acariciando-os. Ele apertou mais a minha cintura, depois suas mãos subiram pelo
o meu corpo e foram parar nos meus cabelos.
Não, ali não havia nenhum indício de desejo carnal. Era uma coisa meiga o que estávamos compartilhando, um carinho
único.
Deus, a cada dia eu me sentia
mais livre dos meus pesadelos, das minhas lembranças, das coisas que me
perturbavam. Meu coração automaticamente estava compondo uma nova história para
a minha vida. E eu estava amando tudo isso.
— Mas que droga, Sara! O que você pensa que está fazendo?! —
Indaguei furioso. Ela se levantou e caminhou até mim, tentando colocar suas mãos
no meu peito.
— Ele só tem olhos pra vocês. — Sharon disse.
Capítulo 19
Michael
Passaram-se dois meses e Lucy e
eu já estávamos mais firmes do que nunca. Às vezes quando ela largava iria para
o meu apartamento e passava a noite comigo. E ah, estávamos nos apresentando
definitivamente no Well’s Diner pelo menos duas vezes por semana, e percebi que
ela estava gostando muito, assim como eu estava.
Confesso que até cheguei a ter
um desentendimento com o meu pai por causa disso, mas nada grave. Ele só
questionou algumas coisas que eu não gostei e por isso discutimos, mas depois ele
percebeu que era sério mesmo meu lance com a Lucy e ficou quieto. Ainda bem que
ela não soube disso.
Ainda não tínhamos tocado
naquele assunto que a Lucy insistia em guardar só pra ela. E como eu prometi
ser paciente, fiquei na minha.
A música nas nossas vidas de
tornou um vinculo. Ela nos uniu de uma forma inexplicável. Uma melodia se
expandia a cada dia entre nós, era um amor maravilhoso que emergia no universo.
Somente Deus conhecia o que estávamos sentindo. Eu estava louco, estava amando
aquela garota que a cada dia se mostrava mais forte na minha frente.
Parei em frente a uma loja de
instrumentos da cidade. Aquela vitrine imensa, cheia de instrumentos lindos chamou
minha atenção. Guitarras Gibson BB King Lucille era um sonho de consumo para
qualquer guitarrista. Não eu não tocava guitarra, mas conhecia as melhores
marcas de instrumentos. Também havia uma bateria, instrumentos de sopro, mas o
que me chamou a atenção foi um violão Takamine branco. Suas cordas de aço
pareciam ser resistentes, sem falar que era a cara da Lucy.
Entrei na loja já com uma ideia
na cabeça, mas mesmo assim ainda olhei todos os instrumentos à minha volta. Fui
passando pelas sessões até achar os de instrumentos de corda. Olhei em volta
procurando um Takamine igual ao da vitrine, quando avistei um, meus olhos
brilharam em saber que a Lucy ficaria feliz em ter um. É, eu iria dar um pra
ela.
Passei meus dedos por ele
gentilmente, admirando-o. Fiquei pensando, como ela manjava naquele instrumento
e eu não. Sorri com meus pensamentos bobos.
Percebi alguém se aproximar de
mim, e aquele cheiro familiar que agora eu sentia enjoo invadiu minhas narinas.
Não, não poderia ser quem eu estava pensando, não agora.
— Sara. — Murmurei ainda de
costas mostrando que não estava surpreso. Silêncio. Virei-me e encarei-a com a
cara de poucos amigos. — O que está fazendo aqui?
— Vejo que ainda lembra o meu
nome. — Murmurou com seus olhos azuis claros mirados nos meus. O que ela estava
fazendo de volta à cidade que abandonara?
— O que você está fazendo aqui?
— Perguntei sem paciência nenhuma. Ela mexeu no cabelo, nervosa e sorriu pra
mim. Não posso negar que a Sara era linda, não mudara nada desde quando fora
embora. Mas sua presença agora me incomodava, e muito.
— Eu vim ver você. — Murmurou. Eu
sorri irônico.
— Veio me ver? — arqueei as
sobrancelhas — Muito engraçado. Deveria ser comediante, e não cantora. — Fui irônico. Seu sorriso
desvaneceu aos poucos, e os seus olhos foram perdendo o brilho.
Se esse encontro tivesse
acontecido há dois meses atrás, eu teria lhe lançado injurias, verdades e
descontaria toda a minha raiva, mas agora frente à frente com ela tudo
dissipou-se de supetão.
— Michael... Eu voltei. —
Balbuciou. O que ela pensou? Que eu ficaria feliz por isso?
— Eu to vendo. — Virei de volta
e capturei o violão que daria a Lucy de presente.
— Violão? Não me lembro de você
tocar violão. — Ela disse tentando chamar a minha atenção. Virei-me para ela
novamente.
— E quem disse que é pra mim? —
E saí da frente dela, indo para o balcão.
— Michael... — Ouvi ela
lamuriar vindo atrás de mim. — Michael, quero conversar com você.
Ignorei-a e entreguei o violão
ao caixa. Senti sua mão encostar-se no meu ombro. Olhei para a mesma e ela
retirou-a.
— Eu só quero conversar. —
Balbuciou. Balancei a cabeça descrente do que ela estava falando. Com que
direito ela queria conversar depois de tudo? Nenhum oras.
Encarei-a com repugnância e
balancei a cabeça.
— Conversa comigo, por favor! —
Implorou mais uma vez. Isso já estava ficando feio.
— Engraçado. Quando você foi
embora não queria saber de conversa. — Ironizei com um sorriso falso no canto
dos lábios.
— Michael eu...
— São 950,00 dólares senhor. —
O caixa de pronunciou atrapalhando a tentativa de explicação da Sara.
Voltei minha atenção para o caixa
e fiz todo o pagamento. Sara ainda estava ao meu lado tentando chamar a minha
atenção, mas ignorei-a até chegar ao meu carro ao saí da loja. Coloquei o
violão no banco traseiro do carro e quando iria entrar no mesmo para sair da presença daquela mulher, me deparei com ela na minha frente com
cara de cachorro pidão. Rolei os olhos e respirei fundo.
— O que você quer? — Perguntei
já sem paciência.
— Conversar.
— Eu não quero conversar com
você. — Disse frio.
— Olha Michael — tentou me tocar,
mas eu me desvencilhei — eu sei que eu errei, mas eu estou arrependida e de
volta.
— Como sabia que eu estava
aqui? — Me referi a loja ignorando suas palavras.
— Eu cheguei à cidade ontem
e... Hoje fui até o seu apartamento, mas vi você saindo. Então eu o segui até
aqui. — Disse com a voz baixa.
— O que foi fazer no meu
apartamento?
— Eu já disse. Eu queria
conversar. Se você soubesse...
— Eu não quero saber de nada. —
A interrompi. — Eu não quero você no meu apartamento.
— Eu sei... Eu sei, mas...
— Sara?! — interrompi-a — Eu
não quero você no meu apartamento e nem na minha vida, ouviu? — Eu disse sem
remoço.
— Eu estou arrependida, ta
legal? Eu sei que errei, mas você precisa me ouvir! — Ela quase exigiu. Era só
o que me faltava mesmo.
— Só que eu não quero! — Bradei
e algumas pessoas que estavam por perto nos olharam assustados. Respirei fundo
e tentei disfarçar aquela situação. — Olha aqui Sara, eu não sei o que foi que
aconteceu com sua carreirinha de cantora, mas seja lá o que for eu não estou
nem aí pra você. — Rosnei, mas não foi de raiva, na verdade eu nem sentia mais
isso por ela, eu só estava ficando de saco cheio com essa insistência de querer
conversar.
— Você ainda está magoado, eu
sei e sinto muito por isso. Muito mesmo. Mas só me dê cinco minutos da sua
atenção, por favor! — Silêncio.
— Adeus, Sara. — Entrei no
carro e me preparei para dar a partida.
— Eu sei que você ainda gosta
de mim. — Ela encostou-se no meu carro quase entrando pela janela.
— Desencosta dai, Sara. — Pedi
sem olhá-la. Mas ainda sim percebi ela passar a mão pelos seus cabelos.
— Você tem outro alguém,
Michael? — Perguntou muito temerosa. — É isso?
— Minha vida não lhe diz
respeito. Agora se fizer o favor de desencostar do meu carro e nunca mais me
procurar eu ficaria muito grato. — Sorri falso de lado e no mesmo instante ela
desencostou-se do carro murmurando a seguinte frase: Você tem outro alguém. E antes de colocar o carro em movimento, olhei
para ela e lá no fundo eu senti o certo arrependimento nos seus olhos. Ela
estava realmente triste e lagrimas se alojaram nos seus olhos. Mas garanto que esses
verdes lacrimejados não me comoviam. Eu não sentia mais nada por ela e isso era
fato. E eu estava bem demais com a Lucy para a Sara voltar querendo dar
desculpas esfarrapadas. Eu iria mantê-la o mais longe de mim.
Voltei a olhar para frente,
liguei o meu carro e saí de lá catando pneu implorando para que o destino não a
colocasse mais uma vez na minha frente.
Capítulo 20
Lucy
Sabe aquele tempo em que você
pensa que está tudo perdido? Que nada na vida vale mais a pena, e que seus
sonhos não podem mais se concretizar? Eu já vivi nesse tempo, e digo mais, a pior
coisa do mundo é você pensar que nada na vida tem mais sentido, e se não tem
sentido pra que viver? Passei muito tempo com isso na cabeça, pensando que Deus
tinha me esquecido, mas depois percebi que estava guardando o melhor para mim.
Colocou Michael na minha vida e não poderia está acontecendo coisa melhor.
Meus sentimentos por Michael
cresciam crescia cada vez mais. Tínhamos uma conexão que não sabíamos nomear. Ele
apareceu pra mim como uma luz que deslumbrava nas trevas, a paz que habitou no
momento em que meu coração estava abatido. E não havia no mundo beleza maior
que ver refletido no seu rosto que ele gostava de mim de verdade, e esse
sentimento era recíproco.
Nos víamos todos os dias e duas vezes por semana estávamos nos
apresentando no Well’s Diner. Era maravilhoso tocar ao lado de Michael. Eu me
sentia livre, era como se fossemos as estrelas daquele lugar. Talvez fossemos
mesmo, mas só duas vezes por semana. As pessoas começaram a frequentar mais o
restaurante e isso era bom, muito bom.
Um casal entrou no restaurante e eu me apressei em
atendê-los. Anotei seus pedidos e quando estava prestes a atravessar a porta da
cozinha senti uma mão me puxar para o corredor onde dava acesso ao escritório
do pai de Michael e me encostar na parede.
— Michael?! — Disse eu com o coração acelerado. Ele havia me
assustado.
— Está na hora da minha estrela ir ao palco. — Eu não achava
certo ele dizer que eu era a estrela. Eu não era a única no palco.
— Eu não sou a estrela, Michael. — Corrigi-o e ele sorriu.
Passou o dorso da mão na minha bochecha.
— Mas é a minha.
— Ah Michael... — Ele era um fofo. O príncipe em pessoa.
— Vamos dar uma volta depois? — Sussurrou. Seu rosto estava
tão próximo do meu que podia senti seu hálito fresco cobri meu rosto e sua perspiração
quente.
— No seu apartamento?
— Não. — Franzi o cenho. — Surpresa.
— Assim não vale. — Fiz cara de manha.
— Vale sim. — Me deu um selinho e se afastou um pouco. —
Vamos, estou esperando você lá no palco. — Eu assenti. Ele deu uma piscadela e
saiu.
Depois
que deixei o pedido dos clientes na cozinha me apressei a ir para o palco.
As cortinas estavam fechadas, e
assim que eu atravessei-as Michael estava encostado no piano. De braços
cruzados e um sorriso sapeca dançando nos lábios. O que será que ele estava
aprontando heim?
Caminhei até ficar bem pertinho
dele e fixei meus olhos nos seus, tentando decifrar aquele brilho.
— Anda logo. Conta o que você
está aprontando! — Exigi em um tom divertido. Ele arqueou as sobrancelhas.
— Eu não estou aprontando nada.
— Está sim. Olhe só essa sua
cara.
— Então quer dizer que a minha
expressão me acusa?
— É. — Ele sorriu.
— Ta certo. — Balançou a
cabeça. — Vamos tocar para ficar mais feliz e fazer as pessoas mais felizes?
— O que? Não... Primeiro me
conte o que você está tramando.
— Tramando? — ele franziu o
cenho — O termo não era aprontando?
— Ah Michael... Conta logo. —
Rolei meus olhos. Ele estava tentando fugir do assunto.
— Não... É surpresa.
— Mas... — Fui interrompida quando
ele me puxou e colou sua boca na minha, dando uma única chupada no meu lábio
inferir com volúpia. Foi tão sexy que eu arfei.
— Vou abri as cortinas. —
Sussurrou. Ele não iria me dizer mesmo o que estava aprontando, então desistir
de saber o que era naquela hora.
Ele esperou eu ajeitar o
pedestal e dá um ajuste bem rápido na afinação do violão. Depois que terminei,
fiz um gesto de cabeça e ele abriu as cortinas.
Logo começamos a tocar uma
música que falava sobre uma pessoa se declarando para a outra. Era bem romântica
mesmo. Suave e a batida era constante conforme a necessidade do ritmo.
Era incrível como eu e o
Michael entravamos em sintonia no ritmo de qualquer canção. Fosse ela no tom
mais agudo até o mais grave.
Acabamos por volta das dez da
noite. Depois que saímos o palco, Michael tinha se enfurnado no escritório do
seu pai e eu tinha ido tomar um banho. Ele havia insistido que iríamos sair hoje.
Fiquei no salão, sentada em uma
das mesas a sua espera, quando de repente uma mulher parou ao meu lado e
pigarreou chamando minha atenção. Levantei minha cabeça para encará-la.
Era uma loira bem bonita. Corpo
perfeito dentro de um vestido vermelho na metade das coxas, sua pele bem
cuidada. Mas seus olhos verdes num tom claro não tinham nenhum brilho, pois ela
parecia estar triste.
Ela respirou fundo e sorriu de
lado.
— Você tem uma voz linda. — Me
elogiou.
— Obrigada.
— Sempre toca aqui?
— Às vezes. — Que estranho.
— Ah. — Deu uma pausa, e ela
parecia ponderar para perguntar mais algo. — Seu namorado?
Franzi o cenho e fiquei calada.
Isso estava muito estranho.
— Ah desculpe. Eu não deveria
ter perguntado isso a você. Com licença. — Desculpou-se e saiu do meu campo de
visão. Acho que ela era maluca.
— Vamos? — Ouvi Michael se
pronunciar. Eu me levantei e olhei para ele.
— Vamos. — Peguei minha bolsa e
saímos restaurante afora.
Estávamos conversando dentro do
carro, mas eu não sei por que aquela loira não saia da minha cabeça. Talvez eu
estivesse assim por causa da pergunta que ela fizera, não sei...
— Michael? — Cortei a o assunto
que estávamos conversando e ele calou-se. — Sabe... Hoje enquanto eu estava
esperando por você no salão aconteceu uma coisa muito estranha.
Ele olhou pra mim de cenho
franzido e depois voltou a olhar para a pista.
— O que aconteceu?
— É... Foi que uma... Uma
mulher veio falar comigo e...
— Falar com você?
— Sim. Falar comigo e... Ela me
elogiou e também perguntou se éramos namorados. — Michael ficou em silêncio. —
Você está me ouvindo?
— Sim... Estou. — Olhou para
mim por um instante. — E como era essa mulher?
— Ah... Era uma loira... Olhos
verdes ofuscados... E era bem bonita.
Michael soltou um suspiro
pesado, mas não tirou seus olhos da estrada.
— Você está bem?
— Estou. — Apressou-se em responder
— Vai ver ela queria só elogiar você.
— É... Deve ter sido isso. —
Assenti mais tranquila e olhei pela janela.
Michael estava estacionando o
seu carro no mesmo lugar onde ele havia me levado para um luau. Abaixo do
letreiro de Hollywood.
Olhei para ele com uma
expressão interrogativa e o vi sorrindo de leve. O que será que Michael estava
fazendo hein? Que homem imprevisível era esse?
— Michael? — Arqueei as
sobrancelhas.
Capítulo 21
Lucy
Michael parou o carro no início
das barreiras daquele lugar íngreme onde já tínhamos ido. Só que dessa vez não
havia faíscas ao ar, nem pessoas em volta de uma fogueira cantarolando enquanto
outros tocavam violão. Éramos só eu e ele.
— Michael, o que estamos
fazendo aqui? — Perguntei olhando pra ele.
Ele não respondeu, apenas
desceu do carro, vez à volta no mesmo e parou ao lado da porta onde eu estava.
— Vem. — Abriu a porta com uma
ansiedade nítida.
— Mas o que...
— Vem. — Me interrompeu e
estendeu a mão para mim, que logo segurei.
— Eu sabia que você estava
aprontando. — Murmurei e ele sorriu de leve.
— Não estou fazendo nada
demais. — Me guiou até a frente do carro. Franzi o cenho e
encarei-o muito confusa.
Ele sentou-se no capô do carro
e em seguida deitou-se no mesmo.
— Anda, vem aqui. — Espalmou a
mão ao seu lado, incitando-me para fazer o mesmo que ele. E assim o fiz.
Sentei-me no capô do carro e em seguida me deitei, mirando meus olhos naquele
céu lindo e resplandecente, onde as estrelas reluziam entre as pequenas
nuvens. A lua estava linda, e eu sei que pode soar até como uma bobagem, mas
ela parecia está sorrindo pra mim.
— Veja só que coisa linda. —
Murmurei extasiada com essa visão.
— Que visão? A do céu, ou você?
— Michael disse, e quando eu virei minha cabeça pra olhá-lo, ele já estava me olhando, sorrindo.
— A lua. Eu estava falando da
lua, mas... — Parei de falar quando ele apoiou seu cotovelo no capô e segurou
sua cabeça.
— Mas você é mais linda. —
Concluiu. E se esticou um pouco para alcançar meus lábios e beijá-los.
Continuei olhando pra ele.
— Por que estamos aqui? Não é
proibido? — Ele negou com a cabeça bem devagar.
— Não quando se pede
autorização.
— Você pediu autorização? —
Indaguei e ele balançou a cabeça em positivo. — Espera ai. Você pediu
autorização só para nós dois estarmos aqui? Nós dois?
— Sim... Quer dizer, não eu,
mas... Lembra do Nick?
— Aquele que te emprestou o
violão que você me induziu a tocar lá em cima? — Apontei para o letreiro.
— Sim, ele fez esse favorzinho
pra mim. Mas eu não te induzi a tocar, eu pedi, é diferente. — Defendeu-se com
um sorriso de lado.
— Você me induziu e depois me
beijou. — Provoquei-o sem olhá-lo.
— O que? Mas você gostou.
— É... Eu gostei, mas...
— Mas...? — Ele levantou as
sobrancelhas e ficou esperando eu concluir.
Eu fiquei paralisada,
olhando-o. Não me canso de dizer que Michael era lindo. Seus olhos me fitando
me deixavam louca, seus lábios entre abertos eram bem convidativos. O vento assoprou
e seus cachos esvoaçavam com sua brisa.
— Me beija. — Ouvi-me dizer.
Não pude controlar. Ele franziu o cenho e sorriu.
— Quer que eu te beije agora?
— Você não quer?
— Claro que quero...
— Então está esperando o que?
— Nada, é que... — Não entendi
o porquê do Michael está delongando em vez de está me beijando.
Me levantei um pouco e segurei
seu rosto com minhas mãos, beijando-o e trazendo junto comigo até encostar
minha cabeça de volta no capô do carro. Ele me correspondeu de bom grado, mas
logo soltou meus lábios e ficou me fitando com seus negros desconcertantes.
— O que foi? — Perguntei.
— Espera aqui. — Fora única
coisa que ele disse antes de descer do capô. Sentei-me e o vi abri a porta de
trás do carro e tirar do mesmo um vilão branco. Depois ele voltou e se
sentou no capô, estendendo o violão pra mim, que mesmo sem entender nada peguei e
apoiei nas minhas pernas.
— Toca pra mim. — Pediu com
carinho.
— Isso é um...? — Tentei perguntar enquanto examinava o takamine branco que eu segurava. Seu corpo bem feito, o
braço, seus trastes, e suas cordas de aço. Era lindo, muito lindo mesmo. Saí do
meu transe quando percebi que Michael me olhava. — Por que você está com um
violão? — Olhei-o com desconfiança.
— Gostou?
— O que? Isso é um Takamine.
— Eu sei. Por isso comprei pra
você. — Paralisei mais uma vez. Michael tinha comprado aquele violão pra mim?
— Você está de brincadeira não
é mesmo?
— Não mesmo. — Balançou a
cabeça.
— É... Eu... Não posso aceitar.
— Só não pode como vai.
— Não Michael... É sério. Eu
não posso. — Eu não podia mesmo. Aquele violão com certeza custou uma grana
alta, e eu não poderia aceitar. — Deve ter custado uma grana pra você e...
— E eu não me importo, Lucy. É
seu.
— Mas...
— Mas nada. Você vai aceitar,
certo? — Abri minha boca para negar, mas ele me impediu. — Certo?
Rolei meus olhos e por fim
acabei me rendendo.
— Tá bem. Mas não se atreva
mais a comprar coisas tão caras assim.
— Deixa de bobagem e agora toca
pra mim.
— O que você quer que eu toque?
— O que você quiser. A única
coisa que eu quero é ouvir sua voz linda cantando pra mim. — Enrubesci um
pouco. Assenti e logo comecei a tocar e a cantar uma canção após a outra
enquanto Michael me olhava sorrindo. Aquele violão era mesmo incrível assim como
imaginei. Me lembro que o Brad sempre quis ter um, mas como ele não tinha
condições financeiras nunca pôde comprar. E eu nem estava acreditando que agora
segurava um. Era extraordinário o som que aquelas cordas emitiam.
Michael começou a bater palmas depois que eu parei de tocar, em seguida pegou o violão e colocou no teto do carro.
— Pensei que queria que eu
tocasse.
— E você tocou. Agora eu quero
você pra mim. — Colocou a mão na minha nuca e tomou meus lábios, enquanto me
deitava, colocando-se por cima de mim e entre minhas pernas.
Seu beijo era ardente e carinhoso. Era tão certo o jeito com
que nossas línguas duelavam que passaram-se minutos em que estávamos nessa
sintonia. Meu corpo parecia receber descargas elétricas quando Michael deslizou
suas mãos quentes por debaixo da minha blusa. Eu estava ficando excitada. Ele parou de
beijar, desceu do capô do carro e puxou minhas penas, enlaçando-as em volta da
própria cintura. Eu sentia que iríamos fazer amor ali mesmo quando ele voltou a
me beijar, só que agora com urgência.
Capítulo 22
Lucy
As mãos de Michael deslizavam
pelos meus seios, apertando-os. Puxei seus cabelos quando ele desceu seus
lábios até o meu pescoço, fazendo-me gemer.
— Mi... Michael aw! — Gemi, e
ele desceu suas mãos até o meu jeans, tirando os botões da mesma. Interrompi-o
de tirar o último quando coloquei minha mão sobre as dele. Ele soltou meus
lábios muito ofegante e me fitou.
— O que foi? — Sussurrou.
— E se alguém aparecer? — Minha
respiração estava descompassada.
— Não vai. Confie em mim. —
Disse e eu assenti, porque confiava.
Ele abriu o último botão da
minha calça, tirou-a rapidamente junto com a minha calcinha e jogou-as no teto
do carro para fazer companhia ao violão.
Ele voltou a me beijar e suas
mãos hábeis começaram a apertar minhas coxas, eu soltei um gemido que foi
abafado com a boca dele quando migrou uma de suas mãos para perto da minha
intimidade, aproximando cada vez mais dela.
Eu estava louca para tê-lo
dentro de mim. Meu corpo parecia em chamas e esse fogo só iria cessar quando tornássemos em um só.
Comecei a desabotoar sua camisa
até deixá-lo livre da mesma. Depois desci minhas mãos até o botão da sua calça
e desfiz. Meu corpo todo se contorceu, e senti meu centro pulsar quando sua mão tocou no meu clitóris e passou a massageá-lo, estimulando-o.
Michael desceu um pouco a
frente da sua calça e a sua cueca e colocou seu pênis pra fora, me dando aquela visão maravilhosa e alegria em saber que tudo aquilo estaria dentro de mim. Ele me abraçou,
e um som parecido com um rosnado escapou de seus lábios quando ele segurou o
seu pênis e me penetrou gradativamente, inclinando seu corpo sobre o meu,
fazendo-me deitar novamente no capô, já preenchida por completa.
Ele começou a se movimentar
lentamente até tornar os movimentos mais rápidos. Como eu ainda estava de
blusa, ele levantou-a junto com o meu sutiã e chupou meus seios com volúpia, enquanto eu arquejava com a sensação maravilhosa que aquilo estava me dando.
Eu tirei minhas mãos dos seus
cabelos e finquei nas suas costas largas, arrastando-as. Ele arqueou a cabeça
para trás e começou a me estocar mais rápido e com mais força. Milhões de
sensações percorria pelo o meu corpo com aquilo, suas estocadas, seus beijos, seus
grunhidos e gemidos... Estava muito gostoso.
Abri
meus olhos com muito esforço e os fixei no céu, sentia o prazer se aproximando
de mim e com mais algumas investidas delirantes de Michael não vi somente
aquele céu estrelado, mas era como seu eu tivesse vendo outras galáxias quando
cheguei ao ápice e deixei que meu corpo fosse amolecendo com a sensação de
libertação. Michael também começou a tremer, como se a qualquer momento fosse
explodir dentro de mim. E foi isso mesmo que aconteceu. Ele levantou a cabeça,
espremeu seus olhos e abriu a boca em forma de ‘O’, enquanto seu líquido quente
escorria dentro de mim, libertando-se. Suas investidas foi cessando aos poucos, ele colocou a
cabeça no meu pescoço e foi ali que nós dois, ofegantes e sem conseguir dizer
nada ficamos até recuperarmos um pouco as nossas forças.
— Michael, isso foi... Perfeito! —
Eu disse olhando para o céu e modelando seus cachos com o meu dedo.
Ele levantou a cabeça e me deu um
beijo calmo.
— Foi maravilhoso. — Reforçou e
saiu de dentro de mim.
Minutos depois já estávamos
vestidos e deitados novamente no capô do carro olhando para o céu estrelado.
— Michael?
— Sim.
— Você acredita em estrela
cadente? — Tenho certeza que agora ele estava olhando pra mim.
— Se eu acredito?
— Hurum.
— Ah... Eu não sei. Pelo menos eu
nunca fiz um pedido a uma. — O silêncio se instalou por um instante, mas depois
eu quebrei.
— Eu já fiz. — Olhei pra ele.
— O que?
— Um pedido a uma estrela cadente.
— E se realizou. — Assenti com a
cabeça. — E o que você pediu? — Eu sorri e voltei a olhar para o céu, evitando
respondê-lo. — Hein? O que você pediu?
— Uma trégua.
— Trégua? — Balancei a cabeça em
positivo.
— O destino ferrou demais com a
minha vida, Michael. Então eu pedi uma trégua, uma nova chance — dei uma pausa
— um novo amor. — Voltei a olhá-lo. — Então o destino me deu você.
Michael sorriu contente ao ouvi
isso de mim, aproximou seu corpo do meu e me deu um selinho. Apoiou sua cabeça
na própria mão e ficou olhando para o meu rosto, analisando cada traço meu
enquanto acariciava o mesmo.
— Eu me recuso em imaginar você sofrendo. — Disse afável.
Seus olhos tinham um brilho novo, demonstravam lástima. Que droga, eu não
gostava quando alguém sentia pena de mim.
—Não precisa. Eu estou bem agora. Estou com você. — Toquei no
seu rosto e ele beijou a minha mão. Ele sorriu e votou a deitar-se ao meu lado.
— Era a Sara. — Proferiu com a voz um pouco trêmula e
hesitante.
— Ãm?
— A garota que falou com você no restaurante — ponderou um
pouco — era a Sara. — Meu coração parou por um instante e minha respiração
falhou quando ele revelou isso. Me sentei e o fitei incrédula. Torci para que
tivesse escutado errado.
— O que? — Balbuciei. Ele também se sentou e segurou minhas
mãos.
— Me desculpa não ter te contado antes.
— Aquela é a Sara? — Indaguei. Ele balançou a cabeça
confirmando.
— É.
— Nossa... Ela é tão... Bonita. — Murmurei descrente de que
tinha falado isso mesmo. Michael franziu o cenho.
— Bonita? Você só vai dizer isso? — Estranhou.
— E você quer que eu diga o que?
— Pensei que iria ficar com ciúmes. Ao invés disso você diz
que ela é bonita? — Sorri.
— Eu estou com ciúmes.
— Está? Ow... Quer dizer... Não precisa ficar.
— Claro que estou. Ela é sua ex-namorada, mas não posso negar
que ela é bonita, Michael, eu não sou cega. E é exatamente por isso que estou
com ciúmes.
— Mas não precisa ficar. Eu já disse a ela que não queria
vê-la e...
— Disse a ela? — Interrompi-o e ergui minhas sobrancelhas.
— Ah droga. — Murmurou e passou a mão nos cabelos. — Olha só
Lucy. A Sara me procurou — esbugalhei meus olhos — e eu dei um chega pra lá
nela.
— Por que você não me contou?
— Estou contando agora.
— Antes. — Michael respirou fundo.
— Por que eu não sabia que ela chegaria até ao ponto de ir
até o restaurante, e... Eu não quero esconder nada de você. — Abaixei meus olhos
e fiquei pensando um pouco. Sim, eu estava com ciúmes, mas não dela, e sim
dele. E não era justo eu sentir isso, ele estava sendo sincero comigo e isso
era bom. Ele uniu minhas mãos e beijou-as. — Não precisa ficar com ciúmes ta
bem? Eu só tenho olhos pra você.
— Por que ela voltou?
— Eu não sei, e nem quero saber. Não me interessa. — Tocou no
meu rosto — Você me ouviu dizendo que só tenho olhos pra você, não foi? — Olhei
bem no fundo dos seus olhos e assenti.
— Ouvi sim. Eu acredito em você. — Sorri e me deixei ser beijada por
ele.
— Que bom. Que bom.
Capítulo 23
Michael
Não sei se contar que a Sara me procurara tinha sido de certo
uma boa ideia a não ser ver a Lucy com ciúmes de mim. Claro que ela não tinha
razão e nem precisava ter, eu só tinha olhos para ela e a Sara já era um passado bem
distante. Meu presente e o meu futuro já pertenciam a Lucy.
Entrei no meu apartamento, fechei a porta e joguei as chaves
em cima da mesinha ao lado. Quando liguei a luz tomei um breve susto quando vi Sara
sentada no meu sofá, olhando-me. Que merda, porque ele estava ali? Como ela
entrou?
— Michael, eu só queria te ver e...
— Como entrou aqui? — Perguntei desvencilhando-me dela. —
Como entrou aqui? — Ele estudou as próprias mãos e depois me mostrou um colar
que estava no seu pescoço com uma chave como pingente. Era a chave que eu tinha
dado a ela quando namorávamos.
— Eu ainda tenho a chave. — Disse ela, murmurando. Passei a
mão no meu cabelo e respirei fundo. Porra, ela ainda tinha essa maldita chave.
— Não deveria estar aqui. Olha Sara, é melhor você ir embora.
— Sugeri sem olhar diretamente nos seus olhos.
— Não Michael, você precisa me ouvir.
— Não, eu não quero ouvir. — Me exaltei sem querer, elevando
minha voz. Ela estava me irritando, e olha que eu não era de ficar assim, esse
quem gritou sem sombra de dúvidas não era eu. Eu não queria vê-la, não queria
ouvi-la, não queria nada. Essa mulher tinha me deixado para tentar uma vida
diferente, tentar uma carreira deixando o certo pelo o duvidoso, sem nem sequer
pensar nas consequencias.
— Eu não vou embora. Michael, você precisa me ouvir, me
entender... Eu fui uma idiota, eu sei ta legal... Mas eu voltei. — Se aproximou
de mim e tocou no meu braço. Meus olhos desceram minimante para a sua mão e ela
tirou-a percebendo o asco que eu estava sentindo.
— O que aconteceu pra você ter voltado, Sara? Sua nova vida não saiu do jeito que você
imaginou? — Perguntei com ironia. Seu olhar desceu até o chão e uma expressão
triste tomou conta do seu rosto.
— O Rick me enganou. Disse que eu lançaria um CD em 2 meses
depois que eu estivesse em Nova York e... — Interrompi-a.
— Me deixa adivinhar. Você acreditou e se mandou? Depois
percebeu que ele havia a enganado e decidiu voltar pensando que eu estaria de
braços abertos esperando por você? — Ela abriu a boca para argumenta,
provavelmente, mas eu não permiti. — Eu fui embora por sua causa, Sara. Me
senti um idiota. Ai você volta e quer que tudo volte a ser que era antes? —
Nesse momento eu já falava rosnando.
— Eu tenho ciência do que fiz, eu sei que te machuquei e me
arrependo amargamente por ter deixado você. Mas eu voltei. — Me lançou um olhar
esperançoso. Eu balancei a cabeça e desviei meus olhos. — Você não pode ter me
esquecido. Eu sei que ainda sente algo por mim. — Sorri sem humor. Essa foi
boa.
— Não se engane, Sara. A fila já andou há muito tempo. — Eu
disse em um aviso externo para que ela saísse do meu apartamento e agora.
Seus claros olhos ganharam um brilho ofuscado, e lá eu também
pude ver dor, uma dor que eu não sabia explicar porque. Eu não tinha ódio dela,
mas isso não me comoveria.
— Vai embora, por favor! — Pedi mais uma vez.
— É aquela garota, não é? — Perguntou com a voz um pouco
embargada. Fiquei calado. Não era da conta dela. — Aquela garota que cantou com
você lá no restaurante.
— A fila anda. — Ela balançou a cabeça e deu um sorriso
descrente.
— Não acredito. Você arrumou uma garota para me substituir?
— Para te substituir? Você fala como se você fosse um ser
insubstituível. — Sorri sem humor. — Mas não. Eu não substituir você, você que
perdeu o lugar que tinha em minha vida. Eu estou apaixonado pela Lucy,
entendeu?
— Sabe que eu não acredito que você está me trocando por ela? Dizendo na minha cara que se apaixonou por uma... Por uma... — Ela limitou-se a
dizer o que eu sabia exatamente o que era.
— Funcionária? — Concluí por ela. — Impressionante, Sara. Eu
me lembro que você também era uma. — Meu olhar era de desdenho para ela. O que
aconteceu com ela? Ela não era assim. Será que essa história dela tentar ser
uma artista de verdade a deixou com o ego lá em cima? Balancei a cabeça
incrédulo.
Ficou quieta por alguns instantes me olhando, mas quando
abriu a boca pra falar eu não permiti porque seja lá o que fosse eu sabia que
ela iria vim com a picuinha de sempre, tentando se justificar pelo o que fez. E
sinceramente, eu não estava nem um pouco a fim. Minha noite com a Lucy tinha
sido boa demais para que no final a Sara viesse me rodear.
— Cala a boca. Preste a atenção. Só vou falar uma vez. — Eu
dizia frio e duro, tanto que me desconhecia, mas era necessário. Ela parecia se
encolher ali mesmo. — Fique longe de mim e da Lucy. Eu a amo, entendeu? — Ela
não mexeu nenhum músculo. Eu continuei. — Então se você tiver um pouco de
dignidade saia já do meu apartamento.
Os olhos dela se arregalaram, mas depois ela respirou fundo e
tentou se manter firme.
— Eu não acredito em você.
— Eu pouco me importo se você acredita ou não.
— Ela é só...
— Ela é a mulher por quem estou apaixonado. Você terá que
lembrar disso. — Ela exprimiu os olhos — Onde está a sua dignidade? Acho que já
falei algo sobre isso, não é mesmo? — Saíram faíscas dos seus olhos quando ela
os abriu.
— Isso ainda não acabou Michael. Eu não sou de desistir
fácil, e você sabe. — Disse ela. Cruzei os braços e rolei meus olhos. Ela
virou-se e saiu do meu apartamento batendo os pés.
Era só o que faltava mesmo. Coloquei uma mão no quadril e passei
a mão no cabelo, soltando um ar aliviado por ela ter ido embora. Mas essa
última frase proferida por ela me deixou tenso. Será que ela iria ficar
insistindo nisso? Torcia para que não.
Capítulo 24
Lucy
O restaurante estava com o movimento razoável. Nem muito e
nem pouco. E não era dia de apresentação.
Enquanto atendia um casal, vi Michael atravessar a porta
principal do restaurante e olhar pra mim. Ele sorriu e eu retribuí. Parecia
diferente, incomodado, ou talvez fosse só impressão minha. Eu retribuí com
outro sorriso e me concentrei no meu trabalho.
— Sei que não da minha conta, mas é impressão minha, ou o
Michael está diferente? — Sharon me perguntou assim que entrei na cozinha. Até
ela percebeu isso.
— Não, não é impressão sua. — Murmurei franzindo o cenho.
Coloquei o pedido no quadro e quando voltei a atravessar o anexo do salão meu
corpo chocou-se com o de alguém que logo soltou um gritinho irritante.
— Ai meu Deus, me desculpe é... — Parei de me desculpar
quando a mulher que tinha se chocado comigo levantou a cabeça. Era Sara, a ex
do Michael. Mas espera aí. O que ela estava fazendo aqui?
Ficamos nos olhando por uns longos segundos, até ouvirmos a
voz de Michael chamando nossa atenção.
— Lucy? Sara? — Disse em tom baixo. Nos duas olhamos para ele
no mesmo instante.
— Olá Michael. — Sara se postou na frente do Michael com um
sorriso estampado nos lábios. — Quero terminar nossa conversa. Eu disse que não teria terminado ontem a noite. — Ah...
Com certeza ela já sabia sobre eu e o Michael.
Conversa? Mas que porra de conversa era essa?
Estreitei meus olhos, e o olhar que Michael lançou pra mim
era como se ele estivesse me dizendo: “não é nada disso que você está
pensando.”
— Ah cara, isso é sério? — Eu disse em um tom bem audível
para que a Sara pudesse ouvir.
Michael respirou fundo e colocou a mão na cintura. Sua
expressão estava tensa e agora eu entendia o porquê.
— Lucy, essa é a... Sara. — Pigarreou. Disse como se eu não
soubesse quem era ela. — Sara, essa é a Lucy. — Ele se aproximou mais de mim e enlaçou minha cintura. O semblante de Sara se contraiu um pouco.
— Hum. — Ela murmurou desviando seus olhos de mim para
Michael. — Mas e aí? Vamos terminar aquela conversa de ontem a madrugada? — Sua
voz demonstrava muita malícia. Arregalei meus olhos na medida em que me virava para
olhar Michael. Arqueei as sobrancelhas e esperei que ele falasse alguma coisa.
Ele sabia que eu estava esperando por alguma explicação.
— Acho que agora estou sobrando por aqui. — Eu disse
sarcástica. Ela balançou a cabeça e olhou para Sara. — Depois conversamos. —
Saí de perto dele, ainda o ouvi me chamar, mas ainda sim me saí.
— Já disse pra ficar longe de mim! — Ainda muito distante
ouvi ele dizer a ela, depois que entrei na cozinha não ouvi mais nada. Fui
diretamente para o banheiro feminino, me encostei na pia e abaixei minha
cabeça.
Em menos de um minuto a porta foi aberta e Sharon apareceu na
minha frente.
— Você está bem? — Ela perguntou.
— Estou. — Olhei pra ela e sorri de lado. Nada convincente.
Ela balançou a cabeça e se encostou na pia, ao meu lado.
— Não minta pra mim. Você não está bem. — Olhei de lado pra
ela.
— Eu estou bem Sharon. Acredite. — Ficamos em silêncio por
alguns instantes.
Não, eu não estava bem. Eu estava com ciúmes, mas eu não era
uma pessoa estourada para exteriorizar esse tipo de sentimento.
— Ãm? — Olhei-a confusa.
— Não se faça de boba. Eu sei que você está assim por causa da Sara. Eu também a vi.
— Arg Sharon...
— Sem chances deles outra vez, Lucy. Ele só tem olhos pra
você. Está escrito isso no olhar dele. — Disse tentando me consolar. Eu sorri.
— E então o que ela veio fazer aqui?
— Eu não sei. — deu de ombros — Mas se foi pra tentar reatar
com ele pode crer que ela está perdendo o tempo dela. Michael está apaixonado
por você. — Eu não falei nada, apenas sorri mais uma vez e balancei a cabeça.
Segundo depois ouço a porta sendo aberta outra vez e então Michael
surgiu na nossa frente.
— Lucy...
— Ãm... Vou voltar para o salão. — Disse Sharon que antes de
se sair deu uma piscadela pra mim.
Continuei encostada na pia e de cabeça baixa. Eu não queria
parecer ridícula com esse ciúme. Ele havia me dito da última vez que sua ex
tinha o procurado, e talvez fosse me contar dessa outra vez, só não teve tempo.
Era isso.
— Eu ia te contar. — Ele soltou um suspiro.
— O que? — Perguntei ainda sem olhá-lo.
— O que aconteceu ontem depois que eu te deixei em casa.
— E o que aconteceu ontem depois que você me deixou em casa?
— Levantei minha cabeça para encará-lo.
Agora foi a vez dele de se encostar na pia ao meu lado.
— Ontem quando voltei... Ãm... Sara estava no meu
apartamento. — Começou a se explicar com cautela. — Eu esqueci que ela ainda
tinha a chave que a dei quando estávamos juntos. Mas eu a coloquei pra fora.
— Colocou? — Balbuciei.
— Coloquei.
— Ah...
Silêncio. Ele estendeu o braço e segurou meu queixo, fazendo
com que eu olhasse para ele.
— Eu não tive culpa. — Ele voltou a se explicar.
— Eu sei. — Murmurei.
— Então... Está tudo bem com a gente?
— E porque não estaria? — Seus olhos suavizaram quando eu
disse isso. Soltou um suspiro aliviado e sorriu.
Eu sei que ele estava falando a verdade, mas a volta dessa
mulher me deixou com um certo medo. Tinha certeza de que agora ela iria ficar
cercando ele. Talvez alguém poderia me julgar, dizer que eu deveria tomar satisfações ou me manifestar,
mas eu era tranquila demais pra isso, eu não era baixa. Mas caso ela voltasse a
rodear o que era meu, dessa vez eu seria capaz de ir contra os meus princípios.
— Se ela voltar a te cercar, eu juro que quebro a cara dela!
— Explanei olhando com seriedade pra ele. Ele arregalou os olhos com minha
ameaça. — Só pra deixar claro! — Completei com sarcasmo.
— Lucy?
— Michael? — Arqueei as sobrancelhas. Ele sorriu.
— Você fica sexy com ciúmes. — Ele não acreditou que eu
estava falando sério.
— Eu estou falando sério, Michael. — Seu sorriso desapareceu
aos poucos.
— Droga, você está! — Resmungou passando a mão na cabeça. —
Ela não vai mais fazer isso.
— Assim eu espero. — Retruquei e desencostei-me da pia. Ele
segurou minha cintura e me puxou para si.
— Você fica mais linda com ciúmes. — Enfiou sua cabeça no meu
pescoço e começou a me cheirar.
— Eu não estou com ciúmes.
— Está sim. Até ameaça está fazendo. — Subiu até o meu rosto
e colou seus lábios nos meus em um selinho demorado.
— Só estou cuidando do que é meu. — Eu disse passando a mão nos
seus cachos. Tocou na mecha do meu
cabelo e colocou atrás da minha orelha enquanto me olhava com ternura.
— Lucy eu... Eu te amo. — Declarou-se estudando meus traços. Eu
fiquei inerte e atônita ao mesmo tempo. Era a primeira vez que ele dizia que me
amava, até porque paixão é diferente de amor. E ele me amava, ele me amava e
naquele momento eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Ah cara, não havia
dúvidas de que minha paixão também tinha se tornado um amor forte.
— Michael... Eu... Eu também te amo. — Pigarreei com um
sorriso despontando em meus lábios. Depois o abracei e o beijei com voracidade,
como nunca tinha beijado antes.
Depois voltei para o salão e o resto da noite tinha sido tranqüilo.
Eu estava feliz, parecendo uma boba, mas ao mesmo tempo com um mau pressentimento.
Parece até bobagem, mas agora que o Michael tinha dito que me amava eu fiquei com
medo do que poderia acontecer. E se fosse mais uma peça do destino contra
mim? Sua especialidade era me machucar. Ah não, eu nem queria pensar nisso. Mas eu já sofri tanto nessa vida que
até a felicidade me assustava.
— Você
tem razão. — Disse ela com a voz entrecortada se levantando e ajeitando sua blusa
e o cabelo. Silêncio.
—
Estava debaixo do meu... — hesitei um pouco — travesseiro. — murmurei.
— É
assim que se fala. Mas ainda você terá que fazer uma coisa. — olhei para ela
que tinha a cara de quem estava ponderando muito antes de falar. — A foto. —
disse por fim.
Capítulo 25
Michael
Estacionei meu GTO em frente à casa de Lucy e desci do mesmo, me direcionando a porta da entrada da casa. Era
domingo e a noite estava linda, perfeita para passar ao lado da Lucy, já que
nem todos os domingos ela folgava. Toquei na campainha e esperei pacientemente
para alguém abri-la.
— Sr Jackson? — O olhar que o
Mario lançou pra mim assim que abriu a porta era de uma pessoa surpresa. Tinha
que ser, eu nunca tinha ido lá daquela forma e muito menos parado para entrar.
E além do mais a Lucy nunca me convidara antes.
— Boa noite Mario. — Respondi e
sorri cordialmente. Caramba, eu tinha esquecido de que ele não pegava no mesmo
turno que o da Lucy.
— Oh, por favor, entre. — Ele
abriu passagem e eu entrei.
— Com licença. — Ele fechou a
porta atrás de si e ficou me encarando. — Ah... Por favor, me chame só de
Michael.
— Claro. — assentiu. Por que
será que ele continuava me encarando desse jeito?
Pigarreei e cocei a cabeça.
— Tudo bem com você? — Perguntei
para tentar tirar aquele clima que estava me constrangendo. E como forma de
educação, sobretudo.
— Sim, estou bem, e você?
— Estou ótimo. E a Rose?
— Também está ótima. —
Respondeu ele, e voltamos a ficar em silêncio por alguns segundos.
— A Lucy está lá em cima. Pode
subir se quiser. — Isso foi uma tentação? Franzi o cenho estranhando isso. Ele sorriu. — Anda,
pode subir, aqui não tem frescuras não. — Piscou um olho pra mim.
— Claro. — Assenti e me virei,
indo em direção a escada. Já no meio da mesma enquanto estava subindo a Rose
estava descendo toda arruma. Quando me viu seu sorriso se alargou de orelha a
orelha. Será que eles iriam sair?
— Michael? — Ela também estava
surpresa.
— Olá Rose. — Fora a única
coisa que eu disse. Ainda me sentia um pouco deslocado.
— É... — Ela ficou com uma mão
gesticulando, tentando proferia algo. — A Lucy está no quarto. — Murmurou e eu
assenti com um gesto de cabeça. — A última porta. — gritou por fim quando eu já
estava no pequeno corredor. Parei em frente a porta que estava entreaberta e seguei na maçaneta, empurrando-a um pouco.
Lucy estava sentada de costas
para mim, e segurava o violão que eu dei pra ela. Seus dedos deslizavam pelas
cordas e casas com maestria, formando uma simples melodia suave e gostosa de
ouvir. Também cantarolava uma canção que eu nunca ouvira antes. Até em meio tom
a sua voz era linda, encantadora. Parecia um anjo. Eu poderia ficar a
eternidade parado ali só observando-a.
Dei três batidinhas na porta e
ela parou de tocar e cantar, virando-se para mim. Eu sorri pra ela.
— Michael? — Ela franziu o
cenho pela surpresa, mas depois foi esboçando um sorriso.
— Oi. — Adentrei no quarto e
fechei a porta atrás de mim.
— O que você está fazendo aqui?
Por que não me ligou? — Ela colocou o violão em cima da cama e pôs os pés no
chão. Estava usando um short de malha preto deixando suas pernas bronzeadas a
mostra e uma regata amarela. Até com roupas simples assim ela era linda.
— Quis fazer uma surpresa. O
Mario disse que eu podia subir. Não gostou?
— Cla... Claro que gostei. É
que... — respirou fundo — Claro que eu gostei. — sua voz era meiga.
Enfiei as mãos no meu bolso e
me pus a observar o seu quarto.
— Então esse é o seu quarto. —
Não foi uma pergunta. Ela olhou pra mim e assentiu. — Legal. — Arqueou as
sobrancelhas e em seguida sorriu. Eu estava falando a verdade, e era o mesmo que
eu esperava do quarto dela. Nada de estilo patricinha. O quarto era a cara
dela, simples, mas era.
Olhei para ela que estava
batucando as costas do violão ao seu lado, e me lembrei que ela estava tocando antes de eu
chegar.
— Estava treinando? — Perguntei
e me encaminhei na sua direção, sentando-me ao seu lado.
— Um pouco. — Ela pegou uma
folha que estava ao seu lado junto com um lápis, e dobrou com urgência. Parecia
que estava escondendo de mim. Eu não pude ver exatamente o que era, mas acho
que era a letra de uma música pela estrutura.
— Está treinando uma música
nova?
— Nã-não. Não é nada. É só uma
música que eu estava passando. Tinha esquecido um pouco dela. — Respondeu ela
transparecendo está mentindo. E estava mesmo. Ela tinha um talento fora do
comum para esquecer uma canção e precisar de um papel para lembrar as notas.
Fiquei um pouco intrigado com isso, mas deixei pra lá.
Ela voltou a posicionar o
violão nas suas penas e tentou mudar de assunto.
— Vamos cantar?
— Eu? Cantar?
— E por não?
— Por que... Eu... Eu prefiro
tocar.
— Eu sei. Mas aqui não tem um
piano. — disso irônica — Ah, qual é? Você nunca cantou junto comigo.
— Lucy...
— Michael... — Suplicou. Como
eu iria negar a um pedido dela, principalmente quando ela me pedia com
jeitinho.
— Tá bem. — Me dei por vencido
rolando os olhos. Ela sorriu e se prontificou para iniciar a música. Logo
reconheci pela melodia e comecei a cantar com vontade.
Cantar não era muito a minha
praia, mas eu estava feliz por estar ali ao lado dela, cantando. Mais uma
certeza de que éramos uma dupla em tanto. Não querendo me gabar, mas eu cantava
bem. Minha voz sempre foi suave e com um toque de rouquidão, nada de falhas e
afinada.
— Não
acredito que você canta tão bem assim. — Ela disse sorrindo, deixando o violão
de lado para me abraçar, e eu aproveitei e tomei os seus lábios em um beijo
suave.
— Não
exagera. — Eu disse sorrindo com ela
ainda nos meus braços.
— Não
estou exagerando. — Olhou nos meus olhos e de repente o clima contagiante
mudou. Bem, estávamos a sós no quarto, porta fechada ela nos meus braços... O
clima estava deixando a desejar.
Segurei
sua cintura com firmeza e puxei-a para cima do meu corpo enquanto me deixava na
sua cama. Minha mão foi parar na sua nuca, puxei sua cabeça e a beijei com
paixão. Depois inverti a posição e me pus por cima dela, enfiei uma de minhas
mãos por debaixo da sua blusa e passei a massagear um de seus seios enquanto
ela soltava uns gemidinho que era abafado por minha boca na dela. Senti sua mão
agarrar meus cabelos e apertar mais nosso beijo. Levantei uma de suas pernas e
coloquei na altura da minha cintura, tanto que minha ereção já roçava no seu
sexo, por cima do short. Não consegui conter um gemido quando suas mãos
percorram pela minha camisa, aranhado minhas costas. Lucy já estava entregue a mim, e, por mais que eu a quisesse
agora, por mais que eu quisesse estar dentro dela, eu não podia fazer isso
ali. Seus tios poderiam entrar a qualquer momento e isso não seria legal.
— Hey.
— Parei de beijá-la e levantei minha cabeça com muito esforço. Estávamos sem
fôlego. — Sabe que eu estou muito a fim não sabe? — Engoliu seco e balançou a
cabeça confirmando — Mas aqui não é uma boa ideia. — Dei um selinho e em
seguida saí de cima dela, sentando-me na cama.
— É...
Quer fazer alguma coisa? — Perguntei. Ela me olhou com insinuação. —
Digo... Sair, comer alguma coisa.
— Que
tal ficarmos e assistirmos a um filme lá em baixo? — Sugeriu ela.
— Um
filme? Por exemplo... — Ergui minhas sobrancelhas.
— Já
assistiu Top Gun?
— Nunca
vi.
—
Sério? — Assenti com a cabeça. — Então pode ver hoje, agora. É um clássico.
Você vai gostar.
— Quem
me garante?
— Eu.
Eu garanto. — Deu de ombros.
— Então
vamos! — Eu disse me levantando da cama, peguei na sua mão, mas quando iria
puxá-la junto comigo, ela soltou.
—
Espera ai.
— O que
foi?
— É que
eu... Eu preciso tomar um banho primeiro. — Disse soando um pouco vergonhosa e
passando a mão nos cabelos. Franzi o cenho e sorri.
— Está
bem. — Dei de ombros. — Só não demora. Mulheres têm uma mania triste de
demorar. — Falei para provocá-la. Ela revirou os olhos e se aproximou de mim.
— Assim
você me ofende. — Se fez de coitadinha e me deu um beijo. — Eu não vou demorar.
— E saiu da minha frente, mas antes de entrar no banheiro pegou uma toalha e
algumas peças de roupas.
Sentei-me
na cama e me pus a esperá-la com paciência. Era assim que os homens tinham que
ser com suas garotas, paciente.
Olhei
em volta do quarto e quando percebi meus olhos estavam pregados na folha que a
Lucy estava quando eu cheguei. Permanecia dobrada sobre a cama, ao lado o
violão e o lápis. Não eu não peguei o papel, não iria desrespeitá-la invadindo
sua privacidade de uma forma tão idiota assim. Se ela quisesse me mostrar me
mostraria, se não viríamos isso depois.
Voltei
a olhar para frente, mas achei ter visto outra coisa que me chamou a atenção.
Enquanto eu desviava meus olhos do papel avistei algo debaixo do travesseiro da
Lucy. Então por curiosidade quando olhei para o travesseiro havia mesmo algo
sob ele. Era algo que certamente foi descoberto enquanto estávamos nos
beijando. Espreitei o som do chuveiro para ter a certeza de que a Lucy ainda
estava no banheiro, segurei na pontinha do que estava a mostra e puxei
hesitando um pouco. Talvez fosse besteira — pensei, mas quando vi que era uma
foto me intriguei e puxei-a de uma vez.
Fiquei
parado com os olhos semicerrados naquele cara da foto segurando uma guitarra,
de olhos verdes e cabelos castanhos. Não queria acreditar no que eu estava
pensando. Ou melhor, eu não queria acreditar no que eu já pensara antes. Um
homem, esse era o problema da Lucy, outro homem. — Constatei balançando a minha
cabeça, me sentindo um idiota, o perfeito idiota.
Com
minha visão ficando inflamada de raiva virei o lado da foto e tinha algo
escrito lá com a letra bem legível. “Aconteça
o que acontecer, eu nunca deixarei de te amar.”
Era por isso que ela não queria me contar o que tinha acontecido pra
ela ter ficado daquele jeito.
Capítulo 26
Lucy
Eu
tinha acabado de tirar a toalha do meu cabelo quando atravessei a porta do
banheiro toda empolgada e ansiosa. Seria uma noite perfeita ao lado do Michael,
agarradinhos no sofá assistindo um filme, coisa simples, mas todo o meu
entusiasmo desvaneceu-se quando o avistei encostado na minha cômoda ao lado na
minha cama, com os braços cruzados e com o semblante insondável. Seus olhos
cruzaram os meus e ali eu percebi que havia alguma coisa errada.
Ele
continuava me fitando, e vi um asco dominar seus olhos enquanto
ele me olhava. Eu estava ficando assustada. Talvez fosse coisa da minha cabeça,
ou não.
Comecei
a caminhar em sua direção, foi quando ele descruzou os braços e eu pude ver que
ele segurava alguma coisa... Ah não droga! Parei no mesmo instante quando
percebi que se tratava de uma foto. Rapidamente olhei para o meu travesseiro e
o vi fora do lugar. Estava claro, era a foto do Brad que o Michael segurava.
Merda!
—
Michael eu... Eu posso explicar. — Murmurei sem saber por onde começar.
— Estou
torcendo para que o cara da foto seja um cantor que você admira. — Disse em um
tom de voz baixo e seco.
— É
meu... Meu ex-namorado... — Senti um nó na minha garganta que me impedia de
revelar mais.
— Claro
que é. — Disse e sorriu sem humor.
— Olha
só, Michael... Eu vou te contar tudo certo? — Tentei me aproximar dele, pensei
que ele só estava esperando uma boa explicação e que depois ficaria tudo bem, mas
ele entendeu uma mão para que eu parasse, vi que era mais sério do que pensei.
— Ora, não
precisa.
— Mas
eu quero te contar.
— Não.
Você só quer me contar porque não tem mais o que esconder. Eu já eu saquei
tudo. — Franzi o cenho com o seu tom irônico.
— Não,
você não sacou. Eu ainda não expliquei. — repreendi-o — Eu-Eu... — segurei
minha cabeça e abaixei-a pensando em uma forma de começar, o que só piorava as
coisas.
— Eu
não quero que você me conte mais nada.
— O
que?
— Isso
mesmo Lucy. Estamos juntos há meses, eu contei logo de cara minha vida pra
você, e em vez de você me dizer que ainda gostava de outro disse que me amava.
—
Michael, não... — Balancei a cabeça em sinal de negativo.
— Uma
mulher que dorme com uma foto de um homem debaixo do travesseiro é sinal de que
gosta dele.
— Você
está entendo tudo errado. — Repreendi-o.
— Você
mentiu pra mim. — Voltei a olhá-lo de cenho franzido. — Ainda gosta do seu ex,
Lucy? Era esse o seu problema? Era esse o motivo que você vivia nos cantos com cara de magoada? — Me olhava com repulsa. Não, ele não poderia está me olhando daquele jeito, ele estava entendendo tudo
errado, eu tinha que explicar logo o que acontecera.
— O
que? Não... Não é isso o que você está pensando, Michael. — Soltei um suspiro.
— Então
o que é? — Quando eu abri minha boca pra falar, ele não me permitiu. — Espere!
Não fala. É melhor você ficar de boca fechada.
—
Michael?
— Por
que você tem uma foto do seu ex debaixo do travesseiro?
— Porque falar sobre o meu passado é doloroso. Eu
não disse antes porque eu não conseguia tocar nesse assunto, contando também que você não fosse me entender. Mas acredite, eu iria te contar, e vou te contar.
— Eu
não acredito em você. — Meu Deus, aquilo não poderia está acontecendo. Uma
foto, por causa de uma foto?
— Eu ia
de dizer e... — Tentei me explicar mais uma vez, mas ele não me permitia.
— Eu
não quero saber! — Bradou enfurecido e eu me assustei. Céus eu nunca tinha o
visto assim. Me senti como uma criança indefesa enquanto ele se aproximava de
mim com aquele olhar, eu parecia estar me encolhendo debaixo dos seus olhos.
Mas espera ai. Por que eu estava deixando ele gritar comigo? Não iria deixá-lo
gritar comigo sem ter um bom motivo. Tomei a devida coragem de lhe contar tudo
sem deixar ele me interromper, mas antes que eu pudesse falar sequer uma
palavra, ele ergueu a foto do Brad e amassou-a com uma só mão, em seguida
jogando-a no chão.
— O que
você está fazendo? — Eu gritei desesperada. Era a única foto do Brad que eu
tinha como lembrança e Michael tinha acabado de amassá-la por um ciúmes
ridículo.
— Estou
amassando a cara do homem que fudeu com a sua vida. — Disse sarcástico. — Não é
assim que você diz? — Rosnou. Era isso mesmo? Ele estava pensando que o Brad
tinha fodido com a minha vida, me magoado? Balancei a cabeça e ignorei suas
próprias conclusões, abaixando-me para pegar a foto. Cara, eu gostava muito
daquela foto e agora ela estava toda amassada.
— Você
é um idiota. — Insultei-o desamassando a foto.
— Eu
sei. Fui durante esse tempo todo pensando que havia uma reciprocidade entre a gente.
— Não
foi não. Você está sendo agora. O maior idiota. — Eu rosnei jogando a toalha
que ainda estava em minhas mãos contra ele.
— Não
me chame de idiota! — Disse irritado.
— Então
pare de agir como um! — Retruquei com minha visão querendo ficar turva. Parei
pra pensar por um instante e me decepcionei, estávamos brigando feito dois
adolescentes por causa de uma foto.
— Eu
vou embora. — Disse dando as costas para mim.
— Então
vai ser assim? — Murmurei antes dele saí porta afora do meu quarto. Ele parou. — Vai ficar de mal comigo por causa de uma foto? —
sorri sem humor.
— Não é
por causa de uma foto. — Disse baixinho.
— Era
meu namorado... — quando revelei isso ele coçou a nuca nervoso e colocou uma
mão na cintura, ainda de costas pra mim — desculpa tá, eu iria te contar, só
que eu ainda não estava pronta... E sinceramente ainda não estou, só que você
acabou vendo essa foto e agora está entendendo tudo errado. Se pelo menos me
deixasse explicar... — ouvi seu respiro pesado — Mas que droga, Michael,
estávamos tão bem... — Senti algumas lágrimas teimosas escorrerem sobre meu
rosto.
—
Estávamos até eu saber que você dizia que amava enquanto dormia com uma foto de
outro debaixo do travesseiro. Quem ama não guarda uma foto de outro debaixo do
travesseiro.
— Porra
Michael, eu te amo, acredite em mim. Só me deixe explicar. — supliquei — Eu
sofri muito nessa vida, você sabe disso. Eu já disse que eu iria te contar, eu
tinha meus motivos para ter omitido várias coisas sobre mim, mas era porque eu
não conseguia tocar no assunto, e acredite, ainda é doloroso falar sobre isso,
sobre o que passei, o porquê de eu ter me abstido de fazer aquilo que eu mais
gosto. Eu sofri muito, e ainda...
— Esse
é o seu único argumento Lucy! — elevou sua voz interrompendo-me ao virar-se de frente pra vim. —
Eu sofri, eu sofri, eu sofri... Todo mundo sofre na porra dessa vida, lamento,
mas você não é a única. Eu também fui abandonado, e nem por isso durmo com uma
foto da Sara debaixo do meu travesseiro. Você
iria gostar se soubesse disso? Eu me sinto traído.
— Cala
a boca Michael! Você não sabe o que eu passei! — gritei — Cala essa boca...
Cala essa boca... — murmurei agora me sentando na cama e segurando minha
cabeça. As lágrimas escorriam sem cessar sobre o meu rosto ao lembrar de que
Michael pensava que eu mentia quando dizia que o amava. Céus eu o amava tanto
que chegava a doer, se ele soubesse disso jamais estaria desconfiado nesse
momento.
Eu sei
que se eu tivesse falado pra ele antes isso não estaria acontecendo, falar o
que tinha me deixado daquele jeito, não por obrigação, mas sim por confiança. Mas ele deveria ter confiado em mim e não agir dessa forma precipitada
falando coisas sem sentidos e me acusando de mentirosa.
— Que
merda! — murmurei. — Por que estou chorando? Não... Não... Eu já estou cansada
de tanto chorar! Eu não quero mais chorar, eu já não tenho mais nada pra
derramar. — Eu disse entre os soluços e enxugando as lágrimas com o dorso das
mãos.
Ouvi um
suspiro hesitante seu e dois passos vindo em minha direção.
—
Lucy...
— Vai
embora Michael. — Falei em um tom mais calmo agora. — Vai embora, por favor. —
Disse enquanto tentava mais uma vez desamassar a foto que eu segurava. Michael
suspirou irritado e saiu do meu quarto quase voando.
Assim
quando Michael bateu a porta eu desabei na cama agarrada com a foto do Brad.
Ouvir cada palavra do Michael da forma que ele proferiu-as foi muito doloroso
para mim. Eu o amava demais, mas eu não podia me livrar daquela foto antes que
ele pudesse ver. Era uma promessa que eu fizera a mim mesmo, e além do mais era
tudo o que tinha para me lembrar do Brad.
E
agora? O que eu iria fazer? Michael saiu pensando que eu mentira para ele
amando meu ex.
Eu sabia
que o destino estava aprontando outra comigo. Estava bom demais para ser
verdade. Mas que merda! Eu não ganhava trégua, o que eu fizera de tão ruim para
ter uma vida tão sofrida como eu tinha. Minha mãe e o meu ex morreram, aí
quando eu encontrei uma nova razão de viver e ser feliz me acontece isso. Seria
assim que eu perderia o Michael? Era dessa forma que o maldito destino que
fudeu duas fezes com a minha iria tirá-lo de mim?
Capítulo 27
Lucy
Já
havia se passado horas que eu estava deitada de decúbito olhando para o teto e
segurando a foto, ainda pensando no que havia acontecido há poucas horas. As
lágrimas já haviam cessado, mas a dor e o aperto que eu estava sentindo no
coração era insuportável que eu nem sei como estava aguentando. — Talvez
porque já estive em situações piores do que essa — Mas isso não importa, por
incrível que pareça a dor era idêntica como a que se perde uma pessoa querida.
Droga, eu não podia mais perder ninguém, não sei se seria capaz de sobreviver a
isso. Sei que a essas alturas poderia estar passando mil coisas na cabeça de
Michael, até porque eu nem cheguei a explicar tudo pra ele. A única coisa que
ele sabia de mim agora era que eu tinha um hábito de dormir com a foto do meu
ex debaixo do meu travesseiro, que na verdade estava morto.
Sim, já
era para eu ter tirado aquela foto dali a muito tempo, mas confesso que não
tinha coragem. Com toda a certeza eu amava o Michael, ele foi a luz que
desnudou no escuro do meu coração, a paz que habitou dentro de mim desde o dia
que descobri que estava amando outra vez, coisa que eu pensei que nem
conseguiria mais senti. Mas era impossível esquecer o Brad definitivamente. O
que vivemos foi muito especial para ser esquecido, ele era muito importante pra
mim ocupando um espaço na minha mente, tanto nas boas como nas más lembranças.
De uma coisa eu tinha certeza: nunca que eu iria esquecê-lo, mesmo se quisesse.
Mas eu
tinha que viver a minha vida não é mesmo? Acho que o motivo de eu ter
sobrevivido naquele acidente tinha um propósito. Ou dois, na verdade. Só para
me fazer sofrer como sempre ou para me dá uma nova chance. Bem, a segunda opção
parecia a mais clara agora já que eu parecia está perdendo o Michael.
Dividida
entre os devaneios e a realidade ouvi a porta do meu quarto ser batida devagar,
mas eu não olhei para ver quem era e continuei olhando para o teto. De repente
a Rose surgiu no meu campo de visão analisando-me de cenho franzido.
— Você
estava chorando? — perguntou. Claro que meus olhos inchados denunciavam isso. —
O que aconteceu Lucy? Onde está o Michael?
Dei uma
fungada e limpei meu nariz com o dorso da minha mão, movendo com a outra a foto
do Brad amassada para Rose ver. Ela esbugalhou os olhos e mexeu os lábios
tentando proferir algo, mas não conseguiu.
— Eu
sei o que vai perguntar. — murmurei. — O que eu estou fazendo com uma foto do
Brad. — Sua expressão continuou a mesma por alguns segundos, até que ela desfez
e franziu o cenho.
— Eu
não me assusto porque você tem uma foto do Brad, era de se imaginar. O que
assusta é essa sua cara pós-choro enquanto segura uma foto dele. O que
aconteceu?
—
Michael viu a foto. — Respondi.
— Viu a
foto? Como?
— Por
que você tinha a foto do Brad debaixo do travesseiro Lucy? — Perguntou confusa.
—
Porque... Porque... É complicado Rose. — Suspirei sentindo o peso da lamentação. — Eu e o Michael combinamos de ver um filme, eu fui tomar banho e quando eu
voltei soube que ele achou a foto.
— Sim,
mas qual é o problema? — fiquei calada — Espera ai, você não contou a ele
que...
— Que o
Brad está morto? Eu tentei, porém ele não me deixou explicar. Só consegui dizer
que o Brad era meu namorado. — Constatando o acontecera ali, ela agora parecia
não ter o que falar ou o que fazer. Afinal, o que tinha que ser feito antes,
ela já fez, me alertando do que poderia vir acontecer. Bem eu não escutei
direito e acabou dando no que deu. Ela fez uma cara de lamentação e chegou mais
perto da cama, eu me pus sentada e coloquei meus cabelos da frente atrás das
orelhas.
— Ele pensou
que fosse outro. — Murmurei.
—
Outro?
— Como
eu disse: ele não me deixou explicar.
— Mas
que merda Lucy. — resmungou — se você tivesse falado sobre o Brad antes isso
não teria acontecido.
— Acha
que eu não sei disso?! — Quase gritei. Ela me olhou com advertência pelo o tom
da minha voz e eu lamentei por ter falado assim. — Me desculpe.
— Olha
só Lucy. — ela tirou a foto da minha mão e colocou-a em cima da cama, em
seguida segurou minhas duas mãos e olhou bem nos meus olhos. — Eu sei que você
deve ter tido os seus motivos para não ter contado ao Michael sobre o Brad, mas
ele também teve os dele para pensar coisas erradas sobre essa foto. Quem não
pensaria?
— Eu
sei Rose, mas ele poderia ter ficado quieto para me escutar, ao invés disso me
chamou me mentirosa. Não com essas palavras, mas chamou.
— Eu
sei querida, mas entenda também o lado dele. Ele ficou com ciúmes e não
conseguiu se controlar. — argumentou, mas isso ainda não era o suficiente. —
Talvez vocês devam conversar amanhã quando estiverem mais calmos. Ai você conta
pra ele a verdadeira história e tudo fica bem.
— Você
tem razão. — Assenti e balancei a cabeça. Peguei a todo do Brad e fiquei
olhando para ela. — Amanhã mesmo irei contar tudo sem mesmo deixá-lo sequer
falar uma palavra antes de mim.
— O que
tem a foto? — Franzi o cenho. Ela comprimiu os lábios olhando para o colchão, e
depois voltou a me olhar. Não, não... Ela não poderia está sugerindo isso. Eu
não podia fazer isso.
— Ah
Não Rose, isso é demais. — Neguei antes mesmo que ela pudesse falar.
— Mas
se você está namorando outro, não pode ficar com a foto do ex.
— Mas é
diferente.
— Não,
não é diferente. Ele continua sendo o seu ex.
—
Mas... — Ela me interrompeu.
—
Escuta. Eu sei o quanto o Brad era importante pra você, mas ele se foi. Não
estou dizendo que tem que apagar as lembranças boas dele, mas estou dizendo que
se desfaça das coisas materiais que ainda a prende no mundo dele. Eu sei que
você gosta do Michael, vejo nos seus olhos, mas se eu estiver mentindo sobre
você ainda estar presa no mundo do Brad por causa dessa foto, por favor, me
diga que eu estou errada.
Engoli
o que tinha para argumentar sobre a foto quando ela disse isso. Tinha toda a
razão. Por mais que as lembranças do Brad vivessem dentro de mim, as vezes que
ficávamos até tarde acordados tocando violão e cantarolando músicas das bandas
de rock que ele gostava: Europe, Extreme, Queen, Van Helen... As vezes que
quando estávamos voltando para casa e a chuva acabava nos pegando e ficávamos debaixo
dela nos beijando... Todas as vezes que eu estava chateada ou triste e ele
vinha com aquele jeitinho torto dele e me fazia sorri... É, lá no fundo eu
sempre soube que tinha que fazer isso um dia, me desapegar do passado, viver no
presente e esperar pelo futuro. Brad se foi e eu tinha que seguir com a minha
vida. E nesse momento minha decisão já tinha sido tomada. No dia seguinte eu
iria conversar com o Michael e tudo ficaria bem. Não deixaria a porra do
destino estragar a minha vida mais como fez duas vezes.
Capítulo 28
Lucy
Desde a
hora que pus os pés no restaurante não avistei o Michael, mas por mais que eu
quisesse vê-lo, eu não perguntei sobre ele. Eu sabia que ele estava enfurnado
no escritório do pai como sempre e não queria sair para não dar de cara comigo.
— Está
tudo bem com você? — Sharon perguntou ao encostar-se no balcão ao meu lado.
— Tá
sim. — Respondi vaga. Ela sorriu baixinho.
— Você
sabe que eu sou perspicaz não é? — Droga, ela era.
—
Certo. Eu não estou bem. — Confessei. — Eu e o Michael brigamos.
— Oh
merda. Si-sinto muito. — Lamentou-se.
— Pois
é.
— Então
é por isso que vocês não vão se apresentar hoje. — Fiquei calada e confirmei com
a cabeça.
—
Aquela Sara é uma vaca. — Resmungou e eu sorri.
— Não
foi por causa dela.
— Não?
— Por
incrível que pareça, não. Eu que vacilei, mas vou conversar com ele e tudo
ficará bem.
— Tomara.
Estou torcendo.
—
Obrigada.
(...)
Depois
de mais algumas horas de trabalho, nada de eu ver o Michael e isso só me
deixava mais ansiosa para contar-lhe a verdade.
Estava
voltando do banheiro quando a Sharon me puxou bruscamente pelo o braço para perto
dela. Eu quase gritei pelo o susto.
— Tá
maluca? — Indaguei puxando o meu braço.
— Eu
não, mas quem está é a ex do Michael. — Franzi o cenho confusa.
— A
Sara?
— A
própria.
— O que
tem ela?
— Olha
Lucy, não é querendo fazer fofoca, mas eu não gosto da Sara.
— Tá
certo. Agora me conta o que está acontecendo. — Sharon respirou fundo hesitando
um pouco e por fim decidiu falar.
— Ela
está ai.
— Aqui?
— Não
aqui, no escritório. — Revelou.
— No
escritório? — Arqueei minhas sobrancelhas.
— É,
ela chegou, tapeou um pouco, viu que você não estava por perto e correu para o
escritório do Sr Jackson. — Senti meu sangue ferver no mesmo instante. O que
aquela mulher estava fazendo aqui no escritório?
— Mas
espera ai. O Sr Jackson está ai, certo?
—
Errado. Ele adoeceu ontem e vai ficar em casa por dois dias. — Então isso
queria dizer que o Michael estava sozinho com a Sara. Por isso que ele não deu
as caras no salão. Virei-me de costas e me prontifiquei a andar, mas a Sharon
me impediu segurando no meu braço.
— Não
vai fazer confusão, não é? — Olhando para a sua mão no meu braço, subi para
fitar seus olhos.
— Claro
que não Sharon. Até parece que eu chegaria a esse nível. — Ela me soltou e
respirou fundo aliviada.— Só quero marcar o meu território.
— Que
bom.
Voltei
a caminhar e entrei no corredor que dava acesso ao escritório. Iria bater na
porta, mas quando notei as persianas fechadas senti um embrulho no meu
estomago, alguma coisa ali estava errada. Não, não... Foi só uma discussãozinha
e ele não seria capaz de está fazendo o que meu inconsciente estava deduzindo.
Ele não era assim. Respirei fundo, segurei na maçaneta e abri a porta. Cobri
minha boca descrente com a cena que estava presenciando enquanto os olhos de
Michael se arregalavam, em seguida empurrando sua ex que estava com as mãos apoiadas
dos braços da cadeira, com o corpo debruçado roçando seus lábios nos dele.
Fiquei por alguns segundos estática, vendo os dois olhando para mim, ela com a
cara sínica ele de medo, assustado, perdido, em confusão. Será que isso era uma
alucinação desesperada?
Michael
A Sara
só poderia estar maluca. O que ela pensou que estava fazendo quando entrou no
escritório do meu pai e começou a se jogar em cima de mim? Eu já tinha dito
várias vezes a ela que não queria mais nada e que amava a Lucy, mas mesmo assim
ela insistia e chegou a esse ponto, até que a Lucy entrou no escritório e pegou
ela quase em cima de mim, bem na hora que eu iria empurrá-la. Que merda!
Quando
me levantei para ir até ela para dizer que eu não estava fazendo aquilo que ela
estava pensando, ela simplesmente correu e eu agora que estava no lugar dela.
Ela iria pensar que eu estava querendo me vingar por causa de ontem, mas não
estava e precisava dizer isso a ela.
— Lucy?!
— Gritei indo atrás dela, mas parei antes de atravessar a porta e me virei para
fuzilar a mulher causadora de tudo isso.
— O que
foi? — Perguntou sínica. — A qual é Michael? Ela é apenas uma garota.
Levantei
minha mão e apontei meu dedo indicador pra ela.
— Fique
longe de mim ou então da próxima vez irei fazê-la passar vergonha em público
arrastando você de onde estiver me cercando pra fora. — Rosnei sentindo meu
maxilar travado e meu sangue fervendo de raiva. Eu deveria ter expulsado-a no
instante em que colocou o pé dentro do escritório e não ter caído na conversa
de que estava conformada e queria ser pelo menos uma amiga. Na esperança de
tê-la longe de mim eu acabei sendo um idiota.
— Você
não é assim, Michael. — Ela estava duvidando.
—
Acredite. Se eu não tivesse com tanta pressa para alcançar a minha garota para
esclarecer essa situação você estaria agora sendo levada para fora a força na
frente de todos. — Ela fechou a cara e engoliu em seco. — Quando eu voltar, não
quero te ver por aqui.
Não
suportando mais ver aquela cara irritante, saí para encontrar a Lucy. Sabia
exatamente onde ela estaria.
Entrei
no banheiro e a vi parada olhando para o espelho. Surgi em seu campo de visão e
ela se virou para mim.
— Eu
não estava beijando ela, ela que estava tentando meu beijar e... — Comecei a me
explicar como um desesperado.
— Ele
morreu há quase dois anos. — Ela disparou fazendo-me parar de tagarelar no
mesmo instante. Ele morreu? Quem morreu? Franzi o cenho.
— Quem
morreu? — Perguntei confuso.
— O meu
ex-namorado. — Revelou e virou-se novamente de frente para o espelho.
—
Espera ai! O cara da foto?
— É
Michael, o cara da foto! — Disse irritada. Deus, por essa eu não esperava. Por
que ela não me disse?
— Oh
Droga! — Murmurei quando as lembranças da noite anterior vieram instintivamente
à minha cabeça. Ela tentou tanto me explicar e eu não dei a chance dela fazer
isso. Merda, como eu estava me sentindo um babaca agora. — Lucy, eu... — Eu
estava perdido na verdadeira história e não tinha o que falar direito, só consegui
murmurar um “desculpe”.
— Tínhamos
conseguido o primeiro lugar de uma competição musical, — ela começou a falar, e
notei sua voz ficando embargada em cada palavra proferida. — Estávamos voltando
para casa e... A felicidade era tão grande com a nossa vitória que nem
percebemos quando um caminhão se aproximou do carro e... Chocou-se contra nós,
tirando a vida dele. — Concluiu e abaixou a cabeça. Através do espelho vi
algumas lágrimas escorem no seu rosto. Acho que estava começando a entender o
porquê que ela ainda não se sentia pronta para falar sobre isso. Essas
lembranças ainda a machucava, e céus, como eu tinha sido bruto e insensível com
as palavras.
— Por
Deus, eu... Sinto muito. — Balbuciei sem saber mais o que dizer. Ela enxugou as
lágrimas e passou o dorso da mão no nariz enquanto virava-se para mim.
— Não sinta
Michael. Acredite, por debaixo da minha capa existe uma garota forte que já
sobreviveu a várias coisas. — disse ela — Eu não quero que sinta pena de mim.
— Eu...
Eu... Queria que você pudesse ter me contado antes. — ela sorriu sem
graça.
— Eu
também queria. — retrucou — Mas isso é passado. Já que você já sabe de tudo, me
dê licença. — Tentou passar por mim, mas eu segurei seu braço com delicadeza.
—
Lucy... — clamei seu nome brandamente. — Me desculpa.
— Não
deve me pedi desculpas, Michael. Só precisa me deixar ir trabalhar.
— Tenho
sim. Eu pensei coisas erradas sobre você, agi como um idiota por causa de uma
foto, mas é porque eu te amo tanto que fiquei cego e surdo no momento em que
você tentou me explicar.
— Sei.
Então foi por isso que você estava quase aos beijos com a sua ex. — Se
manifestou ainda com o tom da voz calma. Quase engoli em seco, mas respirei
fundo e me preparei para respondê-la com cautela.
— Não é
isso... Ela que entrou e foi se jogando pra cima de mim, mas de modo algum que
eu iria beijá-la. Eu amo você Lucy. Eu
já estava quase me levantando para expulsá-la da sala, mas ai você chegou e...
Viu. Acredite em mim, não quero que pense que eu estava fazendo isso por causa
de ontem. — Ela fitou o chão e franziu o cenho, hesitando no que iria falar.
— Pior
que eu acredito em você. —Disse por fim. Suspirei aliviado e beijei sua testa.
Quando estava prestes para lhe dá um beijo na boca, ela se afastou de mim.
— O que
foi? — Perguntei.
— Não
dá. — Meu coração falhou quando ela disse isso. O que é que não dava?
— O que
é que não dá?
— Isso.
— Isso
o que?
— Esse
clima chato entre a nós. Você desconfiou de mim, depois eu peguei você quase se
beijando com a sua ex...
— Você
está acabando comigo? — Ela negou com a cabeça, mas isso não era o suficiente
para tirar a angustia e o medo que estava crescendo dentro de mim agora. — Se
já está tudo esclarecido, então o que há de errado para que eu possa consertar?
Me diga, por favor!
— Esse
clima, Michael. — Passei a mão no cabelo e murmurei um palavrão com o nervosismo
crescendo dentro de mim. Eu não estava entendendo nada.
— Lucy,
eu vou perguntar mais uma vez. — vidrei meus olhos nos dela com seriedade.
Embora eu tivesse com medo da resposta eu tinha que perguntar mais uma vez. —
Você está acabando comigo?
O
silêncio se instalou por alguns segundos; minutos talvez, até ela pôr um fim.
— Eu só
preciso de um tempo. — murmurou.
— Um
tempo? Pra que você quer um tempo?
— Eu
apenas quero um tempo. — ressaltou. — Respeite isso, por favor!
— Você
não precisa de um tempo, Lucy. — sorri sem humor.
— Eu
tenho que fazer uma coisa. Acredite, eu preciso desse tempo.
— Eu
não aceito esse tempo. — Resmunguei balançando a
cabeça
Ela comprimiu
os lábios e franziu as sobrancelhas. Se aproximou de mim e espalmou sua pequena
mão entre minha bochecha e minha linha mandibular com delicadeza.
— O Brad,
eu o amei muito, mas ele se foi. E agora eu amo você. — Disse com um tom subjacente
em sua voz, talvez de confiança. Quando estava prestes a tirar sua mão do meu
rosto, eu segurei-a.
— Não
sei se vou aguentar a ficar um segundo longe de você. — Meneei a cabeça.
— Eu esperei
você por mais de um ano. Eu aguentei. — Disse amável e puxou sua mão com delicadeza antes de sair porta afora do banheiro me deixando muito triste e ao
mesmo tempo intrigado. Triste porque não sabia se esse tempo teria um fim, e
intrigado porque queria saber o que ela precisava fazer nesse tempo. Mas se ela
assim preferiu, eu iria respeitá-la, sobretudo porque fui eu quem começou com
essa confusão quando não dei a oportunidade de explicar. Ela havia perdido o
namorado em um acidente que trazia más lembranças para ela. Competição, música...
Por isso ela se negava a tocar quando a conheci, porque fazia lembrar dele. Agora
estava tudo mais do que claro, e eu iria respeitar esse tempo dela.
Você sabe como me sinto
Eu ouço sua voz agora
Eu apenas não posso segurar
Quando a manhã me acorda
Você sabe como me sinto
Bem, minha vida não
Nós podemos mudar todo o mundo amanhã
Se eu não posso parar
E se eu parar
Capítulo 29
Michael
Ficar
sem ver a Lucy um dia foi horrível, era como se o meu mundo tivesse faltando
oxigênio, mas dois dias já era demais. Ela não apareceu ontem e muito menos
hoje. Sei que ela pediu um tempo, eu estava disposto a respeitar isso, mas esse
sumiço dela fez-me ficar preocupado. Ela folgara no domingo, nunca faltava e
sei que se estivesse doente eu saberia de alguma forma.
Decidi
perguntar a Sharon se ela sabia de alguma coisa, mas ela disse que não sabia de
nada, o que me deixou mais preocupado. Dois dias? Não, havia alguma coisa
estranha nisso tudo. Até seu celular estava desligado.
No
terceiro dia eu já me encontrava desesperado por dentro, tanto que a ideia dela
ter pedido demissão passou a me perturbar feito um condenado. Se caso isso
acontecesse, eu não iria me perdoar nunca pela aquela noite na casa dela.
Aquilo era a causa de tudo isso que estava acontecendo.
Dei
uma entrada abrupta no escritório do meu pai com medo do que ele pudesse me
responder quando eu fizesse a pergunta que estava me incomodando. Ele parou de
analisar uns papéis que estava segurando e levantou seu olhar para mim.
—
O que foi? — Ele perguntou de cenho franzido.
—
Quero saber de uma coisa.
—
Então pergunte. — Soltou os papeis em cima da mesa e encostou-se nas costas da
cadeira.
—
A Lucy pediu demissão? — Não fiz rodeio. Era tudo o que eu precisava saber.
—
Está preocupado?
—
Ela não aparece há três dias. Claro que estou preocupado.
—
Vocês brigaram? — Mas porque ele estava perguntando isso?
—
Isso não importa pai. Eu estou preocupado.
—
Vocês brigaram. — Disse balançando a cabeça, constatando que sim.
Coloquei
as mãos nos meus bolsos e fiquei encarando-o, esperando pela resposta da
pergunta que eu fizera.
—
Ela esteve aqui na terça bem cedo e falou comigo. — Por fim disse ele.
—
E falaram sobre o que?
—
Ela pediu uma semana de folga?
—
Uma semana de folga? Pra que ela quer uma semana de folga?
—
Eu adoraria saber. Mas acho que você sabe.
—
Acredite, eu não sei. — Passei a mão na nuca tentando entender porque a Lucy
pediu uma semana de folga. Primeiro tempo e agora folga? — Por que você não me
disse?
—
Pensei que você soubesse. Vocês namoram, afinal. — respirei fundo e desviei
meus olhos dos dele. — A não ser que...
—
Ainda estamos juntos, tá legal? — Eu disse, interrompendo-o e girando os
calcanhares para sair da sala.
—
Pra onde você vai, Michael? — Indagou meu pai.
—
Vou resolver isso. — Respondi — Diga a minha mãe que eu mandei um beijo. — E
saí, não só da sala, mas do restaurante. Sabia exatamente o que eu iria fazer.
Lucy
Na
última vez que estive naquele lugar, havia muitas pessoas prestando suas
últimas homenagens ao Bred, eu em desespero e seus colegas tentando me acalmar.
E lá estava eu de volta, para cumprir com o desejo que coloquei no meu coração.
Eu precisá-la vê-lo pela última vez, e derramar a última lágrima por ele.
Nessa
tarde, o sol vespertino já estava abandonando o dia e minha única companhia era
as sobras.
Desci
do táxi que peguei assim que cheguei a Atlanta e engoli em seco com o
fato de voltar a àquele lugar sabendo que ele estava ali, mas ao mesmo
tempo não estava. Desci o caminho até o túmulo perguntando a mim mesmo se
alguém têm o visitado durante esse tempo.
Ver
a grama verde me deu a sensação de que ele estava adequadamente coberto, por
mais bobo que parecesse. Ele parecia seguro agora. A lápide não era tão
elegante, era simples, mas era bonita. Olhei para ela e em uma fração se
segundo pude viver aquele dia em que estavam colocando ele ali dentro, enquanto
a minha ficha caia de que ele se fora para sempre. Senti meus olhos arderem só
de lembrar disso, mas essa seria a última vez que eu sofreria por causa do
passado, e era exatamente por isso que eu estava ali, para me despedi dele para
sempre, já que eu não fizera isso de coração da última vez.
Bradshow
Garcia Junior
07
de maio de 1977 — 21 de março 2001
O
amor e as lembranças que ele nos deixou, servirá de motivação para seguirmos em
frente... Descanse em paz guerreiro.
Senti
uma lágrima rolar pelo meu rosto. Parada ali, olhando para o seu túmulo entendi
o quão a vida é boa para se prender as coisas ruins. Enxuguei meu rosto com o
dorso das mãos, tirei da bolsa a foto amassada do Brad e me ajoelhei. Olhei ela
pela última vez, e decidida de que estava pronta para fazer
àquilo, coloquei ela em cima do túmulo e depois uma pedrinha que encontrei
do lado, para que o vento não a levasse. Eu sabia que alguém da família dele
encontraria a foto quando fosse o visitar no dia seguinte que seria a data que
ele estaria completando 25 anos de idade. Talvez ninguém fosse, exceto o
pai.
Perdida
em meus devaneios, ouvi um cascalho estralar trás de mim, e pelo o cheiro do
perfume forte abaunilhado que chegou até as minhas narinas eu já sabia quem era
mesmo sem ter me virado. Não tive coragem de olhá-lo, ainda não estava pronta.
Na verdade eu nem imaginava que ele tivesse a coragem de vim atrás de mim.
Aliais, como ele sabia que eu estava aqui?
—
Está em cemitério sozinha quase ao anoitecer é um hábito meio excêntrico. — Sua
voz suave e cautelosa preencheu o espaço.
—
Eu tinha que fazer isso pela última vez. — Murmurei ainda sem olhá-lo. Ouvi
passos e de repente ele se ajoelhou devagar ao meu lado. Sem tirar os olhos da
lápide à minha frente percebi que Michael estava me estudando.
—
Eu sei.
Silêncio.
—
Como soube que eu estava aqui? — Perguntei em um murmúrio de voz, quebrando o
silêncio.
—
Sua tia me disse. Eu fiquei preocupado.
—
Com o que? — Seu suspiro hesitante não passou despercebido.
—
Com você. Pensei que...
—
Que eu tinha fugido? — Completei por ele.
—
Não exatamente. — Retrucou.
—
Eu nunca fugiria. — Revelei com calma. — Não de você. — Olhei pra ele.
—
Que bom. — Deu um sorriso de lado. Ele coçou a cabeça e olhou para o tumulo à
nossa frente. — Me desculpe por desrespeitar o seu tempo. É que...
—
Não peça desculpas. Eu estou feliz que esteja aqui comigo.
—
Sério?
—
Sim. — Confirmei. Ele pegou minha mão e voltamos a ficar em silêncio. Eu fechei
meus olhos e comecei a orar, pedia a Deus que seja lá onde ele estivesse que o
guardasse bem. Era só o que eu podia fazer. Segundos depois abri meus olhos e
olhei para Michael, ele também estava orando, e foi estranho ver aquilo... Não
que fosse uma coisa ruim, mas era... Estranho pra mim. Mas isso mostrava
o quanto Michael agora entendia a situação e tinha um coração que não cabia no
peito.
O
sol já havia se escondido por fim, e o vento da noite já soprava com ímpeto as
folhas das árvores caídas no chão. Aos poucos eu me pus de pé e Michael fez o
mesmo. Virei-me e comecei a me afastar do túmulo. Já fiz o que tinha que ser
feito e nunca mais viveria naquele passado.
—
Pra onde você vai?
—
Voltar pra casa. — Respondi sem parar de caminhar.
—
Por que não me disse que viria pra cá? — Perguntou ele, assim que me alcançou.
—
Porque essa era uma coisa que eu tinha que enfrentar sozinha. Eu tinha que me
despedir dele pra sempre.
Michael
parou e segurou meu braço, fazendo-me parar também. Exibindo uma careta de
frustração, ele deixou o olhar se perder acima da minha cabeça. Eu sabia que
ele queria tocar naquele assunto, mas estava sendo cuidadoso.
—
O que foi? — Murmurei.
—
Lucy, isso está me matando.
—
Isso o que? — Ele olhou bem nos meus olhos.
—
Isso... Nosso modo de se comportar, esse tempo... Essa coisa toda. Eu não
consigo...
—
Hey? — interrompi-o e toquei no seu rosto com delicadeza. — Já passou. Vamos
esquecer o que aconteceu, sim? — ele suspirou quando eu me aproximei mais dele
e espalmei minha outra mão no seu peitoral. — Eu só pedi tempo a você porque eu
precisava vim aqui pela última vez e deixar o passado lá atrás.
—
O que você quer dizer com isso?
—
Eu quero dizer que o passado já era, o presente é isso que estamos vivendo
agora e meu futuro é você. Eu te amo Michael Jackson, e por isso eu estou aqui.
Para me desfazer das coisas que me prendiam nele. Eu me sinto livre, é como se
um peso saísse das minhas costas. — Sorri de canto.
—
Lucy, eu...
—
Shiii — coloquei meu dedo indicador sobre os lábios dele, fazendo-o calar. —
Você já fez tantas declarações de amor pra mim que eu me sinto envergonhada em
não ter feito uma decente pra você. — Ele franziu o cenho. — Então só escuta,
por favor. — Assentiu balançando a cabeça. — Antes de tudo eu quero dizer que
você foi e é a melhor coisa que já me aconteceu. Eu acho que dessa vez a sorte
está do meu lado, ela me escolheu quando eu te conheci. Eu tinha um coração
sofrido que você quis acolher mesmo sabendo que havia algo de errado comigo.
Você entrou na minha vida com tudo, e tudo mudou, me dando um propósito, me
ensinando a amar. Ai eu me entreguei, me joguei e eu estou confessando que isso
me dominou por dentro, mesmo que eu não demonstrasse, mas é verdade. Meus
sentimentos por você transcende qualquer outro.
Parei
um pouco para recuperar o fôlego, ele continuou calado, sabia que eu não tinha
terminado. Ele colocou uma mão na minha cintura e com a outra passou nos meus
cabelos, primeiro fazendo um carinho e depois colocando as mechas atrás da
minha orelha com ternura. E eu continuei.
—
Teve aquela noite no letreiro de Hollywood. Depois daquele beijo eu passei a
ser completamente sua. Eu sei que eu fugi, mas você era bom demais pra ser
realidade. Eu fiquei com medo de te perder também. Então percebi que eu deveria
arriscar em ser feliz novamente, me dei uma chance, você me deu essa chance...
Me fez perceber que nem tudo estava perdido a parti dali não existia mais nada
que me causasse medo. — parei um pouco me dando conta que algumas lágrimas
escorriam pelo meu rosto quando Michael começou a enxugá-las. — Me desculpa por
está chorando. É que esse é o único modo que eu tenho pra poder te dizer que eu
te amo.
Ele
me fitava como se tivesse escutando a melhor coisa da sua vida. Beijou o topo
da minha cabeça e me abraçou forte.
—
Eu também te amo, minha garota. — Ficamos abraçado por alguns instantes.
Desencostei-me
do seu peito e me apoiei na ponta dos pés, para alcançar seus lábios macios e
convidativos.
Nos
beijávamos com carinho e ternura, como sempre fizemos desde o nosso primeiro
beijo.
—
Obrigada por não ter desistido de mim. Obrigada mesmo por ter me dado a chance
de senti o amor novamente correndo pelas minhas veias.
—
Faria tudo de novo, por você. — Disse alisando meus cabelos.
—
A parti de agora será apenas eu e você. Nada de segredos. — Sussurrei contra os
seus lábios. Nossas testas estavam coladas e eu fiz um carinho nas suas
bochechas com os polegares.
—
Nada de segredos. — Ele reforçou retribuindo o carinho que eu estava lhe dando.
— Mas, precisamos sair daqui agora.
—
Tem razão. — Assenti. Olhei em volta do cemitério que agora estava esquisito
porque à noite já caíra e respirei fundo. Era a última vez que estava ali,
nunca mais iria voltar. — Vamos! — Enlacei meu braço no seu, e saímos do
cemitério, rumo ao aeroporto para pegar o último voo para voltar à
Los Angeles.
Minha
vida a parti dali iria ser diferente, o passado não iria ser mais que isso.
Michael agora era a minha vida e eu me dedicaria ao nosso amor de agora em diante.
Epílogo - Narradora
Seis meses depois
O
jovem casal apaixonado atrás das cortinas estavam tensos pela primeira vez.
Sempre foram tão confiantes quanto a se apresentar no restaurante, mas agora
havia algo novo, algo que nunca fizeram antes. Haviam trabalhado em uma canção
que a Lucy começou a compor, e com alguns ajustes na letra que o Michael dera,
agora estavam prestes a apresentá-la pela primeira vez em público. Mas estava
juntos e o amor que se encontrava entre eles era maior que o medo. Tinha um ao
outro.
Na
frente da Lucy estava o microfone no pedestal, e em volta dos seus ombros a
correia que segurava o violão que ganhara de presente do Michael.
Ficaram
se encarando por alguns segundo, Lucy movimentou a cabeça em um sinal de
positivo e Michael puxou as cortinas, e em seguida se sentou atrás do piano. Lucy
respirou fundo e se concentrou nas notas e na batida da música. Sem deixar se
intimidar com os olhares de expectativas dos clientes, ela deu início a
introdução, e em seguida Michael acompanhado.
Letra da música
"I Just Can't Stop
Loving You"
Toda vez que o vento sopra
Eu ouço sua voz, então
Eu chamo o seu nome
Sussurros à manhã
Nosso amor está surgindo
O céu está feliz, você veio
Você sabe como me sinto
Essa coisa não pode dar errado
Estou tão orgulhoso de dizer Eu te amo
Seu amor tem me elevado
Eu desejo sobreviver
Desta vez é para sempre
O amor é a resposta
Eu ouço sua voz agora
Você é meu escolhido agora
O amor que você trouxe
O céu está em meu coração
No seu chamado
Eu ouço harpas
E os anjos cantam
Você sabe como me sinto
Essa coisa não pode dar errado
Eu não posso viver minha vida
Sem Você
Eu apenas não posso segurar
Eu sinto que nós pertencemos
Minha vida não vale a pena viver
Se eu não posso estar com você
Eu apenas não posso parar de amar você
Eu apenas não posso parar de amar você
E se eu parar
Então me diga apenas o que
Eu vou fazer
Porque eu apenas não posso parar de amar você
À noite quando as
Estrelas brilham
Eu rezo para encontrar em você
Um amor tão verdadeiro
Quando a manhã me acorda
Você vai vir e me levar
Eu vou esperar por você
Você sabe como me sinto
Eu não vou parar até
Eu ouvir sua voz dizendo "Eu aceito"
"Eu aceito"
Essa coisa não pode dar errado
Este sentimento é tão forte
Bem, minha vida não
Vale a pena viver
Se eu não posso estar com você
Eu apenas não posso parar de amar você
Eu apenas não posso parar de amar você
E se eu parar
Então me diga, apenas o que eu faço
Eu apenas não posso parar de amar você
Nós podemos mudar todo o mundo amanhã
Nós podemos cantar canções de
Ontem
Eu posso dizer, Hey... Adeus tristeza
Esta é minha a vida e eu
Quero ver você para sempre
Eu apenas não posso parar de amar você
Não, baby
Oh!
Eu apenas não posso parar de amar você
Se eu não posso parar
E se eu parar
Não
Oh! Oh! Oh... Oh
O que eu vou fazer? Uh... Ooh
(Então me diga, apenas o que eu faço)
Eu apenas não posso parar de amar você
Hee! Hee! Hee! Sabe que eu aceito
Garota!
Eu apenas não posso parar de amar você
Você sabe que eu faço
E se eu parar
Então me diga, apenas o que eu faço
Eu apenas não posso parar de amar você.
A
letra da música se fundia perfeitamente com a realidade, com o momento que
estavam vivendo e com o que estava sentindo.
***
Felicidade:
uma sensação de satisfação plena era o que tomava conta de Lucy e Michael agora
que se encontravam noivos. Sim, Michael a pedira em casamento e ela sem hesitou
em responder. Ela o amava demais e se sentia a mulher mais afortunada em está
prestes a se tornar a Sra. Jackson. E com Michael não era diferente. Só a ideia
de começar uma família com a mulher que amava o deixava extasiado e empolgado
tanto quanto ela. Dar-lhe o seu nome era tudo o que ele mais queria.
Estavam
na cobertura do prédio abandonado de três andares onde Michael a levara na
noite em que tentou fazê-la tocar com ele. Os dois pares de olhos se
encontravam mais reluzentes do que as próprias estrelas. Nada se comparava com
a felicidade em abundância de Michael e Lucy.
Deitados
no concreto, eles se viraram para encarar um ao outro.
—
Eu estou muito feliz. — Lucy pronunciou-se.
—
Eu estou mais.
—
Vou se tornar sua mulher. Céus, isso é surreal. — Michael acariciou o rosto
dela.
—
É o nosso destino Lucy. Eu vi isso desde o dia em que coloquei os olhos em
você. Eu que me sinto o homem mais afortunado em tê-la como minha, só minha e
para sempre.
—
Own Michael. Eu te amo.
—
Eu também te amo. — Ambos aproximaram seus rostos e mergulharam em um beijo
apaixonado.
Aconteceram
tantas coisas depois do anúncio desse noivado. Lucy realmente colocara o
passado de lado e estava vivendo como sempre quis ao lado dele que a cada dia
parecia um príncipe encantado, o que a deixava mais louca por ele. E enquanto a
ex do Michael, bom... Essa saiu do caminho do casal quando soube que eles iriam
noivar. Ela se enxergou definitivamente e percebeu que quando a insistência é
inútil, não adianta ficar dando murro em ponta de faca.
Tava
na cara que nada e nem ninguém iria atrapalhar o amor de Michael e Lucy. Eles
estavam escritos nas partituras... Oops, quer dizer... Estavam escritos nas estrelas.
Tem
pessoas que acreditam que a felicidade mora na inexistência fração de tempo em
que o passado toca no futuro. E é verdade. A felicidade às vezes se encontra no
final das tristezas e decepções que o destino reserva para cada um — Lucy e
Michael foram à prova disso — principalmente ela, que aprendeu que tentar outra
vez não é sofrer de novo, mas sim uma forma de lutar e vencer, a pesar de tudo.
E
há uma coisa que aprenderam juntos. Que às vezes é preciso apenas saber tocar
na Clave de Sol do coração de uma pessoa para poder compreendê-la por completo.
Como dizem os grandes pensadores: “O amor é a
melhor música na partitura da vida, sem ele você será um eterno desafinado
nesse imenso coral do coração”. E que o
amor sempre será a melhor música.
Só dia 15??? Ai q triste !! Muito anciosa pra ler haha
ResponderExcluirMds ansiosa *-----*
ResponderExcluirMuito ansiosa
ResponderExcluirMais um grande sucesso*-*
ResponderExcluirSuper ansiosa Anne !
Beijinhos
Ja estou aqui, Anne o/
ResponderExcluirCaramba...amanhã........to ansiosa
ResponderExcluirObaaaa é hoje *.....*
ResponderExcluirObaaaa é hoje *.....*
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ hoje o/
ResponderExcluirOlá minhas lindas. :D Vocês estão bem? Espero que sim. :)
ResponderExcluirBom, hoje cheguei com o capítulo piloto pra vocês, mas como eu sou muito boazinha :D também postei o segundo. \o/
Bem, e talvez por causa desses capítulos, algumas pode até pensar que é um musical e tal, mas não é. Não é o Glee e muito menos o High School Musical. kkkk's To brinks
Mas agora é sério my babies. É um romance onde a música tem um papel muito importante na vida dos protagonistas. É só isso que eu posso falar, se não estarei fazendo um spoiler sobre a fic. kkkkk's :p
Agora vamos aos agradecimentos. U.u
Duda, Stefany, Maria, Larissa, Manoela, Livia e Lorena muito obrigada por estarem aqui comigo nessa minha nova história. <3 Espero que fiquem comigo até o final.
Bem, é isso aí... Beijos e até mais.
Ja amei a fic, Anne!! Quais os dias que voce vai postar?? Bjuus! :*
ResponderExcluirAmei essa fic continua !!
ResponderExcluirSim meu nome é Geane e to deixando comentario pelo e-mail do meu marido bjs e continua
Bom da pra ver que a Lucy sofreu e ainda sofre .... E o Michael tbm né !! Já estou ansiosa pra velos juntos *...* continuaaaa Anne
ResponderExcluirJá gostei dos primeiros capítulos flor *-*
ResponderExcluirLucy ainda irá suspirar de amores por esse moreno chamado Michael kkkkkk
Amei
Continua ❤❤❤
bjs
Nossa, ta muito lindo.. posta mais flor!! ^^
ResponderExcluirOiii my babies... Vocês estão bem? Espero que sim.
ResponderExcluirBem, primeiramente quero pedir desculpas por demorar a atualizar, pois tive uma semana corrida.
Mas hoje trago pra vocês mais 2 capítulos, e sim, eles vão se encontrar e isso virará rotina na vida deles. Bem, não posso contar mais, se não me empolgarei e contarei a fic toda. kkkkk's
Mas em fim, Manoella minha flor estarei atualizando nas terças, sextas e talvez nos domingos, porém estou postando hoje pq não atualizei ontem. :D
Mas obrigada por está aqui comigo como sempre Manu, Geane, Lorena, Larissa e Lais muito obrigada a vocês também viu? Seus comentários são muito importante para mim. Acreditem" :D
Espero que continuem comigo até o final. Beijos e até mais minhas flores. ;*
É Michael, quem sabe agora você fica!!
ResponderExcluirTou amando, Anne!! Bjuus :*
Ohh se tem viu Michael *...* claro que agora VC pode ficar na cidade !! Flor pode ter certeza que sempre irei está aqui *..* não vou abandonar esta fic por nada ( nunca abandonei nenhuma kkk ) vou está firme até o final e por favor posta mais amanhã *..* e continuaaaa
ResponderExcluirAmei esses capitulos ansiosa por mais
ResponderExcluirMichael ja caidinho por ela ==> amando aki flor..... continuaaa ❤
ResponderExcluirContinua.. continua.. curiosa para saber a historia dos dois
ResponderExcluirAnne cadê você ,pra postar mais !! Estou ansiosa pra ler *...*
ResponderExcluirOiiiiiii... Cheguei sua linda! ♥ ☺
ExcluirOiiie amores... Cheguei com mais. \o/
ResponderExcluirEstou muito feliz pelo os comentários de vocês. :D :☺ :D ☺ :D ☺
Acho que o Michael já está gamado na Lucy. \o
Em fim... Trago mais 2 cap e espero que gostem. U.u
Beijos e até mais suas lindas! :* ♥
Anne VC acha ? É claro que ele está !! Tadinha de Lucy sofreu muito com esse acidente .... Mais é claro que agora ela vai ficar feliz ao lado do bonitão do Michael !! Só espero que a ex de Michael não venha atrapalhar !!! Continuaaaaa pós estou amando
ResponderExcluirClaro que o Michael ta caidinho pela Lucy!! E ela ja esta ficando caidinha por ele também!!
ResponderExcluirContinuuuua logo, Anne!! Bjus
A limpada de nuttela não mexeu só com a Lucy, mexeu comigo tbm... Michael vai fazer ela esquecer o ex, pois parece q essa Sara ta ficando no passado.. to amando flor, ta muito lindo.. posta mais ;* ;* ;*
ResponderExcluir♥Ctn♥
ResponderExcluirOlá meninas... Cheguei com mais pra vocês. \o
ResponderExcluirEspero que gostem e comentem, por favor. U.u
Lorena minha flor, acredite, a ex do Michael será um problema futuramente.
Manoella minha linda, realmente a Lucy está sentindo algo diferente depois de tanto sofrimento. Isso é bom. ☺
Lais florzinha, essa parte até eu fiquei mexida. rsrsrs ♥
Duda gata, obrigada por comentar amore, e vocês também suas lindas, estou feliz por estarem aqui, não me canso de dizer isso. ♥ ♥ ♥
Em fim... É isso my babies, espero que gostem. :D
Beijos e até mais. ;*
Kkkkkkk dei trela quando ela observou o carro do Michael !! Michael realmente é um amor , não desiste fácil !! Espero que ele consiga o que ele mais quer *....* ( pq eu tbm quero ver os dois juntos ) . Não não Anne , já mata a ex logo ( kkk) nem quero que ela apareça na fic !! Continua pós estou amando
ResponderExcluirNada disso Anne, pode matar a ex dele ja! Um acidente de aviao parece algo legal (hahaha). Continua, tou torcendo por eles dois (Michael e Lucy) !!
ResponderExcluirCasal mais fofo eles são. <3
ResponderExcluirContinua.
Olha meninas... Cheguei com mais pra vocês. \o
ResponderExcluirO que vocês acham que o Michael vai fazer com o violão? Tocar? Sei não viu, só sei que eles vão... Ah, eu não vou fazer spoiler. Haha :D
Lorena amore, obrigada por estar aqui florzinha. <3 E sim, o Michael não desiste mesmo. É um amor. <3
Manoella florzinha, obrigada a vc tbm por estar aqui viu? E meu Deus, mais uma que quer que eu cometa um assassinato na história. :o Tudo pelo o Michael. rsrsr <3
Anônimo meu bem, é verdade, eles são muito fofos. :D Obg por estar aqui. <3
Então é isso meninas. Beijos e até mais. ;*
Eles vão... se beijar ?? :') sera que é isso Anne? Vem logo com mais capitulos que eu quero descubrir, mulher!!
ResponderExcluirE é claro, tudo por esse casal fofo *-*
Será que eles vão se beijar? Ai meu Deus, ansiosa aqui.
ResponderExcluirPosta mais por favor!
Aaaa quero ver o que vai acontecer. :D
ResponderExcluirContinua
Olá meninas... Cheguei com mais. \o
ResponderExcluirBom, antes de tudo quero dizer que no capítulo de número 11 estarei usando um vídeo com a voz da Avril Lavigne como se a Lucy estivesse cantando, mas é só por causa da música mesmo, pois não encontrei outra voz que me agradasse com essa canção.
Mas em fim... É isso aí meninas, espero que gostem e comentem. :D
Beijos e até mais. :*
Aaah que lindo!! Esse Michael é um fofo *-*
ResponderExcluirNao demora pra postar nao ta, Anne ?? Bjuus
Vai postar hoje, Anne ??
ResponderExcluirQue lindooooo esses dois
ResponderExcluirMichael é muito fofo <3
Continua logo por favor
Eu ri alto com Michael segurando o violão.. ele é um fofo.. e q beijo.. Lucy tbm está apaixonada por ele, só falta admitir.. ansiosa pelo proximo capitulo.. ;)
ResponderExcluirEssa fic lembra minha história do passado qnd perdi um grande amor em um acidente de carro.
ResponderExcluirEle não tocaba nenhum instrumento e nem eu... kkkk
Mais ficou uma grande lembrança entre nós... a nossa filha que a amo tanto e se parece com ele.
Pena que nesse mundo não encontramos um amor como o Michael Jackson😢mais o que vale é nunca deixar de sonhar.
Continua essa fic esta maravilhosa bjs 😙
Essa fic lembra minha história do passado qnd perdi um grande amor em um acidente de carro.
ResponderExcluirEle não tocaba nenhum instrumento e nem eu... kkkk
Mais ficou uma grande lembrança entre nós... a nossa filha que a amo tanto e se parece com ele.
Pena que nesse mundo não encontramos um amor como o Michael Jackson😢mais o que vale é nunca deixar de sonhar.
Continua essa fic esta maravilhosa bjs 😙
Luciana sua linda, primeiramente quero agradecer por estar acompanhando a história.
ExcluirE sinto muito pela sua perda flor, é muito ruim mesmo perder alguém que amamos dessa forma. Tbm já pedi um alguém muito especial para mim em um acidente, mas não de carro. Como você mesma ressaltou, 'pena que no mundo não encontramos um amor como o Michael, mas o que vale é nunca deixar de sonhar' É o que nos restam neh? Fazer o que?
Mas em fim... É isso aí amore. ♥
Obrigada mais uma vez viu flor? Beijos e se cuida. :*
Olá amores... Cheguei com mais. U.u
ResponderExcluirE eita... Hoje é o primeiro hot de Lucy e Michael. \o/ \o/ \o/
Espero que gostem. :D
Manu sua linda, me desculpe não ter respondido você logo amore... Vou fazer de tudo para não demorar a postar tá bem? ♥
Anônimo amore, Michael é um fofuxo mesmo. ♥
Lais sua linda, é Michael nunca foi muito bom com instrumentos assim kkk's É muito bom te ver por aqui de novo amore. ♥
Luciana flor, digo de novo. Obrigada por gostar da fic e por acompanhar viu?
em fim meninas... é isso. Beijos e até mais.
Isso aê Lucy, chega de olha pra trás e corre pra abraçar esse futuro delicioso q ta na tua frente..
ResponderExcluirAmando muito.. meio dificil ter o Michael no comodo ao lado e não partir para cima..
Continua Anne.. ^^
Pois é, ter um homem desse no cômodo ao lado e ficar parada?? Never!!!
ResponderExcluirAmei o capitulo, Anne. Ja era de se imaginar que ela ja estava apaixonada por ele né? !
Continua logo, Anne!! Bjus
Como se segurar com um pedaço de mal caminho desse ao lado né impossivel
ResponderExcluirContinua flor
Oh my God! Sabes que sou viciada na sua estória, flor! Aliás, todas elas!
ResponderExcluirEssa noite de amor dos dois, meu Deus! Kkkk
Esperando ansiosamente os próximos acontecimentos. ^^
Bjos Flor, arrasa!
Oiiia ela... :D Obrigada sua linda. ☺
ExcluirFeliz em te ver aqui amore.
Beijos :*
Morrida com esses dois lindos *....* continua pelo amor de deus !!
ResponderExcluirMorrida com esses dois lindos *....* continua pelo amor de deus !!
ResponderExcluirOMG! Deus esses dois são um dupla e tnto neh kkkkk amei flor coooontinuuuaaaaa!!!!
ResponderExcluirComeçando minha leitura agora 😍
ResponderExcluirAnne desculpe-me pelo sumiço, mas as coisas estavam muito corridas aqui (╯︵╰,)
Aaaaah... ela voltou. Já estava com saudades de tu nega. :D
ExcluirE sim... Está perdoada viu, só não suma mais se não terei de ir buscá-la. :D :D :D
Beijos sua linda. ☺
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá amores... Cheguei com + \o
ResponderExcluirÉ... A Lucy finalmente está se deixando levar por esse novo amor. ☺♥
Mas vamos ver se isso durará por muito tempo né?
Em fim... Obrigada pelos comentários de vocês meus amores. <3
Logo volto com mais. Beijos amore. :*
Aaah Anne!! Por que so um capitulo?? Pq voce nao posta logo a fic toda em?? Brincandeira, eu nao quero que essa fic acabe nunca. Mas posta pelo menos 2. Pode ser 3 tbm se vc quiser!! Bjus
ResponderExcluirOlá amore... :D Então... Desculpa mesmo ter só postado um capítulo, eu tbm fico p da vida pra ser sincera quando estou lendo uma fic e ela acaba na melhor parte. kkkkk's
ExcluirMas estarei postando dois sempre amore. E acabei de fazer isso agora mesmo.
Obg por comentar sua linda. Beijos. :*
Ola flor estou adorando,agora Lucy sera feliz com o maravlhoso Michael não vejo a hora dessa historia esquentar eu sei que isso vai acontecer e não vai demorar...kkkk
ResponderExcluirEstou anciosa a espera beijos.
Oh se vai Luciana... Eita... Tu é chara da Lucy, a diferença é que o dela é com Y. :v
ExcluirMas em fim amore, obg por comentar sua linda. Bjs. :*
Aaahh.. cada dia amando mais essa fic, mesmo, Anne vc ta de parabens linda.. ^^ Lucy daqui a um tempo nao vai nem lembra q o outro carinha morreu, e Michael vai garantir isso.. continua.. ^^
ResponderExcluirAh Lais, obrigada. São comentários como o seu que me deixam mais inspirada. :D Acredite.
ExcluirBeijos sua linda. :*
Anne cadê tu mulher? Continua pfv
ResponderExcluirOii mulher... Cheguei com mais amore. :v
ExcluirBjs :*
Olá meninas... Primeiramente quero pedir desculpas pela demora a postar. Mas em fim... Cheguei com mais dois capítulos para vocês suas lindas e agradecer pelos seus comentários.
ResponderExcluirBem... Depois desses dois capítulos só posso adiantar algumas coisas para vocês. :D Está quase chegando a hora de uma nova personagem entrar em cena e querer acabar com esse mar de rosas. E ah... E tbm posso dizer que mesmo o Brad estando morto ele será motivo de uma briga feia entre o casal. Ficará tensa essa estória viu suas lindas. Mas vamos ver se o amor deles irá superá isso tudo certo?
Não esqueçam de comentar suas lindas. Beijos e até mais. :* ♥
Espero que dure muito né, Lucy ?!
ResponderExcluirAmo esses dois! Continua logo Anne. <3
Ah será que a ex do michael vai aparecer? Não :/
ResponderExcluircontinua anne. bjs :*
Cheguei com mais meninas. \o
ResponderExcluirBom... Dessa vez é só um capítulo porque os próximos se complementam, e eu não posso postar três. kkkk's Entendem né amores?
Em fim... Infelizmente para a tristeza de nós, a Sara está para entrar em cena nos próximos capítulos. (POSTAREI DOIS) :D rsrsrs
Não me odeiem certo? Eu tbm amo esses dois juntos, são tão fofos. ♥ Mas o que é uma história sem seus altos e baixos? E sinceramente amores, se eu escrevesse uma história um mar de rosas, sem seus altos e baixos, eu estaria indo além, extrapolando uma vida normal, não é mesmo?
Mas eu garanto que a Sara não é o que vocês podem está pensando. Até porque eu nem sei direito o que vocês estão pensando. kkkkkkk's Não liguem, às vezes eu sou um pouco louca mesmo. kkk's :D ÀS VEZES TÁ BEM, NÃO EXAGEREMOS.
Em fim... Por último quero falar sobre algo que geralmente eu não gosto de falar que é sobre comentários. Meus amores, eu acredito que tenho mais de duas ou três leitoras por aqui. Peço-lhes gentilmente que comentem, a falta de comentários me faz falta, acreditem. A três postagem atrás quando abri para ver os comentários tive uma grande surpresa que fiquei feliz pra caramba. Foram sete comentários e e olhei assim e: Porra, elas comentaram. rsrsrs (desculpem o palavreado.) Mas é sério, eu fiquei feliz pra caramba velho. Muito mesmo.
Portanto meninas eu peço que comentem, falem o que quiserem em relação a história, digam o que estão achando, se expressem. Isso é importante para mim. Acreditem. E não falo isso apenas para comentar nas minhas estórias não, mas nas das outras autoras do blog também. Seus comentários são nosso combustível para continuarmos. O que? Não tem conta no google? Comente como anônimo e deixe pelo menos o seu nome para que eu possa agradecer amor.
Então é isso. Espero vocês nos próximos capítulos certo amores? Mas espera! Antes quero agradecer a Manoella que sempre está aqui comigo, Beijos pra você viu sua linda e obg por comentar. Você tbm sua anônima. ♥ Vamos torcer todas juntas para que dure muito tempo. ♥
Em fim... Agora chega de falar Anne. Aff... Eu falo demais não é gente? kkkkkk's
É isso aí. Beijos e até mais suas lindas. :*
Ahh eu amo esse casal ! Bom se a Sara esta entrando , eu vou logo atrás , pra que ? Pra matar ela é claro *....* . Bom eu andei sumida mais estou de volta . Ahhh eu gosto de comenta mais amo mais ainda quando vocês lindas escritoras agradece rsrs isso demostra que realmente se importa com agente ! ( afinal não é o caso de muitas escritoras por ai , que já até deixei de comentar por isso ) . Mais em fim continua por que está perfeito .
ResponderExcluirÉ, aqui estou eu, roubando o Wi-Fi da vizinha pro poder ler e comentar na sua fic, Anne! Kkkk
ResponderExcluiradorei o capitulo e tou amando a fic, pena que a Sara vai chegar pra estragar tudo. Mas sei que o amor de Michael e Lucy vai superar o estrago que eu va estou prevendo que a Sara vai fazer com esse casal!
Esperando ansiosamente pelos proximos capitulos. Bjus Anne <3
Oh my God! Babando arco-íris com esses dois cutes!!
ResponderExcluirAmando, Anne!!
Olá meninas... Tudo bem com vocês? Espero que sim.
ResponderExcluirEm fim... Cheguei com mais dois capítulos pra vocês. \o
É... A Sara já entrou na estória. :/ Agora é só esperar para ver o que irá acontecer futuramente. U.u
Lorena flor, obrigada por comentar. ♥ Eu gosto de responder as minhas lindas leitoras. Bem, só não respondo sempre uma por uma nos próprios comentário para a página não ficar sobrecarregada. Mas agradeço a cada uma em um comentário só, como esse. :D
Manoella amore... Roubando wi-fi da vizinha ára ler e comentar minha estória :* Aii fiquei me achando agora. kkkk's Bem, posso dizer que a Sara deixará a Lucy com muitos ciumes, mas o estrago não virá dela. Não falo mais para n fazer epoiler kkkk
Larissa sua linda... Mais uma vomitando arco-iris. kkk's Obg por está aqui de novo amore e por comentar. também.
Obrigada a todas que comentaram e as que não comentaram também. U.u
Próximos capítulos trago uma noite de amor desse casal melequento. kkkkkkk's
Em fim... É isso aí suas lindas. Beijos e até mais. :*
Casal melequento *....* amo amo ! Bom se o estrago não vai vim de Sara , então de quem vai vim ? Meu deus estou curiosa *---* Continuaaaa
ResponderExcluirLucy desencanou e apaixonou pelo homi.. eu tbm to me apaixonando por esse Michael ai.. e pra essa Sara, deixa um piano cair na cabeça dela, só assim ela acorda pra vida..
ResponderExcluirContinua Anne.. desculpe por ter andando sumida.. andei aterefada demais e desandou tudo que eu estava lendo.. mad voltei.. bjo linda :*
amando demais sua fic!!!!!!!! o Mike é perfeito, só acho que a Lucy devia conversar logo com ele e contar sobre o passado para evitar um mal entendido. Eles são muito lindos juntos, adoro as cenas românticas!!!!
ResponderExcluirPS: Não estava comentando antes porque estava lendo do tablete e é horrível para digitar, agora que meu notebook voltou da assistência vou poder comentar sempre.
CONTINUA!!!!!
Pera Anne, buguei!! Se o estrago não vai vir da Sara, então ele vai vir de quem? Do Bred ?
ResponderExcluirAi meu Deus, continua logo, mulé!
Senti que o estrago ñ vai vim da sara e sim do passado da Lucy bom é o que eu acho tbm eu fico como doida tentando adivinhar oq vai acontecer rsrsr bom continus flor amando muito
ResponderExcluirHá e vou deixar meu nome pra vcs ñ achar que sou homem afinal de contas o e-mail é mais isso pq eu to sem no memento e to usando o do marido (Geane)
Olá meninas... Tudo bem com vocês? Espero que sim.
ResponderExcluirBom, cheguei com mais dois capítulos pra vocês, com uma noite de amor entre esse casal. Haha E com um ciuminho da Lucy no final. Haha
Explicação:
Bem, como devem já ter percebido, a Sara não parece ser uma má pessoa, mas isso não quer dizer que ela não irá querer o Michael pra ela. Bom, mas isso não vem ao caso agora, o caso é que parece que a pergunta que rondam na mente de vocês é: Se não é a Sara quem irá estragar o relacionamento dos dois, então quem será? Bom, o fato da Lucy não ter contado sua história para o Michael, isso futuramente pode causar um grande mal entendido assim como a Geane falou. Ainda tem muita coisa para acontecer nessa história. Mas tá bom, isso é spoiler demais em um único dia. kkk's :p
Agradecimentos:
Lorena, Lais, Elen, Manoela e Geane, muito obrigada pelos comentários de vocês viu suas lindas? Fiquei muito feliz em lê-los, e vê que vocês estão interagindo. Muito feliz mesmo.
Enfim... Por hoje é só isso. Logo volto com mais pra vocês.
Beijos suas lindas. :*
Ai, ai! O que sera que vai acontecer na vida desse casal ?
ResponderExcluirTou muito curiooosa! Vem logo com mais capitulos, Anne. :*
Ai Anne qnd vai postar o restante?
ResponderExcluirEles ñ vão se separar, ñ é Anne? .. eles são fofos demais juntos..
ResponderExcluirContinua..
Sempre achei que esse negocio dela guardar uma foto em baixo do travesseiro de outro homem, poderia da algum atrito, já imaginou se o Mike pega? vai logo pensar que é um caso dela.
ResponderExcluirEla devia ter aproveitado que o Mike estava contando sobre a Sara pra abrir logo o coração pra ele, com a mesma transparência que ele demostrou ao não esconder nada, sobre a volta da outra.
Continua!!!!!
Olá meninas... Nossa, desculpem a demora a postar. Mas cheguei com mais pra vocês.
ResponderExcluirSim, eu sei que é muito love entre esses dois, mas as coisas mudarão um pouco. Coisas irão acontecer, e dá pra ter uma noção no final do último capítulo que postei.
E é como a Elen disse, a Lucy deveria ter aproveitado o momento que o Michael contou sobre a Sara e contar sobre o trágico acidente que houve com ela e o namorado. Talvez ela ainda sofra demais ao tocar nesse assunto. Mas de qualquer forma isso pode trazer reviravoltas na estória.
Enfim... Manoela, Luciana, Lais e Elen, muito obrigada pelo os comentários de vocês viu suas lindas. Fico feliz em lê-los. <3 ♥
Beijinhos amores e até mais. :*
Acho que a tentativa da Sara de separar esses dois deu fail (pelo menos nesses capitulos)!! Cara, ja tou vendo que o Michael vai ficar com muito ciumes quando a Lucy contar para ele de Bred!!
ResponderExcluirContinua logo, Mulheeer! E vê se nao demora dessa vez em?! Bjuus :*
Uiii Sara de ferrou. rsrsrs
ResponderExcluirContinua Anne
continua Anne so vou voltar a ler qnd terminar. bjs
ResponderExcluiro Mike tem todo direito de não perdoar a Sara, porém acho importante ele ouvi-la, todo mundo erra, ela errou e se arrependeu, ele devia dá a ela a chance de se explicar, até pra ele poder se livrar dessa magoa e ambos poderem segui em frente.
ResponderExcluirA Lucy foi certa em não arrumar confusão no local de trabalho, mas, ela precisa se impor pra Sara, marca território mesmo, afinal é isso que a Sara está fazendo aparecendo na casa e no trabalho, mostrando que ela ainda tem acesso livre ao Mike, a Lucy tem que mostra que essa área já tem nova dona, sem medo de parecer histérica, se não a Sara vai pensar que só um caso sem importância do Mike e não vai respeita-la.
Concordo com vc Elen Oliveira tanto o mike quanto a lucy tem que se impor bom amei o capitulo em fim o Eu Te Amo foi dito que lindo continua flor
ResponderExcluir(Geane)
Olá meninas... Cheguei com mais. \o
ResponderExcluirDeu pra ver que a Sara é insistente mesmo neh? Ainda bem que o Michael deu um chega pra lá nela. Mas vamos ver o que pode acontecer se ela continuar rodeando ele. Principalmente depois desses dois capítulos. :D (sobre os últimos capítulos postados) E sim, o Michael vai ficar com muito ciumes quando descobri do Brad, sobretudo da forma que ele descobrirá neh? Acabar entendendo tudo errado. Ou seja, foi como vocês presumiram. :*
Enfim amores. Obrigada pelos seus comentários. fico muito feliz e agradecida ao lê-los. Olhem meu sorriso esboçado :D rsrsrs
Por hoje é só. Beijos e até mais. :*
Ele entendeu tudo errado.. ficou cego de ciumes.. tomara q isso ñ faça eles se separarem.. continua Anne
ResponderExcluirOMG! Nao acredito que eles brigaram por isso. Ja estou imaginando os proximos capitulos aqui!
ResponderExcluirContinua logo, Anne!!
MSD 😨😨😨 e agora ? Michael poderia ter deixando ela se explicar ! E agora ? 😱 ... Espero que eles se acertem ! Pos amo ver eles juntos ! ... Continua 😍
ResponderExcluirMSD 😨😨😨 e agora ? Michael poderia ter deixando ela se explicar ! E agora ? 😱 ... Espero que eles se acertem ! Pos amo ver eles juntos ! ... Continua 😍
ResponderExcluirMinha sossa eles dois brigaram por quase nada bom pra nós que ñ estamos na pele dele mais da pra entender o lado do mike afinal quem iria gostar de ver que sua namorada dorme com uma foto do Ex né
ResponderExcluirMais entendo a Lucy tbm pois a pobre sofreu muito por ter perdido o Brad e bem que o Mike devia ter deixado ela se explicar que cabeça dura esse homem
Espero que a Sara ñ se aproveite dessa situação e vá se engraçar com o Mike
Continua flor a cada capitulo amo mais
Meninas? Cheguei com mais. \o
ResponderExcluirComo viram, o Michael ficou com ciúmes quando viu a foto do ex da Lucy. Mas quem não ficaria? Uma foto de outro(a) debaixo do travesseiro não é uma coisa "inteligente". Sem falar que a Lucy gaguejava mais do que tudo enquanto tentava falar a verdade. kkkkk's
Mas ao longo da história nós pudemos entender o porquê. Agora é esperar pra ver no que vai dá esse casal melequento que nem está tanto assim agora. kkkkkk's Ah... E lembrando que a fic está na sua reta final. :/ Pois é, pois é, pois é. rsrsrs
Enfim, quero agradecer as meninas que comentaram e expressaram suas opiniões. Olhem meu sorriso toda vez que leio os comentários de vocês. :D Lais, Manoela, Lorena e Geane. Muito obrigada suas lindas, por tudo.
Beijos e em breve volto com mais. :*
Aaaaahhhhh não acabar com a fic não :-( isso não ! Realmente Michael pisou na bola não deixando a Lucy se explicar .. Mais deixar a Sara entrar no escritório foi demais :-@ ... Bom ainda bem que agora ele sabe da verdade ... Vamos esperar pelo tempo de Lucy né ... E vamos que vamos .. Continua *...*
ResponderExcluirAaah! Que pena que ja esta na reta final da fic :'(
ResponderExcluirMas espero que esse casal melequento fique juntos *-*
E olha, essa Sara é uma vaca :)
Tomara q a meleca desse casal volte logo.. pelo menos agora ele sabe.. pena q já está acabando.. continua Anne..
ResponderExcluirContinuaaaaa gataaaaaaa....ai MDS eu quero esse casal de voltaaaaaaa...os dois são perfeitos...Michael poderia ter tentado escutar a Lucy, plmds quanto ciumes...gatinha linda do meu core, não demore pra postar OK ?
ResponderExcluirBeijos e abraços
~Bia Freitas~
Poxa que pena ta na reta final to muito triste pois amo esse casal
ResponderExcluirBom ainda bem que a Lucy contou a vdd pro mike e como temia a bruxa da Sara foi lá plantar a semente da discordia mais o bom que a Lucy acreditou no Mike quando ele se explicou agora só é esperar pelo tempo dela então Lucy espero que ñ dure muito tempo esse tempo que pedio pois com lindo desse ai sozinho ñ se pode vacilar kkkkklk continua flor amo muito
Hey estou esperando que venha mais ! :-(
ResponderExcluirMeninas... Me desculpe por está demorando, pois há um problema.
ResponderExcluirNão estou conseguindo atualizar a página, não sei o que está havendo.
Mas hj eu não fico em paz enquanto eu não postar esses capítulos, sim?
Pois bem. :*
How... Graças a Deus eu consegui. \o/
Bem, tive que mexer na fonte, mas tá valendo. kkk
Bom, vamos lá... Chegamos ao final dessa fanfic que pra mim foi uma delícia de escrever. O tema foi tão gostoso, um romance bem melequento misturado com música. ♫♪♫♪ ♥ rsrsrsrsrs ADOROOOO
Vimos nessa história que não podemos ter medo de arriscar em ser feliz, no caso da Lucy. Ela tinha medo de arriscar e acabar sofrendo mais uma vez. Mas como as coisas não acontecem como mágicas, temos sim que arriscar. E o Michael foi tão persistente em ajudá-la que acabou dando certo. Sem ele, ela não teria acabado desse jeito, ainda estaria presa nas lembranças do falecido namorado. Enfim, a mensagem que eu quis passar com essa história é que, a vida realmente não é fácil pra ninguém, mas temos que tratar de ficar mais forte para permanecermos de pé quando as ondas que certamente tentação nos atingir vierem. Porque temos que acreditar que cada um de nós somos forte, não importa no estado que você esteja, se seu coração está partido, se você está sofrendo... Você é mais forte do que imagina. Quando você se ver em uma situação semelhante, lembre-se de que você não nasceu pra sofrer, e sim para superar, porque isso não é uma escolha, mas sim uma necessidade.
Então quando a vida se tornar uma barra, coma. Coloque-a goela abaixo, vai que ela seja de chocolate. Entenderam? É essa a mensagem.
Então vamos lá aos agradecimentos. :D
Lorena Gabriela, Manoela Alves, Lais Maria, Bia Freitas e Geane. MUITO, MUITO, MUITO obrigada por terem ficado comigo até o final. Acreditem estou muito feliz. E muito obrigada àquelas que também não comentam, mas que fizeram o número de visualização crescer.
E mais uma vez, obrigada mesmo por terem ficado comigo até aqui. Eu amo todas vocês. <3 E todas nós amamos o Michael. rsrsrs <3
Bem, por agora eu só continuarei com Dividida que é uma das minhas parcerias, mas quando terminar com ela venho com mais, sim? Espero vocês lá então.
Beijos e até breve!
Parabéns gatinha...você tem talento, adorei a fic...realmente a felicidade vem depois da tristeza...pois significa que foi superada e vencida...espero próximas oportunidades de ler fics suas.
ResponderExcluir~Bia Freitas~
Ah Anne, nao preciso nem falar o quanto eu amei esse casal melequento ne ?! Bjus e ate a proxima fic *-*
ResponderExcluirEu ameii
ResponderExcluirTive oportunidade de ler so agora. Parabéns escritora ❤